Faça os seus rituais sem medo
Atualizado dia 11/20/2010 6:54:50 AM em Espiritualidadepor Bernardino Nilton Nascimento
Umas das regras a observar são: etiqueta, costume, protocolo e outros. Frente a tal diversidade, evidenciamos, logo, que o ritual não está apenas ligado às seitas, religiões ou formas de expressões religiosas. Nesse sentido, os espaços dos rituais não são apenas os ligados à religião ou ao misticismo. A vida em sociedade só tem sentido a partir do entendimento dos rituais que nos circundam.
Um ritual pode ser executado em intervalos regulares ou em situações específicas. Pode ser praticado por um único indivíduo, um grupo, ou por uma comunidade inteira. Pode ocorrer em locais abertos, fechados, específicos, diante de pessoas ou individualmente. O espaço do ritual é passível de múltiplas interpretações e são criados de maneiras particulares às crenças e até mesmo individual, sendo reinventados constantemente.
Os propósitos dos rituais são variados. Eles podem incluir a concordância com obrigações religiosas ou ideais, satisfação de necessidades espirituais ou emocionais, fortalecimento de laços sociais, demonstração de respeito ou submissão, estabelecendo conceitos, aquisição de aceitação social ou aprovação para certo evento , ou, às vezes, apenas pelo o prazer do ritual em si.
A religião, tanto no que se refere aos seus ensinamentos, como através dos seus rituais, fala uma língua diferente da que usamos na vida diária, isto é, uma linguagem simbólica. A essência da linguagem mística é representada pelas experiências íntimas de pensamentos e sentimentos.
A linguagem mística é o único meio de expressão universal que a raça humana conhece. É a linguagem usada nos mitos há mais de cinco mil anos e nos nossos sonhos aparece sempre atualizada. Na nossa cultura, embora a usemos ainda mais nos sonhos, a linguagem misteriosa é raramente compreendida. A confusão aparece principalmente em tomar os conteúdos simbólicos da linguagem por fatos reais, materialistas, em vez de considerá-los como recursos expressivos das experiências espirituais.
A pessoa necessita do ritual de limpeza para reduzir o seu sentimento de culpa. Mas, quando se torna consciente da existência do impulso destrutivo, ele é capaz de controlá-lo diretamente e, pela compreensão das fontes da sua destruição, pode mesmo reluzi-la a um grau mínimo tolerável.
Necessitamos não apenas de pontos de referência que deem sentido à nossa existência para que possamos partilhar com os nossos semelhantes, mas precisamos também manifestar a nossa devoção aos valores dominantes por meio de ações que partilhamos com outros. Um ritual, falando no sentido generalizado, é uma ação expressiva de anseios comuns, ligados a valores comuns e realizados coletivamente.
O religioso praticante toma parte nos vários rituais da sua igreja e, decisivamente, este fato constitui uma das razões mais significativas da sua ida a igreja. Por existir poucas oportunidades para o ser humano participar, em conjunto, de ações de devoção, qualquer forma de ritual goza de tremenda atração. Algumas pessoas participam desses rituais, mesmo que alienada dos sentimentos e anseios mais significativos da nossa vida diária.
Alguns líderes religiosos oferecem novas formas de cerimônias, que prendem as pessoas a um novo ritual, a uma nova forma de manifestação da fé. O ser humano, das culturas liberais, não tem muitas oportunidades de participar de rituais significativos. Não é de surpreender, portanto, que a necessidade de práticas ritualísticas haja tomado as mais diversas formas.
Rituais elaborados com demonstrações patrióticas, de fidelidade e rituais que revelam a polidez e muitos outros, são expressões dessa necessidade de ações em comum. Entretanto, esses rituais estão perdendo o conteúdo emocional que lhes eram essenciais, separando-se daqueles ideais oficialmente reconhecidos pela religião ou pela ética.
O encanto das fraternidades, dos agrupamentos sociais, do mesmo modo que a preocupação com a polidez expressa nos livros de etiqueta, prova não apenas que os rituais são uma necessidade, como também nos levam a disciplinas e a um certo grau de respeito ao que consideramos superior.
Todos nós temos os nossos próprios rituais, sejam religiosos, alimentares, para dormir, para meditar, ou seja, todos nós encontramos sempre a melhor maneira de conviver com os nossos hábitos e manias, pois isso também é uma das razões da existência dos rituais.
Não podemos deixar de falar que além do fator respeito e do fator hierarquia, que nos impulsionam à prática de certos rituais, existe também o fator medo. Alguns rituais são praticados pelo medo das consequências que a nossa negligência possa causar. De outra forma, algumas religiões e seitas cultivam o medo nos seus seguidores como uma forma de prendê-los às suas doutrinas e dogmas. Também é importante não confundir rituais com superstições, pois nestes, existem sinais do medo. Então, esforce-se para ficar livre deles, pois são criações de seus pensamentos inseguros, que futuramente podem te levar a uma dependência cruel.
Porém, você pode praticar todos os tipos de rituais sem medo, basta fazê-los como uma forma de expressão natural, prazerosa, livre, usando o poder do respeito e da liberdade que todos nós possuímos.
Enfim, os rituais têm seus valores, mas não substituem e nem superam a sua liberdade, o amor e a fé em Deus.
BNN
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