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PENSAMENTO POSITIVO OU PENSAMENTO MÁGICO?

Atualizado dia 10/18/2009 7:29:01 PM em Psicologia
por Priscila Gaspar


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Em tempos de grande divulgação acerca dos poderes do pensamento, encontramos basicamente duas posições: de um lado, os que acreditam plenamente que basta pensar e tudo se resolverá; de outro, os racionais que só aceitam o que for solidamente embasado pela lógica e pelo pensamento formal.
Afinal, que poder tem nosso pensamento?
Até que ponto pode ele mudar nosso futuro?
Somos ou não capazes de obter resultados práticos a partir do que pensamos?
Pensar positivamente pode ou não nos levar ao que desejamos?
Mesclada à boa literatura de auto-ajuda e esotérica encontramos obras que, muitas vezes, pecam pela excessiva simplificação e reducionismo, levando o leitor a confundir e distorcer conceitos como, por exemplo, pensamento positivo e pensamento mágico.

O pensamento mágico é um elemento de defesa que possibilita o convívio das emoções do sujeito com um mundo externo agressivo. Está presente na infância, nas culturas mais primitivas e também nos adultos, particularmente, nas situações em que necessita de uma saída ou fuga para emoções despertadas por uma realidade dolorosa ou frustrante. Muitas vezes nos envolver com a fantasia é condição imprescindível para enfrentar a realidade. No território do pensamento mágico abrigamos todas nossas crenças, paixões, superstições, enfim, nosso mundo da fantasia e da magia. No território do pensamento formal e lógico, habitam nossos conceitos, suposições, deduções, induções, idéias racionalizadas e, principalmente, a noção exata para valorizarmos adequadamente nosso próprio lado mágico. Assim, mesmo nós que nos consideramos seres humanos modernos, motivados por angústia, insegurança e sofrimento, seremos capazes de apelar ao sobrenatural e à fantasia.

Abrimos, então, o espaço para que crenças reducionistas se instalem, de forma generalizada e muitas vezes, ingênua. Entre elas, a crença de que podemos resolver tudo apenas com o nosso poder mental, desconsiderando os limites externos e mesmo os internos. Por exemplo, uma pessoa que deseje melhorar financeiramente e acredita que basta pensar nisso para que a situação se resolva por si, desconsiderando totalmente a conjuntura econômica global, bem como suas próprias crenças limitadoras e comportamento passivo. Essa pessoa espera que, ao mentalizar o que deseja (prosperar financeiramente) sua situação melhore como mágica.
Ora, se não houver um trabalho profundo em termos de mudança de padrões mentais e comportamentais, bem como noção dos limites externos, certamente essa pessoa se frustrará.
É importante saber que o desejo em si contém e evidencia a falta. Ou seja: o fato de desejar remete à falta do objeto de desejo, pois não desejamos o que já possuímos. Assim, ao nos concentrarmos no objeto de desejo estamos diretamente concentrados na falta dele. Daí a razão pela qual não basta apenas ou mentalizar o que se deseja. É preciso sentir que já se está na condição desejada ou que já se possui o objeto desejado, o que é muito diferente de ficar mecanicamente pensando no objeto e, dessa forma, fixando-se ainda mais em sua falta.

Exemplo: se desejamos a cura de uma doença e mentalizamos diversas vezes por dia “cura, cura”, estaremos fixando a idéia de que não possuímos saúde! No entanto, ao nos sentirmos saudáveis, a visualização mental detalhada, com emoções, percepções e sentimentos de que estamos dentro da cena, em perfeitas condições de saúde, criará caminhos e conexões mentais para que isso se realize. Em um plano mental inconsciente serão articuladas as formas racionais e lógicas para que isso seja obtido, mudando padrões mentais de pensamentos viciosos e crenças, permitindo a transformação do ser e mudanças comportamentais que incluirão hábitos mais saudáveis, como exercícios, alimentação e cuidados higiênicos até a inclusão de práticas de oração e meditação. Ainda que não venha a ocorrer a completa cura física, será evidente a melhora do estado geral de saúde em função da cura espiritual¹. Isso é o pensamento positivo, muito diferente do pensamento mágico, segundo o qual basta pensar (desejar) para que tudo se realize.
A influência dos pensamentos no comportamento humano e nos fatos da vida foi abordada em diversas culturas, sendo que nas mais primitivas situam-se no âmbito do pensamento mágico e nas mais elaboradas, como técnicas que visam modificar o padrão mental, o comportamento e, conseqüentemente sobre os fatos da vida. De maneira mais elaborada, a influência dos pensamentos foi tratada no budismo, abordada por filósofos ingleses do século XVII e, mais recentemente, pela Psicanálise Cognitiva e pela programação neurolinguística (PNL).
A máxima de Buda “O que somos é o resultado do que pensamos...” demonstra que a realidade é construída pelo pensamento e pelo valor que se dá aos acontecimentos. Quando nosso julgamento é passional, geramos nosso próprio sofrimento. Já a Filosofia Empirista Inglesa defende que o conhecimento humano depende de duas formas de experiência uma derivada da sensação; outra da reflexão. Considera que a sensação é a percepção das coisas do mundo externo; a reflexão é a percepção interna. Dessa forma, um mesmo fato (externo) pode ser interpretado de formas diferentes dependendo de como estamos internamente e a que valores é relacionado (fato positivo ou negativo; prazeroso ou doloroso; bom ou mau).

A Psicanálise Cognitiva enfatiza a existência de esquemas de pensamentos inconscientes formados na infância e que podem ser ativados gerando comportamentos psicopatológicos. Correspondem a crenças limitadoras e irracionais, que atuam na atribuição de valores positivos ou negativos ao que ocorre. Seguindo esse raciocínio, podemos substituir esquemas de valoração negativa por outros que levem a comportamentos mais saudáveis. Essa substituição pode ser realizada pela ressignificação em psicoterapia de base psicanalítica, por técnicas de terapia comportamental cognitiva e também por PNL.
Concluimos que os pensamentos podem, sim, mudar o que ocorre à nossa volta. Mas, para isso, não basta pensar e esperar soluções mágicas. É necessário método e técnicas apropriadas para modificar os padrões de pensamento e substituir os esquemas cognitivos existentes, como as crenças limitadoras, por outros mais favoráveis ao nosso desenvolvimento e evolução.


¹ Considerando a efemeridade do corpo físico e a eternidade do espírito, a doença física é com freqüência uma forma de depuração do espírito, visando o reajuste deste perante as Leis Universais.

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Conteúdo desenvolvido por: Priscila Gaspar   
Priscila Gaspar é Psicanalista, Terapeuta de Regressão e Terapeuta de Casais, com especialização em Sexualidade Humana. Atende em psicoterapia individual e de casal.Contato: [email protected]
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