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Houve um tempo...

Atualizado dia 3/31/2009 10:38:37 PM em Espiritualidade
por Flávio Bastos


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"Não desças os degraus do sonho para não despertar os monstros. Não subas aos sótãos, onde os deuses, por trás das suas máscaras, ocultam o próprio enigma. Não desças, não subas, fica. O mistério está é na tua vida! E é um sonho louco este nosso mundo..."
(Degraus, Mário Quintana)

Houve um tempo, quando não havia computadores, jogos eletrônicos ou shopping centers, em que as crianças moradoras dos grandes centros urbanos mantinham contato mais próximo com a natureza.

Os terrenos baldios, a grande maioria sem cercas ou muros, serviam de área de lazer ou de esporte, onde geralmente, demarcava-se as linhas do campinho de futebol da rua... e cada rua tinha o seu "estádio" de futebol.

As casas abandonadas, ou "taperas" como se diz aqui no sul, serviam para duas coisas: atiçar a imaginação da criançada em relação ao sobrenatural ou servir como sede do clube de "escoteiros", ou algo parecido.

Os terrenos particulares, com mata nativa ainda preservada, serviam como opção de esconderijo nas brincadeiras de esconde-esconde, ou de bancar o cientista na captura de aranhas, cobras ou escorpiões. Essas áreas verdes serviam também de atalho para o caminhante ou de construção de "casinhas de tarzã"  em cima de altos eucaliptos ou de copadas timbaúvas.

Os córregos de águas cristalinas que desciam dos morros, serviam de caminho para pequenos exploradores que subiam o seu leito ávidos de aventura e de conhecimento.

Os quarteirões nos arredores da rua, serviam como área de fuga nas noites em que a brincadeira escolhida era o "polícia-ladrão", quando uns corriam atrás dos outros até a exaustão...

O céu estrelado das noites de primavera e de verão, serviam de aulas de filosofia, astronomia e de divagações transcendentais.

Os pomares particulares serviam como desafio no sentido de correr-se o risco na busca do objeto do desejo: o suculento fruto das árvores frutíferas que atiçavam a gula da criançada.

O seu Manoel... bem, o seu Manoel era o português camarada do armazém da rua. Referência nas horas em que a turma resolvia beber uma Grapette e mascar um chiclé balão Pping Pong adquiridos a fiado ou registrado na caderneta da família.

Os torneios de botão de mesa realizados à sombra de frondosos cinamomos de calçada, reuniam a piazada dos arredores, onde as acirradas disputas, controladas por juízes neutros e escolhidos por sorteio, levavam até três dias para acabar, quando os três primeiros colocados exibiam orgulhosamente as suas medalhas de campeões.

O rio era o rio... aquela imensidão de água doce onde aprendia-se a nadar, a pescar, a flertear e a comungar com a natureza que expressava-se pela energia da água, do sol e do ar como se fosse um quadro de Van Gogh.

Depois, quando os hormônios da adolescência começaram a atiçar a libido, surgiram as reuniões dançantes, momento em que os "Clubes da Luluzinha e do Bolinha" encontravam-se no sentido da aproximação em um outro nível de relacionamento.

A rua? O bairro? Bem... a rua, na verdade, era o nosso lar em tempo de férias escolares, e as casas dos amigos, a extensão de nossas famílias, onde muitas vezes dormíamos, almoçávamos e compartilhávamos assuntos que envolviam o dia-a-dia de nossa infância.

Houve um tempo... em que a felicidade acontecia ao natural, porque bastava ser criança e ter disposição para sociabilizar, viver e aprender com as experiências que envolviam o coletivo de pessoas que não se restringia a uma única família, mas que alcançava a partir de nosso lar... a rua, o vizinho, o quarteirão, o outro quarteirão, o morro mais próximo... e retornava ao aconchego da rua, local do ninho de "pequenos pássaros" que alçavam vôo em busca de aventura, novas amizades e aprendizados... até que um dia os pássaros cresceram,  saíram para a vida e não mais retornaram.

"O passado não conhece o seu lugar: está sempre presente". (Mário Quintana)

Psicanalista Clínico e Interdimensional.
flaviobastos


Texto revisado por: Cris

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Conteúdo desenvolvido por: Flávio Bastos   
Flavio Bastos é criador intuitivo da Psicoterapia Interdimensional (PI) e psicanalista clínico. Outros cursos: Terapia Regressiva Evolutiva (TRE), Psicoterapia Reencarnacionista e Terapia de Regressão, Capacitação em Dependência Química, Hipnose e Auto-hipnose, e Dimensão Espiritual na Psicologia e Psicoterapia.
E-mail: [email protected] | Mais artigos.

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