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QUANDO AJUDAR NÃO AJUDA

Atualizado dia 10/6/2007 6:25:02 PM em Espiritualidade
por Christina Nunes


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A Espiritualidade tem dado notícias de peculiaridades interessantes a partir da descrição das diretrizes do trabalho nobre dos amparadores desencarnados. E, discorrendo sobre os requisitos imprescindíveis a todo candidato à missão de assistência, orientação e amparo aos afetos imersos nos estágios reencarnatórios pelo mundo afora, fazem referência a nuances relevantes que nos servem, mesmo enquanto ainda aqui, de alerta útil, se de fato somos empenhados na construção de um mundo melhorado no futuro.

Explicam que, invariavelmente, os móbeis dos trabalhadores que operam em favor dos entes queridos transitoriamente envolvidos com os embates da vida corpórea são o amor, o zelo e a preocupação em contribuir de maneira decisiva para que estes outros não tropecem nos desafios porventura rudes do período rápido de trânsito na esfera material terrena. Mas que, logo de início, são notificados de que provavelmente não lograrão ajudá-los exatamente do modo como imaginam que isso aconteça. E as razões são de fácil entendimento.

Pais zelosos conhecem que, ao envidarem os filhos os primeiros passos, em nada lhes ajudarão se indefinidamente, e ao invés de abandoná-los com certa liberdade para ensaiarem o equilíbrio nas próprias perninhas ainda vacilantes, se puserem a servir de escora sustentando-os pelas mãos ou incentivando-os a apoiarem-se constantemente em móveis ou paredes - retardando, assim, aquele momento no qual - e certamente após alguns tombos necessários - enfim lograrão atravessar a sala e espaços cada vez maiores sem desequilíbrio, vitoriosos, para encanto deles mesmos, pais, ou eventuais vovós torcedores dos progressos dos seus netos.

O instinto, pois, avisa de si: sente-se o momento no qual não sendo o bebê mais tão precoce há que se libertá-lo das escoras e incentivá-lo, constatando-se, a partir disso, a celeridade com que a natureza humana dá conta do resto, despertando na criança incipiente as forças adormecidas e a capacidade prodigiosa para promover satisfatoriamente esses primeiros aprendizados da nova etapa corpórea.

O princípio, pois - e para tudo! - é o mesmo. E tudo o mais daí deriva!

Nem sempre a ajuda bem intencionada ajuda, assim como não ajudariam pais que, por excessos de cuidados, se pusessem a escorar os passos da criança até para além do ponto onde isso se fizesse necessário, retardando nos filhos o despertamento da sua própria potencialidade, desenvoltura e equilíbrio para caminhar. Um tal auxílio, portanto, reverteria em efeito contrário - tornando-se num transtorno para a própria criança que numa tal contingência se visse, talvez que já aos dois anos, sem saber caminhar sem o amparo de algum circunstante.

Do mesmo modo, e nas mais diversificadas situações da vida, incorremos em erro grave quando em sabendo da realidade das presenças dos nossos amparadores extrafísicos requisitamos-lhes a intervenção a pretexto de cada frivolidade do repertório do nosso dia-a-dia - que são muitas!

Alguns, por exemplo, pretendem que o auxílio da espiritualidade se faça presente para solucionar a contento o contexto difícil de uma convivência conjugal. Esquecem-se de que todo enredo familiar na materialidade de modo algum se dá fortuito; antes, configura conseqüência dos intrincados dramas anteriores desencadeados nas tramas conjugadas do nosso passado milenar, aos quais nos cabe dar mera continuidade na incansável busca de resultados conciliatórios em favor da harmonização entre todos os envolvidos que, de há muito, nos ladeiam a trajetória em condições nem sempre felizes e decorrentes dos nossos muitos enganos e desacertos. E que para uma tal conjuntura, para que se faça toda a justiça, a nós caberá a solução - assim como é lógico que ao culpado único de um malfeito caiba o devido reparo, a qualquer tempo, e não exigir-se que outrem o faça em seu lugar, ou ofereça, de graça, as resoluções cabíveis. Porque, a partir daí, onde cresceríamos em experiência e aprendizado? E qual seria o nosso mérito?

Outros, ainda, rogam, súplices, a cura para a doença extemporânea que lhes consome, implacável, as reservas do bem estar físico - distraídos de que são os seus próprios desvios e renitentes vícios - incluindo-se, aí, os vícios psico-emocionais associados a estados mórbidos ocasionados por excessos de ressentimentos, de mágoas e de rancores - os maiores responsáveis pela celeridade da sua derrocada orgânica; e de que em favor da sua cura lhes caberia, primordialmente, a precisa reformulação íntima, sem a qual nenhum recurso ou intercessão da área médica de ambas as dimensões da vida lograriam alcançar resultados completamente satisfatórios.

Não se quer, com isso, invalidar o saudável impulso de solidariedade inerente à alma humana. Quer-se, com isso, dizer que, sejam os amparadores desencarnados trabalhando pelo nosso bem estar na inspiração e na orientação sutil com que nos induzam ao acerto, ou sejamos nós por aqui, na materialidade, constantemente preocupados com os rumos porventura enganosos escolhidos pelos nossos afeiçoados, não nos caberá, em nenhuma hipótese, escolher por eles; forçá-los a andar com os nossos passos ou pensar com as nossas cabeças. Pois, nada obstante a melhor das nossas intenções ou sentimentos, a vida em si reserva sempre as melhores oportunidades de crescimento, compatíveis com o aprendizado proporcionado pelo pleno uso do livre-arbítrio.

A cada escolha, pois, a precisa e correspondente conseqüência para o bem ou para o mal. E mesmo as aparentes fatalidades, sem margem de erro, se acham atreladas à atração exercida, via sintonia, por alguma escolha deliberada de um passado do qual, muitas vezes, e no minuto presente de consciência embotada num corpo físico, não logramos a recordação.

É próprio, portanto, da excelsitude da condição humana, a solidariedade incondicional para com os semelhantes porventura conosco nivelados na longa jornada evolutiva. Todavia, estejamos conscientes de que, quando muito, cabe-nos o proporcionar alívio na suportação dos fardos uns dos outros, sem a necessidade de que, de nosso lado, caiamos no engano, para no engano nos fazermos solidários.

A dignidade é a qualquer um acessível a partir da própria condição e escolha; e se nos cabe alguma influência positiva, que então seja sobretudo pelo exemplo. Nunca pela coação, pela crítica, pela subserviência improdutiva ou pela opressão - configuradoras, antes, de vaidade, de desrespeito, de arrogância e do despotismo, no mais das vezes presentes sob as máscaras enganosas daquela caridade que costuma se nutrir da falência alheia.

Lembremos que o próprio Jesus, exemplo máximo do Amor no mundo, jamais coagiu ninguém e, mesmo na hora suprema, e vítima inocente imolada nos resultados nefastos da cegueira humana, ainda assim a ninguém apostrofou, predicando, ao invés, o perdão de Deus para os enganos alheios, pois que ainda "não sabiam o que faziam!"

Nem Ele próprio cedeu às tentações ou ao erro, nem chegou a tomar para si a cruz do próximo, antes convidando a todos que descobrissem em si o significado divino da máxima: o Reino de Deus está em ti mesmo!

Há que se saber ajudar; pois que nem sempre ajudar ajuda.

Lucilla & Caio Fábio Quinto

Texto revisado por

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Conteúdo desenvolvido por: Christina Nunes   
Chris Mohammed (Christina Nunes) é escritora com doze romances espiritualistas publicados. Identificada de longa data com o Sufismo, abraçou o Islam, e hoje escreve em livre criação, sem o que define com humor como as tornozeleiras eletrônicas dos compromissos da carreira de uma escritora profissional. Também é musicista nas horas vagas.
E-mail: [email protected] | Mais artigos.

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