Os Frutos Verdes do Caminhante Livre




Autor Paulo Roberto Savaris
Assunto EspiritualidadeAtualizado em 7/24/2025 1:36:01 AM
A trilha de terra ainda respirava a chuva da noite anterior. O caminheiro parou por um instante, abaixou-se e colheu um pequeno fruto caído à beira do mato. Verde ainda. Levou-o ao nariz, aspirou o aroma da esperança que ainda não amadureceu... e sorriu.
— Ainda não é tempo — murmurou com a serenidade de quem já aprendeu a escutar os ciclos — e continuou a caminhar.
No bolso esquerdo da túnica, levava um caderno de anotações. No direito, uma pequena pedra encontrada dias antes, lembrança viva de que o essencial nunca grita — apenas sussurra.
Avistou adiante uma senhora sentada sobre uma pedra, massageando os pés descalços. Ao passar, saudou com um gesto calmo. Ela retribuiu com um olhar cansado.
— Vai longe? — perguntou ela.
— O bastante para voltar diferente — respondeu ele, sem pressa, mas com uma gentileza que tocava fundo.
A tarde descia devagar, e o sol, filtrado entre as árvores, pintava-lhe o rosto com uma luz de fim de mundo — daquelas que só se vêem quando o mundo dentro da gente termina de cair. Sentou-se sob uma árvore e abriu o caderno. Leu palavras que havia escrito semanas antes e que agora soavam distantes, quase de outro tempo:
“Preciso amadurecer”, dizia.
Mas logo rabiscou por cima:
“Não. Preciso aceitar os frutos verdes do agora”.
Não tinha pressa. Sabia que os frutos de sua jornada ainda estavam por amadurecer. Mas como o agricultor que semeia com fé e espera com o coração, ele confiava. Cada página escrita, cada palavra lançada ao vento — mesmo que ignorada — era uma oferenda. Degraus de uma escada que não levava ao céu, mas ao coração.
Havia dias em que duvidava.
Dias em que o silêncio pesava mais do que o barulho do mundo. Quando os textos pareciam gritar ao deserto. Quando o blog se tornava espelho do vazio. Pensava: “De que vale isso, se ninguém ouve?”
Mas nesses dias, algo mais fundo sussurrava. Algo que não buscava aplausos, mas presença. Que dizia: “Você não escreve para aparecer no mundo. Escreve para aparecer em si.”
E então ele se lembrava: o que o movia não era o algoritmo, mas o espírito. Não era a ansiedade por números, mas a paz do sentido.
— Cada frase minha precisa carregar amor — disse em voz alta, como quem sela um pacto com o invisível.
Talvez seus textos jamais viralizassem. Mas se ao menos um deles despertasse alguém do sono do automatismo, então já seria o bastante. Porque há mais verdade em uma semente que brota do silêncio do que num pomar de aparência.
Ele não era um influenciador. Era um semeador.
A liberdade que conquistara? Custou-lhe o pertencimento a qualquer bolha. Agora, pertencia apenas ao que vibrava com verdade. Ao que silenciava e, mesmo assim, dizia mais que mil vozes.
E quando lhe perguntavam: “Por que não vai mais longe?” — ele apenas sorria.
Sabia que estava indo. Não com pressa, mas com profundidade. Porque quem caminha com propósito não precisa correr. Caminha com alma.
A jornada era longa.
Mas o caminhar... era leve.
E toda mente que se ajoelha apenas ao amor... jamais será escravizada.
Um Sonhador, Caminhando com Francisco: Paulo Roberto Savaris é autor dos eBooks: Caminho de Francisco, Entre o Céu e o Silêncio e o Segredo da Simplicidade Franciscana na Amazon Série Descubra Caminhando com Francisco e do Blog Caminhando com Francisco, dedicado à educação, à escrita inspirada na espiritualidade e nos valores de simplicidade e amor ao próximo.
Texto Revisado
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