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Escravidão e Liberdade

Atualizado dia 9/5/2012 2:52:39 PM em Espiritualidade
por Renato Mayol


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Ao adentrar a matéria, a centelha totipotente tornou-se presa do corpo físico e perdeu a sua universalidade tornando-se vítima das ilusões que a mantêm aprisionada. No embate entre o espírito e a matéria, aprender a morrer em vida é o difícil caminho da redenção, que deve ser percorrido pela pratica do desapego - primeiro passo em direção à liberdade.

Desapegar-se das coisas materiais é não ser capaz sequer de imaginar algo que possa ser objeto do desejo. É não estar interessado no resultado do que foi plantado. É estar isento de toda necessidade. O desapego é uma virtude daquelas raras pessoas que nasceram para trazer ao mundo a Luz maior para iluminar e mostrar a via de saída aos buscadores. Para aqueles ainda com muitas fomes, vítimas do consumismo e das grifes, só lhes resta tentar se fartar até algum dia despertarem para o encontro consigo mesmos. Ou até quando, auxiliados pelas mudanças que ocorrem com o avançar dos anos, começarem a perceber que a matéria, como tudo que tem um começo, inexoravelmente terá um fim, e nada restará do que foi motivo de atração, desejo ou prazer. Mais difícil do que o desapego de coisas é desapegar-se daqueles que nos escravizam através da chantagem emocional. São os grilhões representados pelos fardos das trocas de favores e das obrigações sociais e familiares que embotam o pensar e atravancam a ação.

Dessa forma, até chegar ao grilhão final que aprisiona o homem, muitas são as lutas pela liberdade na busca da via de saída. É a luta dos oprimidos contra os opressores. Dos pobres contra os egoístas. Dos humilhados. Dos viciados. É a luta contra a angústia e a dor. É a luta para libertar-se dos desejos. Desejos que oscilam entre a incessante busca da libertação e a tolerância à própria hipnótica escravidão. É a luta para libertar-se dos medos. Medos que sustentam o império da tirania, do despotismo e da crueldade onde poder, ambição, dinheiro e glória se tornam fins em si mesmos. Medos que são muito eficazes na construção de uma moralidade hipócrita. Moralidade em que o corrupto e o desonesto se justificam e se enaltecem sob a pele de cordeiros.

É a escravidão social. Escravidão que nos envolve através de referenciais, tornando maiores e mais fortes os grilhões que nos prendem, pois neste mundo, as aparentes realidades são tão variadas quanto os referenciais em que alguém é capaz de se situar, adaptar e conformar. Referenciais que servem somente para atribuir importância a coisas que nenhuma importância, nenhum sentido e nenhum valor têm, a não ser o de impedir o despertar da percepção do que se encontra atrás dos véus.

Enquanto o homem puder se localizar através de algumas coordenadas espaciais e temporais, ele se sente seguro e feliz até dentro da sua miséria. Na falta de referenciais, o que parecia ser real pode se desfazer em um instante deixando o homem perdido e com medo. Medo que precisa ser superado por quem quiser encontrar uma liberdade isenta de parâmetros.

Quando, pela constante prática do desapego, estivermos livres da escravidão das preocupações e dos medos da deturpada vida em sociedade é que perceberemos que nosso carcereiro maior é aquele que tem a nossa própria face, o nosso próprio corpo e a nossa própria mente. Nessa hora, o homem vai perceber que a saída da prisão em que se encontra acontecerá quando da mudança intrínseca do seu ser. É somente pela própria transubstanciação que o homem pode se tornar capaz de apreender a existência do ilimitado e do atemporal, deixando então livre o espírito para seguir sua viagem ao encontro do Indescritível.

Enquanto isso não ocorrer, no intervalo entre a saída de uma cela para entrada em outra, é que é dado ao espírito perceber o que o manteve cativo. Nesse momento, vai então programar novamente a sua próxima estada na prisão corporal de onde tentará mais uma vez e sempre, buscar a via de saída em direção à eterna Liberdade.



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