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Quando os pais veem nos filhos o problema...

Atualizado dia 7/3/2013 12:22:31 PM em Psicologia
por Alex Possato


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Sistemicamente, entendemos que os filhos carregam, inconscientemente, os problemas dos pais e do sistema familiar. Eles estão tão conectados, que sentem os medos, as dores, os sentimentos escondidos, a revolta, as mágoas, o preconceito, o destino, e preferem sofrer, a ver os pais sofrendo. É um tipo de amor distorcido, que não ajuda a ninguém. Mas funciona mais ou menos assim: é como numa situação de emergência, você está morrendo de fome, mas está um pouco melhor que outra pessoa, e aceita dar a sua parte para aliviar um pouco que seja a fome do outro. Mas não há comida suficiente para ninguém, portanto, não há como remediar a situação.

Recebo clientes cujos filhos apresentam problemas: podem ser de comportamento, de rendimento escolar, doenças, de relacionamento etc.. Sempre, na totalidade dos casos, nos casos onde os filhos apresentam problemas, tenho que olhar para os pais e para os antepassados, porque eles estão mostrando na “pele” deles o que os pais estão se recusando a ver e aceitar. Os filhos não tem nenhuma responsabilidade pelo problema. Mas às vezes, os pais não querem assumir a responsabilidade. Dizem: o problema é do filho! Nesses casos, eu me recuso a fazer a constelação sistêmica. Quem olha de fora, talvez ache que não foi “feito o trabalho”. Mas não é isso... a recusa faz parte do trabalho sistêmico.

Hoje, eu estava estudando um pouco da obra do mestre da constelação familiar, Bert Hellinger. Ele explica um caso onde uma mãe o procurou para trabalhar o distúrbio de fala, da filha. Logo no início, quando foram colocados os representantes para a filha e a criança, o personagem da mãe virou as costas para a filha. Ele parou o trabalho e chamou a mãe real para sentar-se ao seu lado. E perguntou:

- de quem é o problema?
- da minha filha.
- não é isso que a constelação está mostrando.
- eu não vejo dessa forma, replicou a mãe.
- Ok. Vamos interromper por aqui.

E ele explica: “O que faço e mostro aqui é empatia sistêmica. Isso significa: não olho somente para o cliente ou para a cliente, neste caso, a criança. Olho para o sistema. Através de minha empatia sistêmica, dispensei a criança e coloquei o dedo na ferida. Agora o sistema todo entra em movimento, mesmo que tenha demorado muito até chegar a este ponto. Então, talvez, aconteça algo para a criança. Se a mãe não entrar em movimento, então ela é para a criança o seu destino. O terapeuta não deve interferir aí”.

Vou tentar explicar. Até chegar o ponto de uma mãe procurar uma terapia sistêmica para trabalhar a questão da filha, leva um bom tempo. Necessita um movimento energético e sistêmico muito grande. Porém, como sabemos pela constelação familiar, um filho carrega os problemas dos pais e antepassados. Logo, deve ficar bem claro para qualquer pessoa que a responsabilidade do trabalho e a possibilidade de melhorar estão nas mãos da mãe, neste caso. Eu sempre digo para a mãe olhar para ela e para a relação dela com os próprios pais. E depois, olhar para o passado familiar. Se existe uma recusa, ou uma reação infantil de birra, eu não faço o trabalho.

Mesmo assim, o “trabalho foi feito”, como diz Hellinger. É colocado o dedo na ferida: a responsabilidade é sua, mãe! Ou se fosse o pai, seria a mesma coisa: a responsabilidade é sua! O que você não está aceitando em relação ao seu passado? O que você está culpando nos filhos, que na verdade, é seu?

O que os pais não entendem é que este padrão de jogar a responsabilidade das dores do mundo nas costas dos filhos, originou-se nos pais deles. Ou seja, com certeza, os avós não se responsabilizaram pelas suas dores emocionais, e também culparam os filhos. E os bisavós. E assim por diante. Houve motivos para isso... nosso passado familiar é repleto de dores emocionais. Não existem culpados. Somente vítimas.

Perceba se você se sente em dívida emocional com os pais. Por mais que faça, se acha culpado por não ter ajudado mais. Isso é um grande indício de que você está carregando algo que os seus próprios pais não carregaram, e jogaram para você. Quando falo "a responsabilidade é sua", estou dizendo que cabe a você perceber que está carregando algo que não é seu, e devolver aos seus pais. E não cobrar os filhos (nem parceiros, nem ninguém) nem responsabilizá-los pelas suas neuras emocionais. Você assume suas neuras. E dá conta delas. É só isso. Tenho visto muitos pais trabalhando com esta postura madura e corajosa, e como mágica, os filhos “se libertam” de padrões distorcidos, sem nem mesmo terem feito terapia ou outra coisa qualquer. A constelação familiar funciona assim. E funciona mesmo! Há que se ter maturidade para assumir suas questões, seus padrões e dar conta deles.

 



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Conteúdo desenvolvido por: Alex Possato   
Terapeuta sistêmico e trainer de cursos de formação em constelação familiar sistêmica
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