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O bom e velho orgulho

Atualizado dia 6/21/2008 5:05:39 PM em Psicologia
por Andrea Pavlo


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Sei que quero escrever sobre uma coisa, mas não sei direito o nome dela. Talvez precise falar de orgulho, talvez precise falar de respeito, ou talvez isso passe pelos dois.

Eu estava voltando do supermercado e, quando cheguei ao carro, com o carrinho cheio de compras para serem descarregadas, vi um carrinho parado bem atrás do meu carro. Sabe, estava cheio de espaço para deixar carrinhos vazios, mas a criatura deixou bem atrás do meu carro, me fazendo ter mais uma tarefa, que não era minha. Tenho notado o quanto as pessoas estão desrespeitosas umas com as outras ultimamente, ou será que sou eu?

Sempre fui bastante orgulhosa. Orgulhosa no sentido de não conversar com o porteiro, porque simplesmente não me lembrava dele, ou de não ligar de volta para o meu namorado depois de uma briga em que eu “jurava” que tinha razão. Está certo que, algumas vezes, isso é distração (no caso do porteiro, por exemplo), mas na maioria das vezes eu estava bem ciente do que estava fazendo.

Até que um dia acordei com um dos olhos com espasmos. Sabe aquela tremidinha que os olhos dão e que até chegam a atrapalhar a visão? Algumas pessoas dizem que é a pressão ocular, outras que é nervoso, mas o fato é que a coisa não passava. E lá fui eu tentar descobrir o que diabos era aquilo.

Depois de conversar com meia dúzia de colegas metafísicos entendi: orgulho. O orgulho, literalmente, estava me cegando. Mas é difícil para um orgulhoso reconhecer o orgulho mesmo que tropece nele. Então esses espasmos duraram dias e dias, até o fatídico dia do carrinho atrás do meu carro no supermercado.

Fiquei brava. P... da vida, para ser bem sincera... que falta de respeito! Custa colocar o carrinho de volta no lugar dele? Custa tirar a sujeira da mesa do shopping quando se levanta? Custa deixar uma pessoa entrar numa situação complicada no trânsito? Custa não grudar o carro na nossa bunda pedindo passagem? Custa dizer um oi, que seja?

Pois é. Algumas vezes, custa sim. E eu tive que descer do alto do meu pedestal de orgulho para perceber o quanto eu também faço isso com as pessoas. O quanto a “preguiça” não me deixa parar o carro quando alguém precisa de passagem. O quanto eu não quero admitir que eu preciso das pessoas e o quanto eu fico tentando provar o contrário o tempo todo. O orgulho é aquela parte de nós que acha que não podemos ser humilhados ou passar vergonha. Com o tempo e a loucura começamos a levar isso para todos os âmbitos da nossa vida.

No trânsito, por exemplo. Já perceberam que o que faz o trânsito dar um nó é mais a falta de tato das pessoas do que o trânsito em si? Está todo mundo lá para ganhar! Ganhar mais espaço, ganhar um lugarzinho que seja na fila de carros que estão esperando para entrar, ganhar tempo. Ninguém quer ser o bobo, ninguém quer ser passado para trás ou tomar uma fechada! Não. E se isso não é orgulho, é o quê, então?

Eu, pelo menos, vivo numa cidade apinhada de gente orgulhosa como eu. E está cada vez mais difícil viver aqui. Por que será? Justamente porque ninguém pode ser o bobo da corte, ninguém pode fazer a sua parte porque acha que isso é humilhante? É humilhante colocar um lixo no cesto? É humilhante tirar a sua bandeja quando utiliza uma mesa do shopping? É humilhante deixar uma senhora idosa passar na frente na fila no ônibus? Sim, para não nos sentirmos humilhados, humilhamos primeiro. Olhamos todo mundo de cima, do alto do nosso orgulho. Enxergamos as pessoas como inimigos e não como pessoas reais com necessidades reais e muito, mas muito parecidas com a nossas.

Que tal começar um processo ecológico de limpeza? Deixarmo-nos ser mais bobos, mais tolos, como prega a filosofia oriental? Não tem nada de errado em errar. Não tem nada de errado em sermos considerados os bobos, já que é isso que nos libertará de todo esse jugo social que precisamos cumprir dia após dia. Eu estou cansada de ser orgulhosa. Cansada de deixar oportunidades passarem por conta do meu orgulho. Não quero mais espasmos nos olhos! Quero conhecer as pessoas que trabalham para mim de alguma maneira. Quero poder ser gentil com alguém em qualquer lugar que eu for. Isso não fará de mim uma idiota, fará de mim uma cidadã! Alguém que tem o mínimo de noção de que vive num lugar com mais e mais pessoas e que não acha que todo mundo está lá para servi-lo!

E não quero mais perder oportunidades de crescimento e de evolução porque não dei o braço a torcer. Danem-se os braços torcidos! Eu quero é ser feliz!

P.S.: Depois de escrever este texto desci do meu orgulho e consegui ser atendida por um terapeuta (num curso) na frente de 150 pessoas. Falei do pior de mim e não me senti mal por isso!

Texto revisado por Cris

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Conteúdo desenvolvido por: Andrea Pavlo   
Psicoterapeuta, taróloga e numeróloga, comecei minhas explorações sobre espiritualidade e autoconhecimento aos 11 anos. Estudei psicologia, publicidade, artes, coaching e várias outras áreas que passam pelo desenvolvimento humano, usando várias técnicas para ajudar as mulheres a se amarem e alcançarem uma vida de deusa.
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