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ANÁLISE E SÍNTESE

Atualizado dia 7/27/2011 10:08:00 PM em Psicologia
por João Carvalho Neto


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Vivemos em um mundo altamente fragmentado na observação que dele fazemos através de nossos órgãos sensoriais. Olhamos as partes, sentimos os cheiros, raciocinamos em cima de funcionamentos, tocamos, ouvimos sons, e todas essas percepções, no fundo, caracterizam aspectos de conjuntos muito mais complexos do que podemos imaginar.
O próprio paradigma científico que emerge a partir do século XVII, estruturado principalmente na visão cartesiana e positivista, estabelece-se na fragmentação do conjunto para, através da análise das partes, tentar entendê-lo. Só que, com isso, muitos ficamos mais presos à compreensão dessas partes do que à visão do conjunto.
Um exemplo no nosso cotidiano é a subdivisão da medicina em tantas especialidades, como se os órgãos e sistemas do corpo humano funcionassem isoladamente, sem estarem relacionados em uma sinergia que atribui a cada parte a influência do organismo enquanto totalidade.
Claro que –e eu não nego isso– aprofundar o estudo das partes é necessário, mas somente será produtivo quando não se perde a visão da síntese, ou seja, quando se trabalha uma percepção holística de ver o próprio conjunto presente nas unidades que o compõem.

O problema é que ao analisarmos as partes tendemos a usar as ferramentas psíquicas do raciocínio lógico, deixando de penetrar aspectos mais sutis e somente passíveis de serem percebidos por outras funções psíquicas, como a intuição.
Os processos psicoterapêuticos não estão imunes a esta situação.

Existe uma tendência das ciências psicológicas de ter um olhar simplista sobre as causas dos transtornos mentais e sobre a condução terapêutica, buscando situações traumáticas específicas como se cada patologia estivesse associada apenas a um evento. E isso é um grande erro estratégico no manuseio dos tratamentos psicológicos.

Uma causa de origem traumática, qualquer que ela seja, apenas disparou uma sintomatologia que já estava sendo plantada no terreno fértil das predisposições psíquicas daquele que adoece.
Não é o trauma que gera o transtorno mental, são as predisposições do conjunto psíquico do ser que, frágeis e rígidas, não conseguiram elaborar o trauma. E mesmo quando a pessoa parece estar encontrando alívio para seus sintomas, até parecendo curada, se as predisposições do sistema de forças psíquicas não forem suficientemente trabalhadas para criar um estado mais saudável para o conjunto, as recaídas serão quase inevitáveis.
Caso típico desse engano terapêutico são os transtornos depressivos que tendem a ser reincidivos em 50% dos casos chegando a 90% após mais de dois retornos.

Na medida em que a pessoa começa a se libertar das aflições e angústias, tomando consciência sobre elas, faz-se necessário desenvolver uma compreensão de síntese sobre sua individualidade, para que ela se perceba além de sintomas, ou conflitos, ou traumas, ou mesmo além de uma personalidade atual, mas um ser global, uno, ligado a estruturas macrocósmicas atemporais, com permanente interação entre suas pulsões interiores, os estímulos do ambiente externo, seus antecedentes palingenésicos e suas perspectivas transpessoais.
É do somatório do que já fomos, das possibilidades do que ainda viremos a ser, das forças intrapsíquicas e das ações estimuladoras do ambiente que surge o ser, não como uma sobreposição dessas partes mas como um intrincado sistemas de forças dinâmicas em permanente interação.
Essa percepção profunda da nossa síntese pessoal, somente passível de ser alcançada pelas estratégias meditativas e reflexivas, é que pode trazer mais sentido às nossas vidas, aos fatos alegres ou dolorosos que nos afligem, ampliando a capacidade de superá-los no rumo do encontro com a felicidade.
É o que podemos chamar de estado de plenitude. Não apenas uma plenitude no encontro com a transcendência lá fora, nos êxtases da religiosidade, mas, em conjunto com isso, uma plenitude que se constrói a partir de si mesmo, do seu auto-encontro para o encontro definitivo com a totalidade.

João Carvalho Neto é Psicanalista
Autor dos livros “Psicanálise da alma”
e “ Casos de um divã transpessoal”

www.joaocarvalho.com.br

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Conteúdo desenvolvido por: João Carvalho Neto   
Psicanalista, Psicopedagogo, Terapeuta Floral, Terapeuta Regressivo, Astrólogo, Mestre em Psicanálise, autor da tese “Fatores que influenciam a aprendizagem antes da concepção”, autor da tese “Estruturação palingenésica das neuroses”, do Modelo Teórico para Psicanálise Transpessoal, dos livros “Psicanálise da alma” e “Casos de um divã transpessoal"
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