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Internação compulsória!

Atualizado dia 6/11/2013 9:29:41 AM em Psicologia
por Paulo Salvio Antolini


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Foi-me perguntado o que acho da internação compulsória, decisão dos governos de alguns Estados, onde usuários de drogas após passarem por uma triagem com equipes multidisciplinares, são recolhidos a locais de tratamento, onde permanecerão mesmo contra a vontade por um tempo pré-estabelecido, submetidos a tratamento médico e psicológico.
Lembrei-me imediatamente que há mais de quarenta anos estava no auge a luta não só dos psicólogos, mas também outras classes da saúde pelo término dos hospitais de internações psiquiátricas, famosos nosocômios e que descumpriam suas funções de buscar o alívio aos males de seus internos, tornando-se verdadeiros depósitos humanos.
Na época muito se falou da importância do acompanhamento do paciente sem o afastamento de seu seio familiar. Pregava-se o atendimento quase que na casa do paciente. Com o tempo, os hospitais foram sendo descredenciados, alguns até fechados, o que pareceu ser uma vitória pela luta da humanização do atendimento. Porém a ação que era proposta e que substituiria a internação ficou em algumas poucas tentativas, e delas, a maioria fadada ao fracasso.
Não havia nomeação de profissionais suficientes, não havia recursos para as citadas visitas domiciliares e acompanhamento do processo dos pacientes entre seus familiares, assim como os próprios familiares sem, algumas vezes, orientação do como lidar, outras, sem poderem estar ao lado do familiar necessitado por precisarem trabalhar, o resultado foi bem contrário ao esperado.

Leio hoje pelos órgãos representativos de classes que estamos na contramão da evolução. E é exatamente aqui que gostaria de me deter: Porque estamos na contramão da evolução? O primeiro grande motivo que encontro é o não termos feito o que deveríamos ter realizado nos momentos em que estávamos no que era considerado o sentido de mão adequado. Muitos outros motivos existem, mas o não fazer quando é necessário gera sempre um fazer da forma como der.
A história se repete. Nada é feito e quando se faz algo, apenas se manifesta a oposição ao feito e o apontar do que deveria ter sido, mas não foi. Os discursos contestatórios são inflamados. A tomada de posições contrárias é radical. E a maior tristeza é que o ponto principal, nesse caso o atendimento aos drogados, deixa de ser o foco para se discutir as teorias e correntes sobre o assunto, como se o discurso do melhor conceito fosse a solução.

Acredito que essa é mais uma oportunidade para rever sim nossas condutas, mas de forma pratica e sequencial. Falar sobre o melhor tipo de água não alivia o sedento. Alguma coisa precisava ser feita. Esse é um começo. Entendo que melhor do que tomar partido pró ou contra, é sim a partir do que está ai, verificar o que deve ser feito para melhorar o atendimento a essas pessoas. Por mais que não gostemos do fato, fato é que muitos dos usuários não estão em condição de consciência para decidirem sobre o próprio tratamento.
Importante ver a posição dos familiares dos internados. Em sua grande maioria é de agradecimento, pois não conseguem segurar seus dependentes distantes das drogas e também não tinham onde recorrer. Muitas famílias apenas colocavam para fora de casa, fechando-lhes as portas. Assim como o abandono não resolve, também não o sermos irascíveis e vivermos em posições extremas.

Quero acreditar que poderemos nos desprender dos extremismos e buscarmos nos pontos de vistas contraditórios a melhoria dos que precisa ser aprimorado. Assumirmos o desafio, que por si só é enorme, e utilizarmos as diferenças de percepção sobre a situação para isso. Posso brincar dizendo: Vamos parar de parar, ou seja, cada iniciativa feita ao se mudar o comando é sumariamente "deletada" e ensaiada novas tentativas, digo ensaiada porque na maioria das vezes nada é feito e colocado no lugar. "Estamos desenvolvendo estudos para realizarmos esse grande projeto." Eis um dos argumentos apresentados.
Quando o assunto gera controvérsias e passa pela necessidade de se tomar posições, quem o faz fica exposto às criticas e falatórios dos que não fizeram. Em 2.006 publiquei o artigo "Engenheiros de obras prontas!". Nele vai uma reflexão sobre aqueles que não fazem, mas basta alguém fazer para vir a critica de que não está bom e teria feito melhor.
Se estamos na contramão da evolução, vamos todos nos unirmos, mas em uma direção só: Melhorar a assistência aos usuários de drogas, transformando cada vez mais os esforços realizados em resultados efetivos. A solução desse grande drama humano não passa apenas pelo que estamos falando aqui. Muitas ações e frentes existem. Vocês sabem disso. Aproveito para fazer mais uma constatação: como é um assunto de muito trabalho e morosos resultados, fica mais fácil falar que fazer.

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