Encontros com o Inefável - quando o silêncio decide falar

Autor Dalton Campos Roque

Assunto Espiritualidade
Atualizado em 10/22/2025 5:29:17 PM

Há livros que gritam, há livros que sussurram, e há os que respiram. Encontros com o Inefável pertence a esta última categoria: uma obra que não se apressa em revelar, apenas convida a ouvir. Cada poema é um espelho d'água onde o leitor se reconhece - não como quem busca respostas, mas como quem aprende a perguntar com o coração.

A escrita nasce de um ponto onde razão e mistério se reconciliam. Dalton Campos Roque compõe versos que parecem ter sido colhidos no instante exato em que a consciência se lembra de si. Sua poesia não discursa, testemunha. É feita de brisas, lapsos e retornos.

"No centro do silêncio, algo pulsa.
Não é som, nem luz - é respiração."

Essa respiração é o eixo invisível que conduz o livro: o fluxo entre o humano e o divino. Cada poema é uma onda desse mesmo mar - às vezes calma, às vezes em ressaca -, mas sempre em direção à unidade. O Inefável, aqui, não é entidade nem dogma; é o estado de ser quando o verbo cessa e a presença começa.

Dividida em três partes - Ascensão, Cume e Descida -, a obra refaz o mapa simbólico da jornada interior. Na Ascensão, a alma recorda o que esqueceu. No Cume, dissolve-se no que é. Na Descida, volta ao mundo para servir - não como quem retorna de um retiro, mas como quem já aprendeu a permanecer desperto em meio à vida comum.

"O divino não mais brilhava - respirava."

O livro inteiro é atravessado por essa compreensão: a iluminação não é fuga do mundo, é reencontro com ele. O sagrado não mora nas alturas; caminha descalço pelas ruas, segura copos lascados, tropeça, ri.

A linguagem de Encontros com o Inefável é cristalina, mas densa. Há nela um apuro que lembra as tradições do haicai e da mística sufi, ao mesmo tempo em que preserva o sotaque do português brasileiro contemporâneo. Cada palavra parece escolhida pelo que não diz. Cada pausa tem peso de revelação.

"Quem sobe a montanha busca Deus.
Quem desce, o encontra em tudo."

O autor, engenheiro por formação e estudioso das densidades da consciência, prova que a espiritualidade pode ser escrita com rigor e beleza. Sua poesia habita o ponto exato onde ciência e silêncio se entreolham.

Mais do que um livro, Encontros com o Inefável é uma experiência de descompressão da alma. É preciso lê-lo devagar - um poema por dia, talvez um por semana -, deixando que as palavras se infiltrem no cotidiano como pequenas doses de lucidez.

Ao fim da leitura, o leitor não "entende" o mistério; apenas o reconhece. E talvez seja essa a função mais alta da poesia: recordar que, sob todas as formas, há um mesmo sopro respirando o universo.

Disponível pelo Clube de Autores, o livro é convite e travessia. Não promete luzes instantâneas, mas oferece algo mais duradouro: a serenidade de perceber que o Inefável nunca esteve longe - apenas esperava silêncio suficiente para se revelar.

"Nada a provar. Nada a buscar.
Só o simples milagre de existir conscientemente."

Autor Dalton Campos Roque
Médium, projetor astral consciente, sensitivo, escritor e editor consciencial, autor de dezenas de obras espiritualistas. Eng. Civil e Professor de Informática (aposentado), pós-graduado em Estudos da Consciência com ênfase em Parapsicologia, e em Educação em Valores Humanos (linha de Sathya Sai baba). @Consciencial YT: @DaltonRoque
E-mail: [email protected] | Mais artigos.

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