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Nossos Filhos e o Leito de Procusto

Atualizado dia 4/6/2010 4:35:45 PM em Espiritualidade
por Claudia Gelernter


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 "Se você realmente ama aqueles que lhe compartilham a estrada, ajude-os a ser livres para encontrarem a si mesmos, tal qual
deseja você a independência própria para ser você, em qualquer lugar".

André Luiz

Procusto era um ser da mitologia grega, que tinha, como fonte de prazer, o crime. Mantinha em sua cabana, à beira da estrada, duas camas de ferro. Uma era grande, comprida e a outra, curta, pequena. Procusto convidada os viajantes para que descansassem em sua cabana, sempre que os encontrava na estrada. Quando o convidado se deitava em uma delas, aproximava-se, silencioso, com seus instrumentos de tortura à mão: caso o infortunado fosse menor que a cama, esticava-o, até que tomasse todo o espaço dela. Se fosse maior que a dita cuja, cortava as partes que estavam sobrando, até que o sujeito atingisse o tamanho desejado.

O criminoso foi exterminado pelo herói Teseu que colocou Procusto deitado em uma das camas, de lado, cortando, assim, sua cabeça e suas pernas, usando com o torturador os mesmos métodos por ele empregados.

Outro dia contei esta história em um outro artigo para ilustrar os divulgadores espíritas que cometem lobotomia doutrinária, ora cortando partes dos ensinamentos trazidos pelos Espíritos Superiores, ora aumentando dados inexistentes ao seu bel prazer.

Mas este conto antigo pode e deve ser comparado a muitos pais que usam de seu poder e autoridade sobre os filhos, buscando constituí-los conforme seus gostos e vontades.

Pais que cortam sonhos, que amputam vontades, guilhotinam tendências de seus filhos, para, em seguida esticarem suas personalidades com seus próprios anseios, inchando-os com suas frustrações, encharcando-os com culpas e medos.

Suas ferramentas não são facões tradicionais ou cordas ligadas a roldanas, como as do criminoso mitológico, mas facões psicológicos, manuseados com suas falas muitas vezes melosas e sedutoras. Usam cordas simbólicas, amarrando suas atitudes e esticando suas vontades, ultrapassando a barreira do suportável, rompendo ligas emocionais que mais tarde podem se traduzir em fobias ou doenças outras.

Conversando com um querido amigo em uma festa, em determinado momento ele fez uma pergunta bastante interessante: "Claudia, o que é mais importante, dirigir um carro ou educar um filho?" Nem precisei pensar, claro: "Educar um filho". "Então porque nós estudamos teoria e prática na direção do automóvel, fazemos prova e precisamos ter nota mínima para conseguirmos a habilitação, enquanto que para termos um filho basta que nos ocupemos de suspender o uso do preservativo ou anticoncepcional? Você não acha que seria interessante estudarmos educação antes?"

Sim, meu amigo estava coberto de razão. E estudar aqui é algo muito mais amplo do que folhear livros de Piaget, Wallon, Rudolf Steiner ou Vygotsky. Claro que é importante estudarmos este teóricos, entretanto o conceito  abrange o auto-conhecimento. Só os pais que se conhecem (a si próprios), conseguem anular intervenções nocivas sobre seus filhos, substituindo-as por ações que geram crescimento.  A ignorância sobre o próprio eu nos faz agir equivocadamente. Inúmeras vezes vamos chamar de amor o que é, em verdade, prazer pelo controle, busca pela realização de si mesmo, em detrimento do psiquismo dos filhos.

Colocar nossos herdeiros em camas de Procusto é algo mais comum do que imaginamos. Primeiro os fazemos deitar no leito, forçando-os à escuta passiva, contemplativa. Não os convidamos ao diálogo, mas, ao monólogo. Depois, passamos a usar toda a nossa astúcia, amarrando-os em nossas idéias, para, em seguida torturá-los simbolicamente.

É preciso perceber que, quando somos o problema, automaticamente somos, também, a solução.

Que tal usarmos o leito para recostar nossos ombros cansados e, então, levarmos bons papos informais com nossos filhos, buscando conhecer suas verdadeiras vontades e tendências?  Assim como o dinheiro ou a internet, a cama é um instrumento neutro.

Com que objetivo iremos usá-la, depende de nós. 

Texto revisado

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Conteúdo desenvolvido por: Claudia Gelernter   
Tanatóloga e Oradora Espírita, professora e coordenadora doutrinária
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