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O Interesse Coletivo

Atualizado dia 6/26/2023 5:37:22 PM em Autoconhecimento
por João Carvalho Neto


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A competitividade do mundo moderno, aliada à exacerbação de instintos mais primitivos - marca de uma humanidade em transformação - tem gerado demasiada angústia para todos, uma angústia que vem traçada pelas ameaças externas que fazem a vida parecer ainda mais frágil do que já é. Na conta dessa angústia, surgem diversas psicopatologias, a se destacar o transtorno depressivo em suas diversas escalas, causando sofrimentos individuais e familiares.

O suicídio, que com frequência temos ouvido falar, é uma expressão máxima dessa angústia, quando parece não haver mais solução para problemas tidos como insuportáveis para alguns, mas que outros desafiam e superam com mais facilidade.
Onde a diferença entre o que suporta e o que sucumbe? Na mesma diferença entre o que compete porque tem que ser o melhor e o que flui pela vida feliz por fazer o melhor que pode, sem autocobranças ou excessos de expectativa: o egocentrismo, que torna o ego rígido e frágil, diminuindo a capacidade de resiliência.

Todo ser humano nasce, por natureza, egocêntrico. A própria força das circunstâncias faz isso, já que o bebê precisa de cuidados e exige receber esses cuidados à custa de muito choro. Podemos ver esse fato manifesto na pirraça das crianças quando não conseguem o que querem, no egoísmo por dividir algum brinquedo ou mesmo uma guloseima que estão comendo. Por isso, as crianças precisam, desde cedo, serem educadas para sair desse estado egocêntrico, compartilhando e dividindo.
Com a consolidação da personalidade e o natural amadurecimento, fruto do processo biológico e educativo, esse egocentrismo vai cedendo lugar, fazendo despertar uma capacidade de conviver em sociedade. Claro que essa conquista não é homogênea para todos os seres humanos, variando em grau de pessoa para pessoa, de tal forma que vamos encontrar muitos adultos, com idades avançadas, que permanecem pensando e agindo de forma egocêntrica como na infância, exigindo prioridades e vantagens em detrimento dos interesses comuns.

Esse estado egocêntrico na fase adulta - podemos dizer patológico - é uma predisposição natural para as psicopatologias e mesmo para a fatalidade do suicídio, porque o suicida pensa que aquele problema que o aflige nunca poderia ter acontecido com ele, como se ele pudesse ser imune àquela situação, por um privilégio que o egocentrismo dele acredita ter. Nessa revolta, destruir a própria vida é um meio desesperado de se vingar da vida que existe nele mesmo.

No aspecto da transpessoalidade, vamos constatar que o amadurecimento da infância para a fase adulta repete a evolução psíquica da individualidade espiritual do primitivismo para o altruísmo. Quanto mais primitivas são as individualidades espirituais, mais egocêntricas; quanto mais evoluem, mais se abrem para sentir, respeitar e trocar com as outras criaturas do universo.
Além disso, o sistema capitalista também conspira para a perpetuidade desse egocentrismo, exacerbando no indivíduo um sentimento de importância própria para que ele se torne um consumidor melhor. Ou seja: "eu mereço, eu preciso, eu compro!".

O curioso - e ao mesmo tempo assustador - é que a sociedade só se construiu como nós a entendemos porque o egocentrismo primitivo infantil foi superado por um sentido de coletividade, onde o interesse individual teve que ceder ao interesse coletivo para que os grupos sociais sobrevivessem. Se assim não fosse, nós teríamos nos matado a todos, cada um buscando sua sobrevivência e sua satisfação mesmo que em detrimento do direito alheio. Claro que todos pensando dessa forma, não haveria espaço para construções comuns, onde cada um cede um pouco do seu desejo para que um interesse maior comunitário prevaleça.

A conclusão inevitável a que chegamos é que estamos caminhando na direção contrária às forças psicológicas que construíram a sociedade como nós a entendemos. Ou seja: se tivemos que abrir mão de alguns de nossos interesses individuais para que o coletivo sobrevivesse e crescesse, quando somos induzidos a supervalorizar nossos interesses para nos tornarmos consumidores em potencial, estamos subvertendo os processos de amadurecimento capazes de garantir a melhoria da qualidade de vida em sociedade. Nossa sociedade está em processo de auto-destruição! Na verdade, uma implosão egocêntrica!

Por isso, cabe a cada um que traga em si mesmo algum sinal de amadurecimento e sabedoria, não se entregar aos convites consumistas e competitivos desse sistema que insiste em violentar nossa evolução psíquica. É preciso que todos entendamos que os interesses comuns devem, por uma questão de sobrevivência, estar acima dos interesses individuais. Caso contrário, nessa falta de respeito pelo direito alheio, todos nós, cada um a sua vez e posteriormente todos juntos, vamos pagar como preço o fim da humanidade.
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Conteúdo desenvolvido por: João Carvalho Neto   
Psicanalista, Psicopedagogo, Terapeuta Floral, Terapeuta Regressivo, Astrólogo, Mestre em Psicanálise, autor da tese "Fatores que influenciam a aprendizagem antes da concepção", autor da tese "Estruturação palingenésica das neuroses", do Modelo Teórico para Psicanálise Transpessoal, dos livros "Psicanálise da alma" e "Casos de um divã transpessoal"
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