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Seguindo as Estrelas

Atualizado dia 9/19/2010 12:25:22 PM em Espiritualidade
por Claudia Gelernter


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Freqüentemente, ouço as pessoas dizerem que se pudessem voltar atrás no tempo fariam as coisas de outra forma. Preciso confessar que eu também engrossava este caldo dos culpados inconformados com as próprias escolhas. Principalmente quando pensava no meu primeiro casamento, no primeiro namorado ou no primeiro cigarro que fumei escondida no banheiro do colégio junto com a amiga confidente.

Mas, como diria o poeta, ‘o tempo não pára... e nem volta. Que bom.

No livro A elegância do ouriço, da filósofa francesa Muriel Barbery, a personagem de doze anos, uma garota de inteligência acima do normal, de nome Paloma, mostra-se desencantada com o mundo adulto. Em determinado momento, desabafa: "As pessoas crêem seguir as estrelas e acabam como peixes vermelhos em um aquário".

 A quase adolescente faz referência à falta de humanidade nos humanos, que vivem alheios à dor alheia, ansiosos por ganhos materiais, traçando um futuro onde, invariavelmente, se pegam, por fim, na angustia do vazio, sem saber explicar ao certo como foi que estacionaram suas vidas naquela estação.

No livro, os adultos espremem suas inteligências para que o suco vire um bom saldo bancário. Mas, como é comum ocorrer, quando a idade vem chegando começam os muxoxos. "Ah, se não fosse meu pai com seus anseios!"... "Tenho certeza que teria sido diferente se não fosse ela"... "Se pudesse fazer diferente, nunca teria mudado daquela casa"... e por aí vai. Uma porção de "se" que continuarão incógnitos, como o ‘x da equação sem alguém que tenha capacidade para o calcular.

Este parece ser o fim daqueles que viveram em distonia, num constante mexer involuntário, dançando passadas de samba ao som de um tango portenho totalmente dramático.

Tudo bem dançar errado e descobrir isso mais tarde. Isso ocorre com a maior parte dos mortais. Comigo também foi assim. O ruim está em se deixar levar ao som do tango pelo resto dos dias, chorando a perda daquilo que nunca foi e que sequer saberíamos se poderia ser.

Não importa em que fase decidimos parar a música e, ao som do silêncio meditarmos sobre nós mesmos. Oxalá isso seja o quanto antes. Nem que for aos noventa. Mas que seja!

Comentei que lamentava meu primeiro casamento. Isso é tão lógico quanto o nascer do sol a cada manhã, pois se reclamava do primeiro casamento quer dizer que já devo estar ao menos no segundo e tenho noção de que raras pessoas que estão num segundo consórcio saíram contentes e animados do primeiro.

Acredito que ninguém se case para pedir divórcio. Sempre é uma situação frustrante que envolve um doloroso luto, inclusive para aqueles que requisitaram a separação. Podemos até concordar que foi a melhor situação, que já não havia mais amor, que a relação estava desgastada ou mesmo insuportável. Não importa. Sempre é dolorido, complicado, pesado. Por mais tentemos nos desligar, internamente vamos querendo dar um sentido para tudo isso, para esta experiência e todas as outras que a antecederam.

Casei-me com meu primeiro marido exatamente no dia em que estava completando meus dezessete anos.

Tentando retornar vinte e cinco anos atrás em minha memória, confesso que não consigo encontrar uma explicação razoável para esta decisão.

Passei da teoria do pai que indiretamente força a situação e permite a filha fazer uma besteira até a fala sobre a busca por uma liberdade irreal. Durante muitos anos, expliquei o término do casamento como resultado de situações externas a mim. Besteira. Meu casamento poderia ter dado certo se fosse em outro momento ou talvez, quem sabe, com outra pessoa naquele mesmo momento. Não sei. E se tivesse dado certo e eu estivesse completando minhas bodas de prata neste ano, certamente daria os méritos só a nós dois. Parece injusto? Sim, é.

O fato é que levei muitos anos para recolher o que me pertence nisso tudo e trabalhar de forma clara o material que me restou. Na conta corrente desta relação o saldo só ficou positivo porque usei de alguns créditos que foram imprescindíveis: Parei de culpar os outros pelo que nós dois decidimos, agradeci a Deus a filha maravilhosa que caminha a meu lado nos dias de hoje, já com seus vinte e três anos, perdoei a mim e a ele por todas as decisões estranhas que dois jovens tomam por serem jovens e fiz piada das encrencas em que me meti por ser inconseqüente.

Isso me fez enorme bem.

Hoje sei que esta bagagem toda me ajuda em meu novo casamento, mais maduro, mais feliz, sendo que tenho a plena consciência de que ele só é mais feliz porque nós dois fizemos a opção de sermos felizes.

 Não teria dado certo se não fosse assim, neste tempo, nesta situação e com esta pessoa.

Agora continuamos seguindo as estrelas.

E tomando muito cuidado para não cairmos num belo aquário, como dois pequenos peixes vermelhos. 
Texto revisado

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Conteúdo desenvolvido por: Claudia Gelernter   
Tanatóloga e Oradora Espírita, professora e coordenadora doutrinária
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