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O MEDO DA MORTE

Atualizado dia 8/1/2010 5:39:08 PM em Espiritualidade
por Oliveira Fidelis Filho


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"Quem quiser, pois, salvar a sua vida, perdê-la-á".
Jesus


Em os Quatro Gigantes da Alma o autor, professor de psicologia e psiquiatria, Emilio Mira Y López, expõe ampla e profundamente "a origem e desenvolvimento do medo, os motivos do medo, formas e graus de invasão do medo, camuflagens e máscaras do medo, os medos patológicos (fobias) e a luta contra o medo."

Em seu livro "Meditação: A Arte do Êxtase", Osho, no entanto, declara que "o medo da morte é o único medo e, ainda que possa tomar qualquer forma, é o medo básico".
São Paulo afirma que o "último inimigo a ser vencido é a morte", acrescentando que o seu aguilhão - sua mais poderosa arma - é, sem dúvida, o medo. Para Mahatma Gandhi "quem venceu o medo da morte venceu todos os outros medos".

Aparentemente o medo da morte é o medo da perda da vida. Por mais óbvio ou lógico que esta declaração possa parecer, creio existir razões mais complexas, inconscientes e inconfessadas, para nosso desconforto diante deste inexorável carrasco, implacável vilão.

Entre o solitário e esvaziado nascimento e um igualmente solitário e esvaziado momento de passagem ou morte, protagonizamos nossa fugaz história. Independentemente do número de pessoas a nos receber na estação de acesso a vida ou do número de amigos presentes no momento que tomamos o trem da despedida, quando seguimos rumo ao desconhecido, o fato é que a travessia é feita de forma solitária.

Entretanto, a vida à qual com tanto afinco nos apegamos e que tanto tememos perder, talvez nem mereça ser chamada de vida e nem seja a causa do medo pois, na verdade, o que apavora é a perda das posses, ser privado dos bens intelectuais, materiais entre outros. Quanto mais apegados e possessivos, mais pavor a morte exercerá. Tememos a morte quando nos percebemos esvaziados da VIDA.

Conta-se que no dia que Buda morreu alguém lhe teria dito: "Agora você está morrendo. Sentiremos muito sua falta, por eras e eras, por vidas e vidas."

Buda disse: "Mas eu morri há tanto tempo! Por quarenta anos não tive consciência de estar vivo. No dia em que eu alcancei o conhecimento, a iluminação, eu morri." Há mais de quarenta anos Buda sepultara a vida passando a existir sob a iluminação da VIDA.

Jesus em momento algum buscou defender-se dos que desejavam sua morte; para o Mestre a vida nunca O prendeu, pois Ele era a partir do poder liberador da VIDA.
São Paulo, após sua iluminação, passara a declarar, em função da VIDA Crística que nele operava que morrer tornara-se um lucro.

Morrer é sempre lucro quando nos dispomos a morrer para a vida, abrindo assim espaço para que a VIDA floreça.  Neste caso, chamamos de morte o desapego aos impostores da VIDA.

O medo que a morte gera relaciona-se à dificuldade de abrirmos mão de toda posse ou, dito de outro modo, de nos desvencilharmos de tudo que nos possui.

Quanto mais esvaziados da VIDA, mais buscaremos agregar valor e importância à vida. Mas fascinados pela aparência, mais retocaremos a maquiagem em torno do perfil, mais insuportável será viver sem ter, mais vazios nos sentiremos. É a partir deste vazio que os tentáculos do medo da morte apavoram de verdade.

Esvaziado da VIDA o homem agarra-se a vida, promovendo e disseminando a morte. Milhões morrem de fome, espécies animais e vegetais são extintos, morre o próprio Planeta. E, o que mais tememos - a morte - é o que mais acontece. Sem a VIDA só resta a morte!

Saber a diferença entre vida e a VIDA é o primeiro passo para nos libertarmos da tirania do medo da morte. Morrer para a vida, abrir mão, renunciar aos seus valores, é o segundo passo capaz de disponibilizar em nós o espaço para o surgimento da VIDA.

Jesus deixa claro que para ganhar é necessário perder: "Quem quiser, pois, salvar a sua vida, perdê-la-á", ou seja, a VIDA cresce em nós ou é salva na proporção do desapego. Esta declaração soa contraditória e muito penosa para uma sociedade refém de crenças que idolatram a posse, embriagada pela ganância, cativa do consumismo.

São ainda muitos os que desejam ganhar o mundo inteiro em detrimento da própria alma, que insistem em ocupar o espaço do Ser com as miragens do ter. Para estes, o espectro fantasmagórico da morte é arrepiante.

Quando alguém possui "o mundo inteiro" - riqueza, fama - diz-se dele que possui um "vidão"; entretanto, a vida mesmo no aumentativo ou superlativo estará muito longe da abundância da VIDA.

A ausência da VIDA cria um vácuo existencial e uma insaciável demanda que oferta nenhuma satisfaz. Assim, toda a ganância, necessidade de conquista, de domínio, de acúmulo, nada mais é do que a expressão da pobreza existencial. É a tentativa, sempre frustrada, de preencher o buraco negro que a ausência da VIDA produz.

Uma resultante da ausência de VIDA é o suicídio. Neste caso o suicida não deseja a morte e sim, libertar-se do angustiante vazio que a ausência da VIDA produz. Tal vazio, se não preenchido, torna-se insuportável, como disse Renato Russo em uma de suas musicas: "... Já estou cheio de me sentir vazio."

Santo Agostinho, a partir de sua própria experiência, declarou: "Todo homem tem dentro de si um vazio do tamanho de Deus". Nada, a não ser a VIDA, preenche este vazio. A não ser que a Essência Divina seja derramada em nós, ou seja, que a presença Crística em nós se faça, permaneceremos reféns dos desejos, escravos da vida e assombrados pela morte.

O medo da morte expõe, portanto, o dilema de perpetuar eternamente uma não VIDA. Tal fato pode ser também percebido nos túmulos de reis e poderosos, que levavam com eles suas riquezas, temendo encontrar-se destituídos delas além morte.

Portanto, para vencer o medo da morte é necessário nos percebermos plenos de VIDA. E tal dimensão existencial é possível quando morremos diariamente (praticamos a morte), ou seja, aperfeiçoamos a arte do desapego. Quando mais desapegados, mais abundante a VIDA e menos medo sentiremos da morte, até porque existindo VIDA a morte inexiste, simplesmente viveremos em uma nova dimensão.

A insegurança cresce em todos os lugares e dimensões; é um momento muito oportuno para praticar o desapego, para sentir-se refugiado na VIDA. 

Texto revisado


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Conteúdo desenvolvido por: Oliveira Fidelis Filho   
Teólogo Espiritualista, Psicanalista Integrativo, Administrador,Escritor e Conferencista, Compositor e Cantor.
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