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IDÉIAS FUNDAMENTAIS DE SANTO AGOSTINHO

Atualizado dia 3/23/2011 3:33:19 PM em Espiritualidade
por Nivio Ramos Sales


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AS DUAS CIDADES

Dois amores construíram duas cidades: o amor-próprio, levado até o desprezo de Deus, edificou a cidade terrena; o amor de Deus, levado até o desprezo de si, fez a cidade celeste. Uma de gloria em si, a outra no Senhor. Uma mendiga a glória junto aos homens; Deus testemunha da consciência, é a maior glória da outra. Uma, apoiada na própria glória, levanta a cabeça, a outra, porém, diz a Deus: Tu és a minha glória e ergues minha cabeça. A paixão do poder arrebata os príncipes e nações submetidas à primeira; na outra, todos se fazem servidores do próximo, na caridade; os chefes se desvelam pelo bem dos subordinados, e esses lhe obedecem. A primeira cidade, na pessoa de seu chefe, admira a própria força. A outra diz a seu Deus: Amar-te-ei, Senhor, pois tu és minha força. Também na primeira, os sábios levam uma vida puramente humana. Procuram os bens do corpo ou do espírito, ou ambos ao mesmo tempo; dentre eles, os que logram conhecer a Deus, não o glorificam como Deus e não lhe dão graças, mas se tornam vãos em seus pensamentos, e seu pensamento sem inteligência envolve-se em trevas; vangloriando-se de serem sábios, isto é, dominados pelo próprio orgulho, e gabando-se de sua sabedoria, tornam-se loucos.
Trocam a majestade do Deus incorruptível por imagens que representam o homem sujeito à corrupção, quadrúpedes e répteis. Foi à adoração de tais imagens que chegaram, tanto os condutores como os conduzidos e adoraram e serviram à criatura de preferência ao Criador, bendito em todos os séculos. Na outra cidade, porém, toda a sabedoria do homem consiste na piedade, única que presta ao verdadeiro Deus um culto legítimo e que espera como recompensa a sociedade dos santos, a dos homens e também a dos anjos, a fim de que Deus seja tudo em todos. (Sobre a Verdadeira Religião, 6.)

O AMOR AOS POBRES

Por causa de nós, Jesus quis ser pobre. Todos os pobres que por aí vês, Cristo poderia alimentá-los... Preste benefício, cada qual na medida de suas posses, mas não de modo a sofrer penúria ele mesmo; não é esta a nossa doutrina; mas o que é supérfluo em ti, é necessário aos outros. E temos abundância, quando nos contentamos com o necessário. Se procurarmos o supérfluo, nada é suficiente. Melhor necessitar pouco do que possuir muito...
Não te proibo de gozar a tua abundância, mas não negues aos pobres o que lhes é necessário. Serve-te do precioso, mas não deixes de dar aos pobres o menos valioso. Fiquem os ricos com o que lhes é suficiente, mas dêem de esmola pelo menos uma parcela. Bem sei que deve ser razoável a tua previdência: granjeia, pois, tesouros para o céu, e adquire também o que tu e teus filhos têm direito para a vida. Presta benefícios, sem prejuízo teu e de outrem, à luz da prudência humana. Se por motivo justo, tiveres de negar um pedido a alguém, procura fazer-lhe compreender o motivo, para que não se retire sem nada... É do coração que deve vir a esmola.

Se estenderes a mão, mas fechares o coração, nada fizeste. Mas, se abrires o coração, ainda que nada tenhas a estender a outrem, Deus aceita a tua esmola. Não é da bolsa que se tira o amor. Quando fizeres o bem, Deus não olha a quem o fazes, mas com que intenção o fazes. Quem dá aos pobres, pratica dupla caridade. Associa-se à bondade do doador, a humildade do servidor. Não sei por que, irmãos meus, mas parece que só, então se torna consciente a solidariedade da humanidade, quando a mão do doador se coloca não do indigente...
O verme da riqueza é o orgulho. Elimina-se o orgulho, e a riqueza não faz mal. O que Jesus censurava no rico não era a riqueza, e o que ele louvava no pobre não era a pobreza: o que ele condenava naquele era o coração descaridoso, e o que louvava neste era a mente piedosa. Dinheiro, honras, poder temporal, posição, são bens comuns aos bons e aos maus. São bens, mas exigem também homens de bem, para o bem. Grande é o rico que não se considera grande por ser rico. Espírito superior é o homem que, no meio da riqueza, não é contaminado pela moléstia do orgulho ... Deus não olha para a fortuna que alguém possui, mas para a cobiça. Também julgará o mendigo segundo a cobiça com que foi procurar bens temporais, e não segundo a fortuna que não conseguiu comquistar ...
Quem não tiver riquezas terrenas, não procure adquiri-las com meios ilícitos; quem as possui, guarde-as para o céu, por meio de boas obras. Uma alma cristã não se ensoberbece quando afluem riqueza, nem se desespera, quando elas faltam. Antes, ela se lembra da palavra do Senhor: " onde está o teu tesouro, aí está também o teu coração" ... Vós que sois pobres, ouvi minha pergunta : O que é que não tendes, quando tendes a Deus? E vós, que sois ricos, ouvi minha pergunta: O que é que tendes, quando não tendes a Deus? ( Sermões, 259, 85, 311 ) 

A COMUNHÃO DO AMOR

Uma vez por todas, fique atento a este princípio brevíssimo: Ama, e faze o que quiseres! Se calares, cala por amor. Se falares, fala por amor. Se poupares, poupa por amor. Esteja em teu coração a raiz do amor; dessa raiz só pode brotar coisa boa...

O amor dentro de nós não sofre solução de continuidade, ao passo que os deveres externos da caridade têm o seu tempo e sua oportunidade. Deve a caridade assemelhar-se ao fogo, apoderando-se primeiro do que fica mais próximo, para depois estender-se ao mais distante. (...) Dar com amor, nunca quer dizer perder. Dar é lucro. Não se perde o que se dá, mas possui-se ainda mais intensamente. E assim como não se pode dar amor quando não se tem, só se tem amor quando se dá. Cresce todas as vezes que se dá, e tanto mais amor se adquire, quando mais homens se tornam felizes por ele. Assim é o amor: só ele conhece o segredo de enriquecer cada vez mais a si mesmo dando aos outros. ( Sermões, 271, 47, 170 )

(EXTRAIDO DO LIVRO " SANTO AGOSTINHO ", Biblioteca de História, Ed. Três, 1973, RJ)
Texto revisado

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