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Vazio existencial e autodesconhecimento

Atualizado dia 12/29/2015 11:30:54 AM em Espiritualidade
por Flávio Bastos


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"Mas de que adianta sair para a festa e voltar para casa sempre com o coração vazio?" (Caio Fernando Abreu)

Segundo o filósofo brasileiro Michel Aires de Souza, "vivemos numa época de incertezas, de insegurança e de superficialidade. Temos dificuldade em entender nossa própria experiência social e não conseguimos nos dar conta da relação que há entre nossas vidas e as forças que nos subjugam. Não percebemos que nossos dramas, conflitos, medos, frustrações são em grande parte causados pelos valores de nossa sociedade ou pelas estruturas sociais que nos governam. Por causa disso, não temos uma experiência bem definida das nossas próprias necessidades, não sabemos o que sentimos ou o que verdadeiramente queremos.

Todos os dias os indivíduos acordam cedo, vão para o trabalho, para casa, conversam sobre os mesmos assuntos, fazem as mesmas atividades e assistem aos mesmos programas de televisão. Aos finais de semana, buscam as mesmas agitações e divertimentos. Eles são incapazes de perceber que possuem uma vida fragmentada, muitas vezes degradada pelo cotidiano da labuta, das transformações econômicas e do consumo. Estão sempre em movimento, em busca de um objetivo ou desejo insuflado pela sociedade. Apegam-se a valores ou regras externas que não escolheram conscientemente como se o mundo tivesse um sentido ou um significado dado a priori. São seres despersonalizados pela cultura. Seguem padrões. Vivem numa matrix, incapazes de separar a consciência da realidade. São incapazes de reconhecer o Nada e darem sentido às suas próprias vidas. Como diz Montaigne, Meditar sobre a finitude é meditar sobre a liberdade.

As pessoas não querem se dar conta que o Nada está inserido em nossa própria carne e em nossa própria alma. O Nada surge diante do homem aniquilando todas as coisas que o rodeiam e aniquilando o próprio Eu. É o Nada que retira o sentido da vida. Somos seres para a morte. A descoberta do Nada da vida humana levaria o homem a reconhecer que a existência é um acidente, é algo casual e efêmero, e que o amanhã não poderá mais existir. O homem recusa a encarar a verdade. Já dizia Sócrates, Conheça-te a ti mesmo. O conhecimento de si mesmo implica em reconhecermos a nossa finitude. É o Nada que está em nosso interior e que não somos capazes de encarar, que nos aniquilará. O que falta ao homem é a consciência de sua facticidade. Estamos lançados ao mundo como um barco sem rumo. A imanência nas coisas nos tira a consciência de nossa condição finita, é somente a consciência do Nada que nos permite transcender  e realizarmos nossa própria vida e comportamento, dando sentido e significado a eles".

COMENTÁRIO
O texto de Michel Aires de Souza poderia ser resumido em poucas palavras, registradas por Blaise Pascal, filósofo francês que viveu no século XVII: "É assim o ser humano: tão vazio que se preenche com qualquer coisa, por mais insignificante que seja".

No entanto, a experiência vital é muito mais que "um preenchimento de qualquer coisa", pois aprender a viver é uma arte que exige longo aprendizado. E quando falamos do aprendiz, nos referimos às inúmeras oportunidades que tem o indivíduo inteligente de extrair de suas vivências, as lições necessárias para processar a sua evolução consciencial.

Somos viajantes do tempo e carregamos a nossa bagagem que pode ser quase vazia ou quase cheia de importantes aprendizados sobre si mesmo, o outrem e o universo no qual estamos inseridos. A falta deste conhecimento implica numa existência vazia de conteúdo existencial, que pressiona o agente de sua própria história a buscar o preenchimento através de opções alienadas da sua essência, intensificando, dessa forma, a sensação de vazio existencial, à medida que as nossas escolhas são baseadas no Eu pessoal arraigado aos valores da sociedade competitivista e de consumo. Esta lógica pode realizar financeiramente o indivíduo, mas também pode desviá-lo para o caminho do autodesconhecimento, o que aumentaria a sua angústia em relação ao significado da vida e, em decorrência, a sensação de vazio existencial.
As verdadeiras riquezas da jornada existencial não se encontram nos valores que a mente condicionada e padronizada pela Matrix busca nos valores superficiais. Estão escondidas na profundeza do ser, à espera de que o "mapa do tesouro" seja revelado e a jornada para encontrá-lo seja realizada pela mente desperta.

Muitos casos de depressão, que são tratados pela Psicoterapia Interdimensional, estão relacionados à quase permanente sensação de vazio existencial. São pessoas, que independente da idade, sexo, profissão ou nível social, buscam o significado da vida. Na maioria destes casos, observamos através da técnica regressiva em estado alterado de consciência, que a pessoa busca a razão do viver desde muito antes de seu nascimento e tendo a melancolia, a sensação de infelicidade e o pensamento/ato suicida como antigos companheiros de jornada existencial.

Por outro lado, muitas pessoas superam os sintomas da depressão e a sensação de vazio existencial, ressignificando a vida através do trabalho voluntário no âmbito da caridade, onde a interação social, o amor dispensado e a dedicação necessária são experiências enriquecedoras no sentido do aprendizado e da expansão da consciência.
Portanto, somente valores essenciais à nossa natureza inter e multidimensional, que são valores relacionados à realização integral do indivíduo, podem nutrir a lacuna existencial de riquezas descobertas pela mente desperta. Caminho inverso à inércia do autodesconhecimento que trava e atrasa por tempo indeterminado, a evolução da consciência.
Nesta direção, não existem fórmulas prontas ou regras pré-estabelecidas: cada caminhante faz o o seu caminho de descobertas ao caminhar. Entretanto, para alterarmos o modelo comportamental-emocional que nos acompanha há muito tempo, o ponto de partida é o mesmo para todos e chama-se autoconhecimento. É em decorrência do primeiro passo e de muitos outros que teremos pela frente, que os "mistérios" e o significado da vida são revelados em "conta-gotas" ao caminhante.

É transformando-se que o indivíduo dotado de excepcional capacidade de expansão consciencial, conseguirá alterar a Matrix -seus valores e processos obsessivos subjacentes- ao qual encontra-se aprisionado. A partir deste momento, ele compreenderá que a vida é um desafio mais intenso e profundo que o homem imaginou, o qual podemos resumir na curiosa frase de Augusto Cury: "A vida se estende rapidamente no parêntese do tempo. Vivê-la lenta e deslumbradamente é o grande desafio dos mortais".

Texto revisado

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Conteúdo desenvolvido por: Flávio Bastos   
Flavio Bastos é criador intuitivo da Psicoterapia Interdimensional (PI) e psicanalista clínico. Outros cursos: Terapia Regressiva Evolutiva (TRE), Psicoterapia Reencarnacionista e Terapia de Regressão, Capacitação em Dependência Química, Hipnose e Auto-hipnose, e Dimensão Espiritual na Psicologia e Psicoterapia.
E-mail: [email protected] | Mais artigos.

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