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Paradoxo: tudo nos é dado pronto e tudo temos que construir

Atualizado dia 2/8/2013 9:51:27 AM em Psicologia
por Mirtes Carneiro


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O dicionário Houaiss da língua portuguesa traz um dos significados   do verbo dar como: pôr à disposição ou propiciar. E como  dado encontramos: que se deu de graça; gratuito.
O mesmo dicionário nos oferece o significado de construir como criar, formar passo a passo, de degrau em degrau; preparar.

O que se coloca disponível a nós desde que nascemos são as possibilidades, tudo nos é dado em potencial. Isto significa que está disponível a nós "apenas como possibilidade ou faculdade, não como realidade".
Vamos colocar desta forma: ao nascer, nos é oferecido o caminho para que coloquemos em prática nosso potencial, que somente será real na medida em que vivenciarmos, experimentarmos, construirmos. Porém, muitos de nós têm dificuldade em entender isto, pois quase sempre pedimos a Deus algo pronto, tal como: paz, paciência, felicidade, alegria.
Para fazermos um bolo de nossa vida precisamos de ingredientes, não é mesmo?
Estes ingredientes estão disponíveis a nós, infinidade deles, de forma que possam ser construídos os mais diversos bolos, com as mais diversas texturas, com os mais diversos sabores e cores. Mas... por que será que pedimos o bolo pronto????

Construir, fazer, passar pela experiência, exige o que de nós? Que coisa é esta de que estamos fugindo? Estamos fugindo do esforço exigido de nós, para construirmos nossa história, ou seja: estamos fugindo da própria experiência! Estamos fugindo de nós!
Mas, queremos que alguém chegue a nós com a NOSSA resposta, com o NOSSO bolo. Como será isto possível???
Muitas vezes, encontramos pessoas com boa vontade em nos ajudar, oferecendo-nos o bolo pronto, mas... logo vamos perceber quer não é o NOSSO bolo, é claro, como poderia ser, se este bolo é da história do OUTRO?
Pode ser que o bolo do outro tenha precisado de muita água, caso sua história tenha sido muito árida. Tudo bem, pra ele foi necessária aquela quantidade de água, mas será que o meu bolo vai precisar da mesma quantidade?
Pode ser que o outro tenha que usar pouca água, pois onde viveu era difícil conseguir este ingrediente e, então, como vamos fazer com esta mistura do outro, que não é a nossa?

Para entendermos melhor, vamos dar nome aos ingredientes: ao invés de farinha, ovo, açúcar, sal, leite, água, fermento vamos colocar fé, alegria, tristeza, esperança, dor, sofrimento, carinho, paz, esforço, disposição, preguiça, enfim, infinitos ingredientes, todos os sentimentos e emoções possíveis.
É patente que, ao longo da vida, nós nos acostumamos a escolher determinados ingredientes e quase não utilizamos outros (como se eles não existissem ou não estivessem disponíveis). Isto se deve a nossa história de vida, a maneira como reagimos à realidade, a nossa interpretação e representação psíquica.

O processo terapêutico visa o autoconhecimento, ou seja, diz respeito ao próprio bolo, às próprias escolhas, ao próprio caminho. Visa disponibilizar ingredientes nunca antes experimentados, que possam enriquecer nosso bolo, diversificar escolhas, possibilidades.
Por esta razão é que fica difícil responder a uma pergunta não rara no consultório: "mas isto não é o normal? Mas não é esta a maneira certa?". E, fatalmente terei que responder a esta pergunta com outra pergunta: Normal para quem? Certo para quem? Por quê?

É difícil reinventar o bolo, de acordo com o processo de crescimento, mas ao mesmo tempo, pode ser muito estimulante, alegre e venturoso, quando percebemos que poderemos incluir novos ingredientes, já utilizados por tantas outras pessoas, enriquecendo por demais nossa experiência.
E assim, o paradoxo do viver, esta aparente falta de nexo entre: se já está pronto, por que tenho que construir?
Esta  contradição  pode ser entendida, saboreada, trilhada, explorada. O que traz a frustração é querer estar na estação de chegada, sendo que viver significa exatamente estar no caminho, na busca. E ainda estamos no caminho.

Então, nada melhor que a frase de M. Ruberck para finalizarmos este artigo, que ainda não está no final, está sendo construído, e isto ainda vai continuar...
"A felicidade não é uma estação de chegada, mas um modo de viajar".(M. Ruberck)

Texto revisado


 


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Conteúdo desenvolvido por: Mirtes Carneiro   
Mirtes Carneiro CRP06/111130 Psicóloga e Psicanalista Atendimento on line Tel 11 9 8108-5021
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