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A pureza da criança (A felicidade alheia!)

Atualizado dia 7/31/2016 12:17:50 PM em Psicologia
por Paulo Salvio Antolini


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Era uma sexta-feira, por volta de onze horas da manhã. O local? Um vagão do metrô, São Paulo. Quase todos os bancos ocupados, mas não estava cheio. De repente, começou uma pequena algazarra infantil. Duas crianças, por volta de sete e seis anos, sentaram-se no chão e começaram a brincar que estavam dirigindo, fazendo dos pés de sua mãe o volante. Seus movimentos não eram bruscos. Suas risadas poderiam ser contagiantes.
Inicialmente, estranhei o barulho; em seguida, comecei a observar a reação das pessoas. Os olhares? Todos eram críticos. Não percebi ninguém com um sorriso e vi que também me encontrava com expressão séria.
Essa brincadeira ocupou as crianças por uns vinte minutos e em todo o tempo o riso solto e fácil delas ocupava o vagão. Apenas no final da viagem para elas é que se levantaram e foram até o outro extremo do vagão, correndo e rindo. Sua mãe os chamou com um “vamos descer” e eles obedeceram de imediato. Ela disse quando a porta abriu: “Vamos dar tchau ao motorista”.
Estávamos no primeiro vagão do comboio, eles desceram e foram rapidamente acenar para a pessoa que, de dentro de sua cabine conduzia o comboio. Escutei um comentário: “Até que enfim”. Entendi ser alguém clamando pelo silêncio.
Durante o restante do dia, a cena onde o riso fácil e a alegria das crianças permaneceram em minhas lembranças. Assim como os olhares críticos dos adultos. Elas não foram inconvenientes, não mexeram com ninguém, apenas estavam felizes. Lembrei ter me percebido também sério, atitude que modifiquei logo que me dei conta disso. Estava voltando de uma reunião onde os assuntos foram muito preocupantes. Quando me dei conta de que estava sisudo, me soltei frente à alegria das crianças e quando desci meus problemas já estavam muito mais leves.

Já perceberam o quanto a felicidade alheia incomoda? “Eu estou com tantos problemas, por que você está tão feliz?” E a felicidade infantil, então? Mas ainda que adultos possam demonstrar suas insatisfações, pois podem alegar que estão sendo perturbados não pela alegria, mas sim pelo barulho. “Não estou podendo me concentrar”, justificam alguns.
Relembrei vários momentos onde até mesmo os pais de crianças se demonstraram incomodados com a alegria de seus filhos, mandando-os se calarem ou irem para longe. A desculpa é a mesma, o barulho. O motivo real é a dificuldade que nós, adultos, temos para nos entregarmos a momentos de alegria e felicidade.
O que está acontecendo com o mundo adulto? A perda da capacidade de ser alegre e feliz? O não saber mais se contentar com as coisas simples e existentes ao nosso redor, tal quais as crianças que de um pé para cada uma delas, fizeram um volante e passaram bons momentos rindo e se divertindo?

A experiência vivida naquele vagão foi triste em sua conclusão: o riso fácil e a alegria de uma criança deveriam ser contagiantes, porém obteve resultado inverso. Foi incômodo.
Experiências felizes deveriam servir de estímulos àqueles que estão atravessando fases conturbadas, porém são sentidas e recebidas como uma afronta às dores que estão sendo vividas. Quando conversado com as pessoas sobre isso, as argumentações giram comumente em “minha vida foi/ é muito difícil”; “Lembro-me da severidade de meus pais” e assim por diante. Parem para refletir como estão reagindo à alegria e entusiasmo de uma criança. Se desde o início ela lhes é incomoda, precisam rever o como estão lidando com vocês mesmos. Um barulho constante e agitação permanente realmente incomodam, porém na maioria das vezes não é isso que acontece. Basta um pouquinho e já “azedou tudo”. É hora de jogarem fora as justificativas e exercitarem novamente o sorrir frente às gargalhadas infantis.

Vamos inverter: em vez de tirarmos delas a alegria de viver, deixando-as emburradas e desanimadas, vamos reaprender com elas a sorrir, ficar alegre com as coisas simples e entender que a vida pode e deve ser levada de uma forma séria, porém, leve.

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