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Os Primeiros Sofrimentos do Bebê

Atualizado dia 3/15/2010 9:39:24 PM em Psicologia
por João Carvalho Neto


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Os primeiros momentos de vida de um bebê, desde o nascimento até os primeiros meses, são marcados por profundas necessidades de adaptação. Pensemos na vida intra-uterina que ele levava, mergulhado num ambiente protetor e acolhedor, sem utilizar seu aparelho digestivo nem o respiratório, e veremos quão diferente será a realidade por ele encontrada após o parto.
A Psicanálise vem apontar este momento como traumático, marcando a saída do ambiente de plena satisfação para outro cheio de necessidades, sensações desconhecidas e frustrações.
Em Terapia de Vidas Passadas temos a oportunidade de vivenciar, com pacientes em estado regressivo, as angústias que marcam o momento do parto, em contrapartida à sensação de libertação, leveza e bem-estar que acompanham muitas pessoas após a morte do corpo físico.
E essa angústia ainda vai se potencializando porque a individualidade espiritual que está em processo encarnatório se vê, subitamente, prisioneira de um corpo cheio de limitações, pequeno e sem capacidade neurológica suficientemente amadurecida para ser controlado.
Não é de se estranhar, portanto, o choro muitas vezes sem razão aparente, os resmungos durante o sono, já que ele se sente realmente incomodado de estar ali e daquela forma. Além disso, o aparelho digestivo e o respiratório começam a exercer suas funções somente após o nascimento, estando ainda despreparados para isso. As dificuldades digestivas, as cólicas, a flatulência são processos naturais de um estômago que desconhecia, até então, o alimento que passa a receber.
Claro que nessa hora também existe uma mãe, um pai e uma família em processo de adaptação ao novo ser que chegou, trazendo novas demandas ao núcleo familiar, exigindo disponibilidade de tempo, sono, energias físicas e mentais. Aliás, exigindo é a palavra exata, já que o bebê, mergulhado em um estado de onipotência narcísica – ou seja, só eu existo e minha vontade é soberana – não admite a possibilidade, ainda, de ser frustrado nos seus desejos. Por isso mesmo chora com vontade, na verdade com muita vontade.
É preciso que aqueles que estejam incumbidos de cuidar do bebê tenham este entendimento e a suficiente paciência para compreendê-lo e transmitir-lhe calma e segurança. A inquietação dos pais leva o bebê a um estado ainda mais ansioso e temerário.
Existe uma questão, inclusive, que é bem interessante de ser analisada, que é a capacidade visual do bebê. Como sabemos, ao longo das primeiras semanas ele não percebe as figuras definidas, apenas tendo visões de clarões, cores vagas, que só aos poucos vão formando modelos mentais dos objetos e pessoas que ele passará a identificar como conhecidos.
Isso acontece porque o cérebro desse bebê não possui ainda, na sua organização neurológica, as conexões que definirão e darão às imagens sentido e significado. Contudo, a individualidade espiritual em processo de encarnação já conhece essas figuras, pois já teve outras vidas e armazenou na sua mente essas lembranças, mas não pode ainda usá-las porque o novo instrumento de que dispõe – o cérebro do novo corpo – ainda está imaturo para isso. Pacientes em estado regressivo afirmam olhar para o ambiente ao redor, quando se vêem sendo bebês no passado, como quem olha para muito longe através de um binóculo embaçado.
Outra questão relevante diz respeito ao equilíbrio do bebê onde ele se deita. Lembremos que ele ainda não tem controle sobre o corpo, mas possui sensações muito vivas do ambiente ao seu redor, ainda que distorcidas, e que veio de um local – o útero materno – onde praticamente boiava ou flutuava, dentro de um engenhoso mecanismo protetor de impactos e deslocamentos. Por isso, ele sente seu corpo em constante ameaça de desequilíbrio aqui fora, e precisa ser colocado com referências físicas bem encostadas nele, para não sentir sensações de vazio ao seu redor.
Mas tudo isso passa e, aos poucos, a individualidade vai assumindo o controle daquele corpo necessitando movimentar-se como forma de exercício. No início, serão movimentos aleatórios, desgovernados, mas que aos poucos vão ganhando coordenação e força. Ele precisa, então, ser estimulado a movimentar-se, ser exposto a contatos físicos como forma de resistências que irão fortalecendo sua musculatura, ser exercitado na sua acuidade visual, enfim, ser submetido a experiências ricas em diversidade para que seus neurônios desenvolvam conexões que se tornarão modelos de comportamento e percepção conscientes.
No mais, é só ter paciência e curtir.

João Carvalho Neto é Psicanalista
Autor dos livros “Psicanálise da alma”
e “Casos de um divã transpessoal”
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Conteúdo desenvolvido por: João Carvalho Neto   
Psicanalista, Psicopedagogo, Terapeuta Floral, Terapeuta Regressivo, Astrólogo, Mestre em Psicanálise, autor da tese “Fatores que influenciam a aprendizagem antes da concepção”, autor da tese “Estruturação palingenésica das neuroses”, do Modelo Teórico para Psicanálise Transpessoal, dos livros “Psicanálise da alma” e “Casos de um divã transpessoal"
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