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O Labirinto Azul

Atualizado dia 9/16/2010 4:16:24 PM em Espiritualidade
por Renato Mayol


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Depois de nascer, só temos pela frente uma sina, que é viver. Na chegada, para os olhos deslumbrados, tudo o que brilha é ouro. Tão logo passe o deslumbramento, acaba tornando-se óbvio que por detrás das luzes do atraente parque de diversões, há uma rede de ferro,  fios e engrenagens que, apesar de bonito nada ter, serve para criar miragens esfuziantes que cativam e inebriam os sentidos e que aprisionam e escravizam a essência do Ser, que se perde quando adentra o labirinto do planeta azul. E quem pensa que “nasceu para ser feliz” mal percebe que os poucos instantes de aparente felicidade têm embutido o cruel ardil de tornar mais penoso o porvir.

Assim, o grande dilema é saber se a entrada nessa dimensão foi mesmo uma dádiva. Enquanto isso, presos e acorrentados à roda dos renascimentos qual suplício de Tântalo, só resta adaptar-nos a viver no labirinto do planeta azul. Planeta onde 2000 anos humanos são para ele apenas uns momentos, pois seus atos se dão em milhões de anos. Planeta onde tudo o que existe, em breve será totalmente refeito e pouco ou nada restará do que tenha sido um dia, pois nada resistirá às incessantes forças de erosão das chuvas, dos ventos e da umidade. E é nesse estranho útero da mãe Terra, fecundada pelo pai Sol, que nos desenvolvemos, crescemos, amadurecemos, fenecemos e apodrecemos, retornando ao Sol e à Terra tudo o que nos emprestaram para cumprirmos nosso destino.

Quando adolescentes e jovens, são os hormônios a nos subjugar e tiranizar ao ritmo de atrações sempre mais intensas. É a formação de bandos que tendem a se copiar pelas esquisitices que quanto maiores, melhores. São as exigências eletrônicas, os piercings, as tatuagens, o álcool, os baseados, as raves, o crack. É a obsessão pela malhação, pela aparência do corpo, pelo celular, pelo computador, pela internet, pelo chat, pelo software. Obsessão por aparecer. Pela plástica. Vale tudo para se manter ligado, conectado. Arrogância, ignorância, intolerância e prepotência.

São as fichas do jogo da vida. Jogo no qual, a rigor, nenhum participante é mais importante do que o próprio jogo em que a vitória é pura ilusão, pois nele só há um único participante a se apresentar sob diferentes vestes e com inúmeras máscaras. Jogo repleto de dores, frustrações, tristezas e sofrimentos insuportáveis. Ou suportáveis com a morte. A morte do corpo e o renascimento da alma, mas não a sua libertação.

Nesse labirinto nos encontramos aprisionados em uma realidade ilusória que não passa de um sonho vívido que nos prende nas teias do pesadelo por ele dissimulado. Dissimulado por tantas pequenas coisas as quais cremos que quando as tivermos seremos felizes. É o esforço cotidiano para obtermos e termos. Enquanto isso, a vida nos leva de turbilhão. Não nos dá tempo para pensar. Hipnotiza-nos. É o desajuste. A confusão. A depressão. É a contínua fantasia com o sonho de consumo. A angústia e os antidepressivos. A procura de não sei o quê para nos levar não sei aonde. É a incessante busca de algo para tentar dar sentido à própria vida e ser feliz.

Em geral, quando feliz, o ser humano agradece pela vida boa que tem, pois quando olha em volta vê outros passando fome e necessidade. Agradece pela saúde que tem, quando em volta os outros estão doentes e sofrendo. Agradece pelos pais, irmãos, amigos, filhos e cônjuge, quando vê a solidão e o desamparo do próximo. Agradece o quão feliz é, quando vê os pobres infelizes ao seu redor. Agradece, pois no fundo tem medo de que, se não o fizer, possa vir a ser castigado como os que estão à sua volta. Agradece, reza, invoca, acende velas e oferece sacrifícios para manter distante o chicote do invisível feitor do destino. Enquanto isso, farfalha feito mariposa alucinada em volta de um clarão qualquer, buscando ser assimilado por algum rebanho. Buscando encontrar um grupo social em que possa ser mais um ninguém para se sentir alguém. Ademais, no rebanho, é só seguir o líder, o formador de opinião, pois até “formadores de opinião” são necessários para que haja um direcionamento das que julgamos nossas escolhas.

“Assim, acordei e assustado descobri-me presa e preso. E em volta outros tantos vagando a esmo. Às vezes, algo faz acelerar o passo de um ou de outro e uma esperança lhes faz brilhar a face. É quando do encontro com alguns focos de luz. São instantes de uma luminosidade mal percebida pelos que andam em busca de já nem sabem mais o quê. Acostumaram-se tanto a viver nesse labirinto que se tornaram parte dele. E a presa eternizando-se nas malhas da rede que a seduziu e a capturou, acaba tornando-se instrumento do próprio predador, ajudando-o no seu negro mister.”

Quem, assustado e emocionado se descobrir também no labirinto azul, que se junte para ajudar na busca da via de saída em direção à Liberdade e à Luz.
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