OS DROGADINHOS - Segunda parte - 7/11

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Autor Dante Bolivar Rigon

Assunto Espiritualidade
Atualizado em 04/06/2012 18:10:54


  Continuação - 7. segunda parte

Na verdade chegamos a formar uma família unida, amorosa, solidária, em que nos amávamos, confiávamos uns nos outros, nos protegíamos e nos respeitávamos mutuamente. Se houvesse envolvimento afetivo, compreensão, tolerância e respeito em nossos lares, jamais teríamos nos encontrado e por certo nunca consumiríamos qualquer tipo de droga. É esse o sentido que entendo ao analisar a prática do Evangelho no lar. O Evangelho no lar não é abrir o livro, lê-lo e ocasionalmente comentá-lo, mas praticar intensamente os ensinamentos cristãos no convívio, na atenção, no amor, na dedicação, no exemplo, na tolerância, na responsabilidade, e na carinhosa condução dos filhos frente às agressividades naturais ofertadas pela sociedade a que estão expostos.

- No relato de A.R.C. ele comenta a intimidade entre ele e seu irmão ao ponto de dormirem juntos completando-se emocionalmente. Posteriormente aparece você dormindo nu com o traficante e posteriormente com eles. Esse tipo de relacionamento é comum nos viciados?

- O principal motivo que leva a criança buscar companhia na rua é a necessidade de ser amada. O carinho e o amor que lhe foi sonegado em casa é substituído pelo do eventual protetor.

- Segundo vocês o que leva a criança ao uso da droga é o desamor e a desassistência no lar. Há outras variantes de importância que projetam a criança nos braços do traficante?                                         

- Podemos catalogar o candidato ao tóxico em quatro grandes grupos: o primeiro, o maior, é formado por garotos e garotas que apesar de viverem aparentemente harmonizados com a família, os pais não os assistem, não dialogam com eles discutindo suas necessidades, sentimentos, vontades, problemas, angústias, contatando-os somente para criticar isto ou aquilo e querer que vejam a vida conforme seus pontos de vista. Usam o castigo, a repressão, e em muitas vezes os agridem fisicamente por terem-se portado contrariamente às suas vontades. O segundo, bem menos numeroso, pertence às famílias desestruturadas, onde tanto o pai como a mãe vivem suas vidas independentes, muitas vezes em novas uniões cujos companheiros não simpatizam com os filhos da anterior união. O terceiro é formado por crianças completamente abandonadas, vivendo nas ruas ou em bandos compactos que moram em barracos improvisados e imundos à disposição do "dono do pedaço" que as usam a seu bel-prazer. Esses três grupos são compostos por crianças excessivamente carentes de afeto, amorosas, disponíveis. Se os pais ou responsáveis por elas soubessem amá-las, educá-las e assisti-las, certamente seriam os futuros formadores de uma sociedade moral, honesta, equilibrada e estável. O quarto, o menor, é formado por crianças com problemas psicológicos mais graves, não importando se pertencem a famílias estabilizadas ou marginalizadas. São os predadores, os desonestos, os imorais, os violentos, os assassinos por índole, que terminam por dominar suas vítimas por serem mais dóceis, amorosas, carentes, confiantes e muitas vezes medrosas.

- Os especialistas no assunto afirmam que o sexo está diretamente ligado às drogas; segundo o relato de A.R., vocês drogavam-se e dormiam juntos sem nunca se envolverem. Quem está certo?

- Os especialistas quando na matéria, estudam os segmentos da Vida partindo do efeito. No mundo espiritual, principalmente no centro dos acontecimentos, podemos com maior facilidade atingirmos as causas do desequilíbrio. Não é a droga que excita o exercício sexual, mas a tendência, o sentimento, o afeto, a carência, e principalmente o dar-se. Se dois garotos carentes se completarem emocionalmente e nenhum tiver tendência para o ato, ele jamais existirá. Tanto o sexo infantil como a droga e outros extravasadores são complementos sentimentais quando não verdadeiras válvulas de descarga emocionais. A causa está sempre no despreparo da criança somada à inassistência dos responsáveis agravada pela tendência desregrada. É raríssimo um garoto passivo sexualmente continuar tal prática após a adolescência. Quando os há, podem estar certos, pertencem a outro tipo de enquadramento. Quanto à droga o caso é bem diferente. Dificilmente o drogado infantil levará uma vida adulta normal caso sobreviva até lá.

- Qual seria sua sugestão para que não houvesse tais ligações?

- O mesmo para qualquer desvirtuamento que possa se ocasionar na vida de uma criança. A atenção, o amor, o companheirismo e o diálogo franco e permanente dos pais com os filhos. Enfim, a prática do Evangelho no lar.

- Muitos pais queixam-se de não haver possibilidade de diálogo com os filhos, pois estes não aceitam. Qual seria o substitutivo para esse importante relacionamento?

- Não necessariamente, mas geralmente a criança disponível mantém longos diálogos com protetores de plantão ou traficantes. Será que os pais queixosos não estão tentando impingir suas idéias à força em vez de dialogarem abertamente no nível de entendimento e excitamento dos filhos? A criança é um mundo desconhecido e aberto para estudo e pesquisa, o qual deve ser explorado delicadamente e conduzido alicerçado no amor e na confiança. A criança ensina tanto quanto aprende. Todos os pais que se colocarem como alunos de seus filhos jamais os verão entregar-se a protetores e traficantes. Nunca devemos esquecer que uma criança é um espírito milenar que está momentaneamente disponível à influência do primeiro que se apresenta.

- Segundo o relato de A.R.C. a casa dele tornou-se o centro de distribuição escolar de Nova Friburgo, vocês três dormiam juntos, saíam e voltavam quando queriam. Porque os pais dele não interferiram em nenhum tempo no comportamento do filho?

- Em primeiro lugar nunca se preocuparam com ele. Depois, a casa e os rendimentos eram do filho e pelo simples fato de morarem em sua casa e gastarem o seu dinheiro não teriam moral para qualquer outra atitude a não ser dedicar-lhe amor, carinho e atenção, mas estavam muito ocupados para isso. Há quem diga, embora eu não possa afirmar, que sabiam de todo o envolvimento e esperavam que o filho chegasse às últimas consequências para então agirem internando-o em instituição apropriada e reclamarem o direito de herdeiros. Afinal, eram herdeiros por tempo relativamente curto, e assim que A.R.C. casasse e nascesse o primeiro filho, estariam completamente alijados da herança. Além de maus pais, foram criminosos por omissão.

- O que motivou a adesão de você e seu irmão ao tráfico?

- Em parte foi a estrutura doméstica; meu pai era muito severo e nervoso, e conforme lhe corria o dia lá fora descarregava em casa batendo sistematicamente em todos nós. Era um verdadeiro inferno quando se encontrava em casa. Certo dia, a mãe já desesperada com a situação, desapareceu com outro homem. A partir daí nosso pai passou a ingerir álcool, descontrolando-se mais. J.P. não aguentando suas permanentes investidas abandonou o lar, e no momento que eu me vi mais crescido senti coragem de imitá-lo.

                                                               Continua quarta-feira


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