Espírito é Espírito. Mente é mente

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Autor Paulo Tavarez

Assunto Espiritualidade
Atualizado em 5/13/2025 12:13:04 PM


Para muitos de nós, ocidentais, mente e Espírito são tidos como sinônimos. A mente costuma ser vista como uma faculdade do Espírito, uma espécie de extensão da alma, um desdobramento do Atman (o Eu superior). No entanto, essa equivalência é, na verdade, uma das maiores confusões ontológicas da cultura moderna. Afinal, o que é a mente? O que é o Espírito? E como podemos distingui-los com clareza?

O Espírito não pode - e não deve - ser confundido com algo tão instável quanto a mente. Se aceitarmos que a essência espiritual é imperfeita, estaremos negando tanto a lógica da criação quanto as principais tradições espirituais do mundo. Segundo os preceitos cristãos, somos "filhos de Deus", ou seja, portadores da centelha divina. Sendo assim, uma parte do Divino habita em nós. Como, então, a Perfeição Absoluta criaria algo essencialmente imperfeito? Nas tradições orientais, como o Vedanta, a perspectiva é semelhante: somos emanações de Deus (Brahman), e portanto, portamos sua natureza. Não podemos ser essencialmente imperfeitos. Nossa imperfeição não está no Ser (Espírito), mas na existência manifesta - e esta se processa principalmente na mente.

A mente é um instrumento poderoso, mas limitado. Ela só existe enquanto o Espírito a anima. Já o Espírito existe por si mesmo. Ele é Consciência Pura - eterno, imutável, incontaminável e perfeito. A mente, ao contrário, é moldável, frágil, condicionada, sujeita a mudanças constantes. Cria personagens, forma identidades, fabrica ilusões. Consegue reduzir a grandeza da nossa essência divina à condição de indivíduos instáveis, limitados, e muitas vezes, atormentados.

Jesus nos oferece uma chave simbólica no Sermão da Montanha (Mt 6:21):
"Pois onde estiver o teu tesouro, aí também estará o teu coração."
Essa frase aponta para a coexistência de duas instâncias distintas: o tesouro (a mente, com seus desejos e apegos) e o coração (o Espírito, essência observadora e silenciosa).

A mente cria os "tesouros" - objetivos, ideias fixas, desejos, medos - que aprisionam o coração. E quanto mais presos estamos a esses tesouros, menos conscientes estamos da nossa verdadeira natureza. O Espírito, simbolizado pelo coração, é o que observa. É a consciência que acompanha, como testemunha, os movimentos do ego. Ele não se contamina, apenas aguarda o nosso despertar. É esse "Pai" interno que Jesus mencionava ao dizer:
"Eu e o Pai somos um."

Somos presunçosos ao acreditar que temos total controle sobre nossas escolhas. Muitas das experiências difíceis da vida são oportunidades planejadas pelo Espírito para nos fazer crescer. Ele nos guia por meio da intuição pura, nos envia insights, nos chama de volta para casa.

"O Espírito está pronto, mas a carne é fraca" - mais uma frase que evidencia a dualidade. O Espírito é sempre pleno; é a mente (a "carne") que ainda precisa amadurecer.

Todas as criações mentais - sejam nobres ou densas - nos prendem a ambientes astrais condicionados. Energias emocionais acumuladas seguem conosco após a morte física, sintonizando-nos com dimensões equivalentes no além. O sofrimento que experimentamos após a morte não pertence ao Espírito, mas à mente. A dor, os conflitos, as obsessões - tudo isso é psíquico, não espiritual. O Espírito permanece em paz, aguardando que o ego se liberte dos enredos ilusórios em que se enredou.

Nos chamados "trabalhos espirituais", o foco do tratamento nunca é o Espírito, pois ele não adoece. Quem precisa de cura é a mente. São os pensamentos repetitivos, emoções não resolvidas, culpas e traumas que adoecem o psiquismo. Muitas vezes, aquilo que chamamos de "obsessores" são formas-pensamento cristalizadas - conteúdos mentais adoecidos que ganham força, forma e densidade. Contaminações psíquicas que se ligam, por sintonia, ao nosso campo energético. Não podemos mais continuar chamando de "espíritos" o que é, na verdade, mente em desequilíbrio.

As religiões, embora muitas vezes tratem esses assuntos por meio de mitos e arquétipos, cumprem um papel fundamental no equilíbrio da civilização. Suas doutrinas de renúncia, fé, entrega, compaixão e amor são instrumentos preciosos para purificar a mente e alinhá-la ao Espírito. Mesmo com entendimentos diferentes sobre a natureza do Ser, todas contribuem, de algum modo, para elevar a consciência - mesmo que falem em "alma", "espírito", "coração" ou "eu superior".

Não pretendo mudar crenças - isso ocorre no tempo certo, por maturidade interna. Meu propósito aqui é apenas propor uma reflexão:
Espírito é Espírito. Mente é mente.
Mesmo que muitos ainda se vejam como imperfeitos, pecadores ou fracos, é importante saber que essas percepções não vêm da nossa essência - vêm da mente. E, à medida que compreendermos essa diferença, será possível começar o verdadeiro caminho de volta para Casa.


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