Impermanência é a única certeza
Atualizado dia 6/4/2021 11:42:35 AM em Psicologiapor Inês Bastos
Antes mesmo dos dois anos de idade, já temos que controlar nossos desacertos escondidos dentro das fraldas, que a partir de certo dia, são inaceitáveis. Crescemos tentando... tentando e não conseguindo acertar. Segue tudo dando errado, porque os acertos não são contabilizados, afinal é só o que esperam de nós e não fizemos nada mais que nossa obrigação. Só o que esperam de nós? Que sejamos como nos planos da cultura e nos devaneios gerais? Mais que isto, dourarmos o orgulho das famílias através do nosso brilho e esforço?
Se o assunto for outro ser humano, então, é caso de urgência ou culpa. Mas um bicho podemos matar para comer em uma festa, uma planta centenária pode ser abatida para virar uma mesa e os céus podem manter em órbita nosso lixo espacial. O que é tudo isto?
A vida é uma sucessão de acontecimentos, aos quais chamamos de problemas. Não serve para nada a ansiedade em resolver algo, se logo depois, outros fatos surgirão como desafio. O fluxo resolve tudo na hora certa, porque não há nada que não tenha solução, exceto o que já é. Pode existir muita dor, saudades e raiva, mas o plano maior é que vê tudo com olhos bem acima da nossa compreensão. Resta-nos entender e aceitar.
E o grandioso EU que existe aqui dentro? Nosso jeito é o certo. Quanto tempo vamos levar para nos ver como um ser único, fora das previsões e estatísticas?
Quando existe alguma emergência, quem vem nos socorrer? Provavelmente, será um ilustre desconhecido em uma ambulância, a polícia, um pedestre, vizinho... Em um segundo, estamos sendo assistidos novamente, saídos de uma grande enrascada. O Universo, Deus, a Fonte, nosso Inconsciente é a própria essência da manutenção da vida. Nada falha.
Nossa ligação com esta Fonte deveria ser de confiança. Confiar. Com fio ligar. Ele e ou Ela, os desconhecidos sempre atentos nos socorrem. Este magnífico ponto divino em nós está sempre aceso, é a chama. Chama que nos provoca e, mesmo assim, não a vemos ou resistimos a ela, por acreditarmos que seríamos a melhor continuidade dos nossos pais, avós, comunidade, país e mais ainda, melhores que eles em tudo, até como vingança pelos estragos que deixamos que entrassem em nós. Tão pouco perto do que somos realmente!
Somos orgulhosos de sermos os responsáveis por nós e tudo e todos que nos cercam. Orgulhosos orgulhosos. Amamos nosso posto, nosso pedestal. Em algum momento, viveremos o cansaço disto tudo. Um basta nas tentativas, nas dores, cobranças, culpas e verdadeiros fracassos. Vamos ter certeza que a vida trabalha a nosso favor, sempre, mesmo quando não parece naquele momento. Teremos certeza apenas olhando para trás, abandonando os desejos dos louros e medalhas. Somos muito mais que conseguimos compreender.
Deixar a vida nos levar é isso. Não só uma letra de música gostosa de cantar. É se soltar! Pegar o fio da vida, aquele em que estamos ligados à Fonte, e tecer o que der, conforme a estação, confiantes apenas na impermanência.
Texto Revisado
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