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Várias Mortes em Uma Vida

Atualizado dia 11/9/2010 8:46:47 AM em Espiritualidade
por Claudia Gelernter


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São 22:00hs e, após o rotineiro encontro dominical da família para as orações da semana, sento-me para colocar no papel um fato que de certa forma traduz a minha idéia de hoje.

O assunto principal durante o jantar foi sobre um programa apresentado no canal fechado, onde a reportagem falava sobre a importância da lua em nossas vidas. O ponto central: se a lua não existisse, sequer haveria vida na Terra.

Os cientistas foram apresentando, didaticamente, muitas das funções deste satélite maravilhoso. Funções bem mais relevantantes do que as comentadas pelos poetas e apaixonados. Aliás, segundo o tal programa, nem precisaríamos nos preocupar com eles, afinal, sem ela [a lua] nem poeta, nem enamorados, nem ninguém.

Isso me pôs a pensar. A lua está sempre lá, estejamos observando-a ou não. Ela cumpre com o seu papel, tenhamos consciência de sua existência ou não. Porém, se um dia ela não estiver lá, adeus raça humana.

O mesmo se dá com o desfilar de mortes durante nossas vidas. Falo aqui sobre as várias mortes dentro de uma mesma existência, dos fechamentos, sejam eles dolorosos ou não, elaborados ou não.

Não importa se não observamos o evento. Ele ocorre. Também não importa se o observamos sem aceitá-lo.

A boa notícia é que temos uma escolha diante desta feliz fatalidade: pensar no porquê de ela existir e mais: pensar no que faremos com ela, de que forma podemos [e devemos] utilizá-la para o nosso bem.

Assim como existe uma explicação bastante razoável para a existência da lua [o que nos faz torcer para que ela continue exatamente como está] também existe uma explicação robusta para a existência das várias mortes em nossas vidas.

Simples: sem elas, não há crescimento. E mais que isso: sem elas, também não há raça humana.

Vejam só como algo subjetivo pode ser comparado, até nos seus efeitos mais extremos, com algo absolutamente objetivo.

Se pensarmos na inexistência das experiências de fechamento de ciclos existenciais, podemos, pelo uso do método dedutivo, concluir que estancaríamos no ponto de saída. Nada de mudanças, nada de novo. Sempre as mesmas coisas "até que a morte nos separe", como profetiza o sacerdote. E aqui ele está falando da morte como fenômeno de esgotamento do corpo, literalmente.

Se o homem não tem desafios ele desaparece, pois os desafios são as molas propulsoras na teoria da evolução das espécies.

O que ocorre é que somos, naturalmente, preguiçosos.

Sem estímulo, só queremos que tudo fique como está. Deve ser porque evoluir dá um baita trabalho.

Aqui surge uma pergunta: Por que será que reclamamos tanto, negamos tanto e ainda adoecemos, se isso é imprescindível?

Podemos pensar em alguns motivos, pedindo desde já perdão, caso nos esqueçamos de algo relevante.

A ideologia onde estamos inseridos, que nos condiciona num movimento externo incessante, compelindo-nos à não reflexão parece promover esta alienação. Afinal, quem pensa muito gasta pouco. Melhor vivermos regidos pelo impulso, sejam eles quais forem, pois que o impulso de comprar estará fatalmente incluído nisso. A cada dia novas necessidades são criadas, sem que consigamos explicar de onde elas surgiram, sendo que tais necessidades são externas a nós, nunca internas.

Vivemos a era da superficialidade, numa sociedade de seguidores e não de buscadores [de si mesmos]. Seguimos o que ordena a moda, o que ordena a tecnologia, o que ordena a rede social na internet. Seguimos pelo twitter, pelo facebook, pelo Orkut e não nos empenhamos em buscar em nós o que existe de essencial.

Diante da demanda de competitividade e lucro, onde cabe a reflexão?

E ainda, por que buscamos no outro o que ele não nos pode mostrar? Sim, porque a experiência é única, individual e intransferível.


Pensamos pouco nestas coisas, mesmo elas estando sempre lá, assim como a lua.

* * *

O pensar precisa vir antes do agir.

E o que vemos, rotineiramente, é a ação antes da reflexão.

Saímos de um namorado para outro como quem apaga uma lâmpada e acende outra. Deixamos uma amizade para trás sem pensar no que ela representou para nós. Trocamos de profissão como folhas ao vento, sem análise profunda de nossas potencialidades e tendências.

Temos medo de sofrer nos fechamentos, então, fingimos que eles não acontecem.

Entretanto, se eles teimarem, beliscando com força, reclamamos, choramos, buscamos um culpado e depois passamos para outra.

O que precisamos entender é que todo o material íntimo que negligenciamos, retorna um dia para ser pensado, sendo que nem sempre ele surge em forma de algo compreensível para nós, mas, freqüentemente, como sintoma.

Com isso acabo de apontar uma diferença fundamental entre a lua e nossas experiências de morte em vida.
Podemos passar a existência toda sem pensar no satélite natural da Terra sem que isso nos afete. Entretanto, levar a vida sem pensar na morte, é, fatalmente, não pensar na vida.
E, sem pensar na vida, onde será que vamos chegar? Ou melhor, como será que vamos chegar?
Texto revisado

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Conteúdo desenvolvido por: Claudia Gelernter   
Tanatóloga e Oradora Espírita, professora e coordenadora doutrinária
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