Quando a Vida se Encolhe e a Alma se Expande



Autor Paulo Roberto Savaris
Assunto EspiritualidadeAtualizado em 6/27/2025 9:13:45 PM
Quando a vida se encolhe diante da proximidade da morte, algo dentro de nós se amplia. Um silêncio se instala e, no seu eco, perguntas antigas voltam a sussurrar: Como tenho vivido? Se houvesse mais tempo. o que, de fato, eu faria diferente?
Não é raro: basta a morte roçar alguém próximo, e a vida parece despertar de um torpor. Passamos a ver, ainda que por um instante, a grandiosidade do simples respirar. Mas por que apenas nesse instante? Por que esperamos o lamento final para dar sentido à jornada?
Se a morte é fim, a vida é travessia. Se ela encerra, a vida nos convida a continuar. Caminhamos nesse compasso invisível, sem saber quantos passos ainda nos restam. Para uns, cem anos. Para outros, setenta e poucos. E para alguns, apenas um breve sopro. E quando a morte chega sem aviso, é como se a alma apertasse um freio e dissesse: "Olhe para dentro. Agora."
A verdade é que não somos bons em permanecer acordados. Logo que o luto passa, voltamos a ser o que éramos: os arrogantes continuam altivos, os enganadores seguem com suas farsas, os adormecidos tornam-se ainda mais sonolentos. Mas há também os que se tornam mais humildes, mais generosos, mais gratos. Esses, sim, fazem da dor um novo começo. Plantam a bondade sabendo que a colheita nem sempre virá nesta vida - mas virá.
Viver é um dom não transferível, uma semente entregue ao nosso cuidado. E ainda assim, quantas vezes preferimos crescer no que não importa e minguar naquilo que realmente vale? De que adianta o poder, se não temos paz? De que vale acumular, se nos faltam mãos livres para acolher?
Impomos verdades, propagamos ódio, destruímos pontes - e na última batida do sino, imploramos salvação como quem deseja ser salvo de si mesmo. Mas Deus não é um contabilista implacável. Não soma débitos nem ignora os créditos do coração. Ele olha além das falhas, mas também sonda as intenções. E é aí que mora o mistério.
O celeiro da nossa vida está cheio do que realmente importa? Ou só guardamos entulhos que nem os anjos ousariam tocar? A conta chega, sim - mas não como castigo. Ela vem como convite. Um último chamado para rever rotas, reparar danos, resgatar o que fomos antes do mundo nos endurecer.
É sempre tempo de recomeçar. Não para agradar os que nos julgam, mas para libertar a nós mesmos das correntes que aceitamos por medo, orgulho ou conveniência. Que não sejamos muitos - o mundo está cheio de muitos. Que sejamos os poucos. Os que silenciam para escutar. Os que plantam sem exigir colheita. Os que vivem como quem já entendeu que tudo isso aqui é passagem, sim - mas pode ser uma bela travessia.
Amor e Esperança. Sempre.
Um Sonhador, Caminhando com Francisco: Paulo Roberto Savaris é autor dos eBooks: Caminho de Francisco, Entre o Céu e o Silêncio e o Segredo da Simplicidade Franciscana na Amazon Série Descubra Caminhando com Francisco e do Blog Caminhando com Francisco, dedicado à educação, à escrita inspirada na espiritualidade e nos valores de simplicidade e amor ao próximo.









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