O Fogo que Permanece: Espiritualidade em Tempos Cínicos



Autor Paulo Roberto Savaris
Assunto EspiritualidadeAtualizado em 7/5/2025 4:03:55 PM
(um diálogo entre brasas, silêncio interior e vaidades que se consomem)
- Mas que fogo é esse que você tanto fala? Parece que vê nele um milagre, uma salvação espiritual.
- É o fogo da espiritualidade franciscana. Não o que destrói, mas o que aquece. É como uma vida simples e espiritual que arde de dentro, como oração e contemplação silenciosa. Não viraliza, não performa, mas transforma.
- E ainda acha que isso tem espaço hoje? As pessoas querem brilho, querem palco. Esse negócio de silêncio interior, de autoconhecimento espiritual... parece ultrapassado.
- E no entanto é o que mais falta. O fogo verdadeiro é o que cozinha a alma, não o que doura o ego para selfie. É ele que conduz à transformação da alma.
- Mas quem vive assim acaba ignorado. O mundo exige imagem, exige filtros, exige aceitação.
- Quem vive só de imagem se apaga por dentro. Vira fantoche. Vive em função do aplauso, esquecendo da espiritualidade cotidiana. E a fé na prática? Ninguém fala mais disso.
- Espiritualidade virou sinônimo de fanatismo pra muitos. Quem fala de fé, de buscar sentido na vida, parece estar fora de moda.
- Então sejamos fora da moda. O mundo não precisa de mais vaidade, mas de brasas que resistam ao vento. A jornada espiritual pessoal é feita no escondido, no quarto, no silêncio, no gesto sincero.
- Você acha mesmo que esse fogo ainda queima?
- Sim. Em quem se doa sem alarde. Em quem reza em silêncio. Em quem ama de verdade. Ele queima devagar, sem espetáculo.
- E por que tanta gente foge dele?
- Porque esse fogo revela. E o que ele revela, às vezes, é a pobreza interior de uma alma sufocada pela aparência. Ele mostra o vazio. Ele convida à verdade - e isso dói.
- Então esse fogo... é o da fé na essência.
- É o fogo da alma desperta. Não queima as virtudes, depura. Não queima os valores, mas aquece os que ainda buscam sentido na vida.
- E os que zombam disso?
- Deixa. O tempo sopra. Só quem sente frio por dentro sabe o valor de um fogo aceso.
- Às vezes eu sinto esse frio. Tenho medo de tentar reacender e descobrir que o fogo apagou.
- Não apagou. Só está coberto de cinzas. Sopre devagar. Ouça o que ele sussurra.
- O quê?
- Que ainda vale a pena ter fé. Mesmo quando parece tolice. Que ainda vale caminhar com verdade. Mesmo que doa. Que ainda vale se recolher, orar, contemplar. Mesmo sem curtidas.
- Que o fogo nos aqueça, e não nos consuma.
- E que ele nos lembre que espiritualidade não é luxo: é sobrevivência da alma.
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Incomodar, às vezes, é a forma mais gentil de acordar.
Um sonhador, caminhando com Francisco: Paulo Roberto Savaris é autor dos eBooks: Caminho de Francisco, Entre o Céu e o Silêncio e o Segredo da Simplicidade Franciscana na Amazon Série Descubra Caminhando com Francisco e do Blog Caminhando com Francisco, dedicado à educação, à escrita inspirada na espiritualidade e nos valores de simplicidade e amor ao próximo.









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