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A Rigidez do Ego na Terceira Idade

Atualizado dia 7/27/2009 9:33:25 PM em Psicologia
por João Carvalho Neto


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Desde a época do desenvolvimento da Psicanálise, através de todo o trabalho de Sigmund Freud, que ficou sustentado, quase que como um dogma, o fato de pessoas com mais de 65 anos não estarem mais aptas a tirar proveito de uma terapêutica de orientação psicanalítica.
Isso se deu pela circunstância, que temos que considerar real, de o ego tornar-se mais rígido após certa idade, resistindo às transformações que se espera durante o tratamento psicoterápico.
Vamos tentar desenvolver em algumas linhas o que acontece nessa situação.

Nosso psiquismo é administrado por uma instância a que chamamos ego, que tenta manter justamente a harmonia entre os desejos inconscientes e as exigências sociais. O ego é fruto de uma construção que se inicia desde o nascimento – e talvez até antes dele – derivado de outra instância que é o id, e que adquire características próprias pela forma como é submetido aos processos educacionais, ou seja, sujeito às forças externas que vão, pouco a pouco, moldando-o para a realização de seu propósito.
Um ego que seja demasiadamente valorizado pode tornar-se muito narcisista, outro que não seja confrontado com seus limites pode tornar-se muito rígido, sem aprender a adaptar-se às variáveis do caminho. Outro ainda que seja massacrado por recriminações ou maus tratos tenderá a ser fraco e submisso. O ideal é que o ego do sujeito – a criança – seja defrontado com limites, ajudado a adaptar-se a eles, valorizado sem exageros, para tornar-se forte e flexível. Forte para enfrentar as ameaças do meio externo e modificá-lo quando possível, e flexível para adaptar-se quando essas ameaças sejam insuperáveis.
É justamente isso que vai caracterizar uma mente saudável. Mas, também, é da combinação de todas as outras possibilidades que citamos, entre tantas mais, que vão se criar as predisposições patológicas.

Contudo, o que faz com que o ego derive do id e se constitua, entre diversas outras questões, é a percepção e ação do corpo que se desenvolve e se torna o instrumento da vida para o sujeito. As sensações corporais ajudam a construir um sentido de individualidade e as relações que o psiquismo vivencia com a realidade externa, através do corpo, trazem o sentido da subjetividade ao indivíduo. Isso nos leva a concluir que quando o corpo entra no estágio de declínio de sua vitalidade, com as idades mais avançadas, o ego também sofre as consequências, ficando mais frágil e rígido.

Assim, os sintomas psicopatológicos – quase sempre transtornos neuróticos – que levam pacientes com mais de 65 anos aos consultórios, não surgiram nesta idade, mas foram criados desde as idades mais remotas da infância e só passaram a ser insuportáveis porque o enfraquecimento e a rigidez do ego as potencializaram.
A conclusão é que a idade avançada tanto piora sintomas emocionais já existentes quanto dificulta as mudanças necessárias para a sua melhoria.

Duas questões, então, precisam ser pensadas a este respeito.
A primeira, é que mesmo nessas circunstâncias a psicoterapia, inclusive, a de orientação psicanalítica, pode produzir alívio das tensões intrapsíquicas, melhorando significativamente a qualidade de vida do paciente. Atualmente, os psicanalistas já aceitam pessoas com mais de 65 anos como tratáveis.
A outra, é que a família desses idosos precisa ter a consciência das dificuldades encontradas por eles para se adaptarem a situações novas, tanto ambientais quanto emocionais. Não é que eles sejam “rabugentos” ou “implicantes”; o fato é que a vida se lhes torna mais complicada mesmo, envolvida algumas vezes em pensamentos negativos e depressivos diante dessas dificuldades. Um problema a enfrentar que para um jovem poderia ser de fácil solução, para um idoso pode ser um grande desafio.
Portanto, a regra para com eles é ter compreensão, paciência e, se for o caso, encaminhar para um acompanhamento psicoterápico.

João Carvalho Neto
Psicanalista, autor dos livros “Psicanálise da alma” e “Casos de um divã transpessoal”.

www.joaocarvalho.com.br




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Conteúdo desenvolvido por: João Carvalho Neto   
Psicanalista, Psicopedagogo, Terapeuta Floral, Terapeuta Regressivo, Astrólogo, Mestre em Psicanálise, autor da tese “Fatores que influenciam a aprendizagem antes da concepção”, autor da tese “Estruturação palingenésica das neuroses”, do Modelo Teórico para Psicanálise Transpessoal, dos livros “Psicanálise da alma” e “Casos de um divã transpessoal"
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