Em algum lugar dentro de mim...
Autor Teresa Cristina Pascotto
Assunto EspiritualidadeAtualizado em 23/09/2025 11:41:47
"Tudo o que percebo dentro de mim são deficiências, impotências e incapacidades. Algumas vezes, acho que sou o máximo, superior a todos, porém, invariavelmente, porque sei que sou um total fracassado, uma farsa, caio novamente em meus desgostos e angústias. Passo a vida tentando me enganar, sempre encontrando um objeto de desejo (pode ser um objeto ou o foco excessivo em uma questão de vida: relacionamento, profissional, sexual, etc) para buscar incansavelmente, torno-me obsessivo em minha busca e nunca desisto, enquanto não alcançar o objeto de meu desejo, essa obsessão me persegue, durmo e acordo pensando em como alcançar meu tão desejado objeto. Mas como isso é impossível, porque no fundo sei que esse "objeto" é pura necessidade fantasiosa de meu ego, torno-me viciado em buscar, porque sei que nunca vou alcançar.
Sou viciado nesse jogo, pois enquanto busco e não alcanço, sofro e, como sei que esse sofrimento será "eterno", passei a gostar da dor que isso me traz e me tornei viciado na dor, tornei-me masoquista! Gosto da dor do medo de não alcançar, que me leva a buscar e, na busca, passo por inúmeras dificuldades, desespero-me, tropeço, mas sempre me ergo, partindo em minha obsessão pelo objeto de meu desejo. Todo esse círculo vicioso, nas várias etapas em que ele acontece, traz-me grande dor e extremo prazer! Acabei gostando muito desse jogo sem fim: da tortura de ter dúvidas sobre o que quero; de descobrir o que quero e querer; de partir em busca do meu querer; de morrer de medo de não alcançar o que quero; de chegar perto do meu querer e de alcançar, mas não querer e desistir; de alcançar e perder; de alcançar o meu objeto de desejo, mas, por autossabotagem, "oferecer", inconscientemente, meu objeto para algum "ladrão/vampiro" que estiver por perto; pois eu nunca posso ter e nem sustentar o que conquisto, pois se isso ocorrer, o jogo acabará, o círculo vicioso se romperá e não vou sobreviver à falta de minha "droga predileta": o sofrimento.
Tudo o que conquisto dura pouco em minhas mãos, pois só posso sentir o prazer de estar em posse de meu objeto de desejo por pouco tempo, pois esse é um prazer mínimo, se comparado ao prazer intenso da dor que sinto quando perco o que conquistei. Sem falar da adorável dor de ver alguém que, "roubou o que conquistei", usufruindo daquilo que era meu, que conquistei com tanto esforço! Ah... nada se compara a essa dor! Quando sou "roubado" (eu deixei!), perdendo o que conquistei (energias, objetos, potencialidades) e vejo a pessoa que me roubou, feliz da vida exibindo "o meu poder e objeto de desejo", essa dor me leva às raias do ódio e da loucura. Nesse momento, entro em desespero e faço de tudo para tirar do outro aquilo que me roubou (eu atraí isso), sinto a força da vingança crescer em mim, e posso ir combatê-lo literalmente, ou posso criar uma guerra energética, usando todos os meus poderes psíquicos, na tentativa de exterminar meu inimigo.
Mas nunca consigo reaver meu precioso objeto de desejo, porque dentro de mim existe um NÃO extremamente forte, que me impede de ter o que tanto busquei e sofri para alcançar. Esse NÃO significa que tudo o que eu mais desejar, será sempre o que eu nunca poderei ter. Um dia, não sei bem quando, essa informação/mandato foi "colocado" em mim e só sei que não posso ter o que mais desejo. Assim, tenho várias coisas, mas não as aprecio, pois elas eu posso ter. Quero sempre aquilo que (acredito) não posso ter, esses sempre são meus maiores desejos. Sou um eterno frustrado e insatisfeito, tudo o que tenho não tem valor para mim e tudo o que é mais valoroso para mim, é sempre o que eu nunca poderei ter, porque aquele NÃO, que está arraigado em mim, determina essa condição.
Como não aprecio o que possuo e não tenho o que aprecio, a vida fica sem sentido. Para que eu sinta um falso sentido em minha vida, passo a idealizar objetivos valorosos, que fazem com que eu os deseje muito e, mesmo sabendo que não poderei obtê-los, minha vida ganha certo sentido quando decido ir em busca deles. A dor é extrema, mas não consigo mais viver sem dor. Por tanta dor que senti na vida, para não sofrer tanto, aprendi a gostar da dor, pois aprendi a extrair a energia da dor e transformá-la em apenas "energia" que me supre. Virei masoquista.
Percebo que estou nesse círculo vicioso, mas apesar de ficar muito triste por saber que estou "perdido" dentro desse mecanismo autodestrutivo e do qual não vejo saída, ainda assim, percebo que não quero sair desse jogo. O que farei se conquistar meus objetos de desejo e se eles também não me trouxerem satisfação e saciedade? Sou eternamente insatisfeito, nunca sinto real prazer em nada, então, se eu sair desse jogo, não vou querer mais nada da vida. Se eu me curar, o que sobrará de mim e como farei para sobreviver ao vazio que isso me trará?".
O início da cura para isto, está em reconhecer esse padrão. Em seguida, a pessoa deverá passar um tempo se percebendo dentro do padrão; antes mesmo de conseguir a "cura", é preciso que se tome total consciência de todo o processo que ocorre de forma inconsciente, de todo o mecanismo, é preciso que a pessoa se perceba em cada ponto do seu círculo vicioso, em cada momento, desde o momento em que tem um determinado desejo e a cada passo dentro desse circuito que sempre acontece da mesma forma. Mas não deve apenas ter consciência do mecanismo, mas, também, e principalmente, SENTIR-SE dentro de cada movimento e cada momento, é perceber com os sentidos, tudo o que está acontecendo dentro de si, a cada passo, sentir as aflições pelo medo de não conseguir, perceber-se prestes a alcançar e "não pegar", perceber-se em cada pequeno detalhe. Somente com esta consciência, neste nível, é que a pessoa poderá começar a se curar. É algo difícil de tratar, é um processo e não uma mágica.
O esforço consciente será imprescindível, pois a força que este vício tem sobre a pessoa, facilmente a fará desistir do processo, se o prazer negativo é sempre o caminho que a pessoa escolhe, a cada dificuldade em seu processo de cura, ela poderá, se não estiver firme e atenta, fazer da dificuldade e das incertezas da cura, mais um ponto de sofrimento e dor, e prazer. Após a conscientização e a escolha responsável pela cura verdadeira, a pessoa, a cada momento que se perceber em algum ponto de seu círculo vicioso, deverá parar, respirar e sentir o que está acontecendo dentro de si. Perceberá suas aflições por estar parada (de forma saudável, tentando interromper o padrão negativo) ao invés de estar em movimento frenético em busca do que deseja. Ela deverá se acolher e se apoiar, como se estivesse fazendo isso com um amigo que está "se abstendo das drogas", pois é disso que se trata. Esse padrão negativo, traz a energia de sofrimento que dá prazer (negativo) como uma droga. Parar o padrão, é se abster do vício, se abster da energia que a tal droga traz e da qual a pessoa se alimenta. E da qual é viciada.
No processo de autoconsciência e auto-acolhimento, "parando para se observar", conversando consigo mesma, incentivando-se a ficar parada, sem avançar em seu círculo vicioso, é uma forma de desenvolver poder pessoal e ter controle saudável sobre o ego viciado. Isso já trará alguns resultados, mas os caminhos para a cura vão muito além disso, mas estes são os passos fundamentais para o início da cura. Normalmente, dependendo do nível de "dependência do vicio" que a pessoa se encontrar, será necessário que busque ajuda terapêutica, pois sozinha será muito difícil abandonar o vício. Na verdade, nesse processo de identificar seu padrão de comportamento negativo e viciante, e de buscar se curar disso, é fundamental buscar alguma ajuda.
Mas essa ajuda não salvará a pessoa, mas será fundamental para ajudar a pessoa a se salvar..
Texto revisado
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Autor Teresa Cristina Pascotto Atuo a partir de meus dons naturais,sou sensitiva e possuo a capacidade de percepção extrassensorial. Desenvolvi a Terapia Espiritualista Multidimensional, que objetiva conduzir a pessoa a um processo de autoconhecimento transformador. Atuo em níveis profundos do inconsciente e nas realidades paralelas multidimensionais e Estelares. E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Espiritualidade clicando aqui. |
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