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O Desempenho da Função Materna

Atualizado dia 5/7/2008 8:25:31 PM em Psicologia
por Priscila Gaspar


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Uma coisa é ser a mãe, aquela que fornece o material genético e o ambiente biológico para o desenvolvimento orgânico do feto. Outra, muito diferente, é desempenhar o papel de mãe ou exercer a função materna, como se diz em psicanálise.

O bebê, no início da vida, é acometido por terrores, medos e ansiedades, afinal está diante de sensações corporais e estímulos que, inicialmente não têm nenhum sentido para ele. Se a mãe (ou pessoa que exerce a função materna) puder ser receptiva e compreensiva, terá condições de ajudá-lo a “digerir” esses sentimentos desconhecidos, conferindo-lhes sentidos e contendo sua ansiedade.

Ao nascer, o ser humano parte de um estado de não-integração inicial e tem a necessidade de outro ser humano que se identifique com ele e o ajude em sua integração, ou seja, a perceber-se no tempo e no espaço, reconhecendo-se no seu corpo e na realidade, para combater a ameaça de falta de controle sobre o que se apresenta. A integração, que tem início na elaboração imaginativa das funções do corpo, vai-se ampliando de acordo com os movimentos do bebê, bem como o seu relacionamento com o mundo externo. Nos primeiros meses de vida o bebê não consegue diferenciar o que é ele próprio e o que são objetos do mundo externo. Assim, em sua percepção, é como ele e a mãe fossem um só.

O que faz do vínculo mãe-filho um vínculo estruturante, além de fundamental é a particularização do interesse da, uma vez que ele é único. Os cuidados maternos, como a alimentação e a higiene ganham importância estruturante na medida em que há essa particularização, na qual cada criança tem um lugar específico, como um ser único, desejado pela mãe. É necessário que ela perceba como fazer para satisfazê-lo e possa reconhecê-lo em suas particularidades.

Dessa forma, função materna é desempenhada pela pessoa que cuida, amamenta, olha nos olhos da criança, ouve o que ela diz, está atenta aos seus sinais (orgânicos e emocionais) e uma série de pequenas atividades que são de grande importância para a criança (cantar, contar histórias, dar um beijinho no dodói, passar medicamento e assoprar...). Todas essas atitudes permitem à criança perceber-se como um ser único, amado, desejado e importante: “Alguém gosta de mim!”. Essencial para o desenvolvimento sadio. É importante ressaltar que esses cuidados dependem da necessidade de cada criança, pois cada ser humano responderá ao ambiente de forma própria, apresentando, a cada momento, condições, potencialidades e dificuldades diferentes.

O que parece ser muito simples é ao mesmo tempo complexo, pois, para que a mãe consiga ser uma pessoa amorosa e para que tenha a capacidade de conter as angústias do bebê, é preciso que tenha vivenciado, em sua história pessoal, uma boa experiência afetiva com sua mãe. Isso ocorre porque os fundamentos da constituição da pessoa e do desenvolvimento psicoemocional emergem da relação saudável que ocorreu nesses períodos iniciais. E, para ser capaz de se identificar com o bebê, bem como reconhecer e transformar as necessidades vitais, físicas e psicológicas de seu filho, é preciso que ela tenha tudo isso dentro de si.

A “mãe suficientemente boa”, como se diz em psicanálise, é a que proporciona o encontro do vínculo afetivo pelas necessidades fisiológicas até os processos de separação, gerando confiança na criança para suportar-se sozinha posteriormente. Cria condições de separação gradual, oferecendo elementos de suporte ao filho em processo de crescimento físico e psicoemocional.

Na fase da dependência relativa, a mãe suficientemente boa terá de falhar para que o amadurecimento do sujeito possa ocorrer. É a falta da mãe que, na medida certa, levará a criança a tolerar suas próprias angústias e contar consigo nas demais fases da vida.

Dessa forma, o adequado desempenho da função materna não é o da mãe supostamente “perfeita”, mas sim, a mãe flexível o suficiente para poder acompanhar o filho em suas necessidades, as quais oscilam e evoluem no percurso para a maturidade e a autonomia.

Texto revisado por: Cris


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Conteúdo desenvolvido por: Priscila Gaspar   
Priscila Gaspar é Psicanalista, Terapeuta de Regressão e Terapeuta de Casais, com especialização em Sexualidade Humana. Atende em psicoterapia individual e de casal.Contato: [email protected]
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