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Meu amigo é um bipolar

Atualizado dia 9/29/2009 6:32:21 AM em Psicologia
por Flávio Bastos


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Uma leitora do STUM me escreve relatando o seu drama pessoal: "A vida inteira senti um desespero interno o qual nunca achei o porquê. Acho que estou em momento decisivo para a minha cura ou loucura. Fui dagnosticada como depressiva crônica por muito tempo e, ultimamente, como bipolar 5, mas tenho uma mediunidade ostensiva que está completamente bagunçada. É um desequilíbrio. Mas a minha pergunta é: Se o meu problema é emocional, físico ou espiritual? Se eu achasse a resposta talvez fosse o início de minha cura e o meu sonho de equilíbrio talvez começasse a se realizar. Podes me ajudar?"

Minha querida amiga, todos nós temos uma característica de personalidade, um talento especial ou uma "marca registrada" que carregamos conosco desde tempos remotos. Nesse sentido, a atração pelo diferente e o enigmático relacionado à natureza humana, tem sido a minha companheira de muitas jornadas neste planeta onde a heterogeneidade comportamental faz a diferença...

Tanto que os amigos que tenho de longa data são pessoas de perfil anticonvencional, portanto diferenciadas do conceito clássico de "normalidade". Um deles, inclusive, tem o Q.I. bem acima da média, talvez à beira da genialidade. Outro, que já foi personagem de artigo anterior, intitulado "Dependendo do olhar tudo é amor", continua bipolar e meu amigo.

Há cerca de vinte anos, antes de saber que era portador de bipolaridade, quando teve a primeira crise que o obrigou à internação clínica, essa pessoa era amigo de muitos amigos, pois era um cara descolado, que pela influência da euforia e pelo grau de comunicabilidade, simpatia e generosidade com as pessoas em geral, fazia fácil amizade por onde passava.

No entanto, bastou a primeira crise, a internação... e a depressão severa, para que muitos "amigos e amigas" se retirassem de sua vida, restando poucos amigos que com o passar do tempo acabaram também se afastando. E o amigo de longa data começou a experenciar o estigma social que a "doença" provoca, para mais tarde, após passar por psicoterapia, poder administrar melhor a sua situação sócio-familiar relacionada à experiência bipolar.

Atualmente, nas eventuais conversas que tenho com ele, procuro incentivá-lo para que aproveite com mais qualidade perceptiva possível, as experiências na alternância de humor, cuja medicação em dia não impede completamente a mudança de fase.

Lembro-me da época em que começou a manifestar-se os primeiros sintomas da euforia. O amigo, ainda jovem, na faixa dos trinta anos, além de trabalhar normalmente com informática, praticava boxe em academia, ciclismo e ainda encontrava tempo e fôlego para correr pelas ruas da cidade.

Residíamos há cerca de 16 km um do outro e, às vezes, aos domingos pela manhã, ele aparecia na frente da minha residência e gritava alto o meu nome. Ainda sonolento, olhava pela janela do quarto de dormir e lá estava aquela figura cheia de energia que acabara de percorrer quase 20 km correndo e ainda tinha fôlego para executar movimentos do boxe às 7 horas da manhã de um domingo...

Não raramente, ele aparecia à noite depois de percorrer o trajeto de bicicleta ou correndo. Acolhíamos o amigo, cnversávamos e após a janta ele retornava à sua família de esposa e duas filhas ainda crianças. E num desses retornos ele sofreu um acidente, o que causou-lhe uma fratura na perna e a primeira crise emocional que o levou à internação clínica.

Desde então, a sua vida tem que ser controlada com remédios que estabilizam a acentuada alternância de humor. O tempo foi passando e o amigo trabalhador, e atleta cheio de energia vital, teve que adaptar-se a uma nova realidade que envolveu sua família e as suas relações sociais e profissionais.

Contudo, às vezes, a euforia não se aguenta e dá uma escapada do rígido controle químico dos medicamentos, e o amigo volta por alguns dias a ser aquela pessoa alegre, simpática, espirituosa, generosa e cheia de vida...

Há mais ou menos trinta dias, ele experenciou a fase eufórica mais intensa depois que começou a tratar-se quimicamente... e o telefone aqui de casa não parou de chamar, pois a tendência do bipolar de viver intensamente cada momento de euforia, compensa a fase de recolhimento e desmotivação da depressão...

O amigo quando está na fase eufórica, lembra o personagem que celebrizou o ator Jack Nickolson no premiado filme "Um estranho no ninho": fica irreverente, diz coisas muito engraçadas, torna-se espirituoso e extremamente sensível e humano, e a sua mente alcança alta frequência no sentido do "papo-cabeça" e no aprofundamento filosófico.

No entanto, ele sabe que de minha parte eu imponho limites na nossa relação de amizade, como por exemplo, se ele liga demais aqui prá casa... e eu ou a esposa não atendemos ou desligamos o aparelho, é sinal de que ele está se tornando insistente, chato. Outro exemplo: se ele insiste no convite para jantarmos em um restaurante... e vamos com as respectivas esposas, e no outro dia o convite se renova em relação a outro restaurante... e respondo um "não", ele não insiste mais e passa a controlar a sua ansiedade.

Esses dias, numa atitude "espontaneamente generosa", característica da fase eufórica, ele pegou uma caixa de bombons e arremessou várias unidades a uns operários que trabalham em uma obra ao lado de sua residência. Depois, à noite, ligou-me dizendo: "Bah Flávio! Fiquei tri-amigo deles..."

Esse é o amigo de longa data que, quando está nessa fase, procura compensar a experiência de angústia, solidão e de isolamento provocado pela fase depressiva. É o ser humano que na interação com estranhos, conhecidos, familiares e amigos que ainda restam... busca a segurança, o afeto e o equilíbrio que na verdade todos nós buscamos, independentemente se somos ou não portadores de bipolaridade. E como já registrei anteriormente, é nesse sentido que geralmente começam e terminam as minhas conversas com o amigo, ou seja, no sentido de que ele possa aproveitar as distintas fases para elaborar aprendizados e crescer na busca do equilíbrio possivel em relação à sua realidade psíquico-espiritual.

Em relação à sua mediunidade, sugiro a leitura do artigo "Mediunidade em desequilíbrio" que encontrarás acessando o meu site no STUM.

Fraterno abraço! 

Psicoterapeuta Interdimensional.

flaviobastos 


Texto revisado por: Cris


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Conteúdo desenvolvido por: Flávio Bastos   
Flavio Bastos é criador intuitivo da Psicoterapia Interdimensional (PI) e psicanalista clínico. Outros cursos: Terapia Regressiva Evolutiva (TRE), Psicoterapia Reencarnacionista e Terapia de Regressão, Capacitação em Dependência Química, Hipnose e Auto-hipnose, e Dimensão Espiritual na Psicologia e Psicoterapia.
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