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O espírito de defesa

Atualizado dia 10/23/2009 8:49:39 PM em Espiritualidade
por Bernardino Nilton Nascimento


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Quando vemos alguém ser maltratado ou quando nos deparamos com uma pessoa que está correndo risco de morte, somos tomados por um desejo instantâneo de ajudar, de socorrer.

Este movimento é quase que automático e inconsciente. Por natureza, todos nós temos este instinto.
É um impulso divino de grande sabedoria e prudência, socorrer quem precisa de ajuda. Se você não segue esse movimento, torna-se um ser humano das circunstâncias, um escravo do materialismo.

Falamos muito do direito de defesa, melhor seria falar do dever, porque o direito pode ser sacrificado e é muitas vezes mais generoso renunciarmos ao nosso rigoroso direito do que reivindicá-lo com excessiva aspereza. Ao passo que a ninguém é permitido sacrificar o seu dever. Mas até que ponto a defesa é urgente é inevitável?
Não é que tenhamos, em geral, necessidade de sermos levados a nos defender. Mas trata-se de saber qual a defesa em discussão e em que espírito deve ser levado a efeito. A intensidade do seu sentimento pessoal é extrema. Tudo aquilo que choca produz o efeito de um tiro nas gargantas das montanhas: o eco repercute cem vezes e o amplifica, até estourar como um trovão.

Ergue-se de pronto, mas observe! Ergue-se para a defesa? Não, foi antes para a vingança. Entre essas duas coisas não há relação alguma. A vingança contém elementos de baixa personalidade que vedam os olhos e ferem o coração.

O primeiro caráter da verdadeira defesa é a personalidade. Ela não é um sentimento em proveito de quem quer que seja, é uma ação de justiça e amor à vida.

Se você recebe uma injúria qualquer ou for vítima de uma calúnia, se você é agredido em sua moral, antes de tudo, você pensa em vingança. Isso não é aconselhável, porém, creio, também, que não devemos passar nenhuma esponja no mal feito. Mas, quando agredido, temos a obrigação de tomar medidas contra a ação hostil que se cometeu. Se você se vinga, aumenta a injustiça. Se você se deixa ferir impunemente, associa-se à impunidade e a encoraja. Encoraja não no tocante a você somente, o que seria do mal, o menor. Você vai deixar que o agressor faça uma brecha por onde fará o mal a outros.

Se negarmos o dever de defesa, a injustiça, a violência, tudo quanto for honesto e pacífico se tornarão uma presa fácil da maldade. Logo, é preciso defender a si mesmo e ao próximo. A questão não é saber que se trata dele ou de nós, mas sim que a justiça foi atingida e comprometida. Precisamos correr e sustentá-la. A defesa é sagrada. É por isso que considero corrompido o silêncio dos que se calam diante da verdade.

Entretanto, é necessário reconhecer que as armas mais fortes de que a humanidade jamais se serviu no combate contra o mal são a paciência, o perdão, a doçura e o amor. Elas fizeram mais do que vencer o adversário: ganharam-no, o que é mais difícil. E se admiramos os campeões corajosos que puseram a força ao serviço das causas justas, é preciso admirar ainda mais os que resistiram pelo altruísmo, pelo sofrimento mudo, pela repulsa de si mesmos. A eles cabe a vitória suprema, e só eles têm o direito de ensinar a justa defesa, porque a praticaram na mais sublime das formas. Creio que nos conservamos fiéis aos nossos espíritos, dizendo: "Em qualquer ocasião, lutar contra o mal é um dever absoluto".

Sobretudo, o que nunca se deverá esquecer é o espírito da defesa. Tudo está nisso. Assim como você pode ferir mais mortalmente com a palavra do que com uma bala, ou praticar um ato cruel sob aparência de doçura, também pode curar o mal antes de deixar que a violência domine você e todos que estão ao seu redor.

Permita-se insistir neste espírito de defesa. Temos muita necessidade de sermos conduzidos constantemente pelo amor. Não vejo, senão pessoas que exercem a vingança, e pouquíssimas as que compreendem a verdadeira defesa. A maioria, quando não se trata deles, não se move. Para perdoar seu medo, dizem alguns: Deus, a verdade e a justiça a ti pertencem, não têm necessidade de nós. Que erro grosseiro! A consequência seria a renúncia de toda atividade. Para que estaríamos aqui, se nada temos que fazer? Infelizmente, é por nós que vem o mal, e não há nenhuma esperança de que ele seja reparado e vencido, senão por nós mesmos.

Deus atua na humanidade pelas forças humanas, como na natureza, pelas forças naturais. Podemos dizer que nenhum ser humano é necessário, que os melhores podem vir a faltar sem que a obra cesse. Mas convém não exagerarmos dessa forma. Sob certo ponto de vista, é inteiramente justo e encorajador dizer que somos necessários. E, de fato, ficam muitas lacunas, lugares vazios, brechas terríveis, após o desaparecimento da verdadeira justiça. Não digamos, pois, nunca, que o bem virá por si mesmo e sem nós. Digamos ainda menos que o mal que se faz não diz respeito a nós, desde que ele não nos ataque diretamente em nossos corpos ou em nossos bens.
O mundo está cheio de pessoas denominadas boas que possuem esse raciocínio cômodo. É verdade que se eles são atingidos, por sua vez, são os que mais alto gritam por socorro.

Temos que fazer dos nossos dias, úteis, e encher os nossos corações de belos e grandes sentimentos, que nos ajudarão a vencer o mal que está em nós. Precisamos defender os fracos, os pobres e os ausentes.

Se não conhece aquele a quem atacam, manifeste que não aceita o que se diz contra ele, pois tudo pode ter sido uma grande mentira, e mesmo que não seja, ele terá o direito de se defender. Observe que em todas as sociedades, uma voz que defende um ausente, seja ela a de um pobre ou a de uma criança, tem grande força contra uma multidão de vozes acusadoras e contra o silêncio dos indiferentes.
Dentre os ausentes, os mais desarmados são aqueles que se ausentaram para sempre. É preciso defender os que partiram.

Devemos respeitar o ser humano até depois de sua partida. Temos que compreender que, não basta que uma pessoa morra para ser reduzida a nada. Vamos perceber que o melhor que possuímos nos vem dos que partiram, por alguma santa causa. Assim, é sua herança, é sua memória, seu amor, é seu espírito que nos penetra para nos avisar que temos o dever de amar a vida e ao próximo. Para o bem de todos foi que deram a própria vida, e no mistério em que entraram, esperam que outros recomecem o trabalho que eles deixaram inacabado.

Assim, passo a passo, a defesa da justiça nos conduz a irmos mais alto. É um caminho que sobe e, chegando ao topo, nos faz ver abrir uma clareira na vida, que não tem fim.

BNN 

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Conteúdo desenvolvido por: Bernardino Nilton Nascimento   
"Não seja um investigador de defeitos, seja um descobridor de virtudes"./ "Quando a ansiedade assume a frente, as soluções vão para o final da fila"./ "Quando os ventos do Universo resolve soprar a favor, até os erros dão certo". BNN
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