Relacionamentos Tóxicos: Quando Amar Dói

Relacionamentos Tóxicos: Quando Amar Dói
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Autor Valter Cichini Junior

Assunto Psicologia
Atualizado em 9/15/2025 6:21:05 PM


Nem todo amor faz bem, às vezes o que chamamos de amor é, na verdade, uma repetição de dores antigas, disfarçadas de afeto. Relacionamentos tóxicos são como labirintos emocionais, sabemos que estamos nos machucando, mas não conseguimos encontrar a saída e, mais do que isso, muitas vezes nem percebemos o quanto estamos presos.

É comum escutar alguém dizer: "Mas eu o amo" ou "Ela é tudo pra mim", e de fato, pode haver afeto genuíno. O problema é quando esse sentimento vem acompanhado de dor constante, culpa, medo, controle ou humilhações. Quando o amor dói mais do que acolhe, algo precisa ser olhado com mais cuidado.

Por que ficamos em relações que nos ferem? Essa pergunta é dolorosa e delicada, mas fundamental. A resposta, na maioria das vezes, está longe da razão, está enraizada em padrões inconscientes que carregamos desde a infância.

Crescer em um ambiente onde o amor vinha misturado com rejeição, ausência, violência ou negligência pode deixar marcas profundas. A criança aprende que amar é se anular, é se calar, é aguentar e quando adulta, ela tende a buscar, mesmo sem perceber, relações que reproduzam esse mesmo cenário. Não porque goste de sofrer, mas porque esse é o modelo afetivo que ela aprendeu. É o que seu corpo reconhece como "familiar".

Assim, a pessoa entra num ciclo de relações abusivas ou emocionalmente exaustivas, tentando, inconscientemente, "resolver" algo do passado. Como se pudesse, enfim, ser amada do jeito que sempre quis, se apenas for paciente o suficiente, boa o suficiente, compreensiva o suficiente, mas esse "suficiente" nunca chega, e a dor vai se acumulando.

Outro aspecto comum em relacionamentos tóxicos é a dependência emocional. A pessoa sente que precisa do outro para se sentir inteira. Ela se desconecta de si mesma e passa a viver em função do outro, de suas vontades, seus humores, suas necessidades.

Essa dependência pode ser tão intensa que mesmo diante de agressões verbais, traições, desprezo ou manipulação, a ideia de se separar parece impensável. O medo de ficar só, de não ser amada por mais ninguém ou de não conseguir seguir em frente trava qualquer tentativa de mudança.

E aí, vem a culpa, culpa por não sair, culpa por pensar em sair, culpa por achar que está exagerando, culpa por não conseguir fazer o outro mudar. A culpa paralisa e alimenta o ciclo, ao lado do medo da rejeição, do abandono, de não dar conta.

Aprender a colocar limites é um dos maiores desafios para quem vive nesse tipo de relação. Isso porque, muitas vezes, a pessoa nunca aprendeu que tinha o direito de dizer "não", talvez em sua história, toda vez que tentava se proteger, era punida ou ignorada. Por isso, hoje, impor limites pode parecer egoísmo ou risco de perder o outro.

Mas é justamente o contrário, limite é cuidado, é um ato de amor-próprio, é dizer para si mesmo: "Eu mereço respeito". Sem essa fronteira clara entre o que é meu e o que é do outro, tudo vira um emaranhado emocional onde ninguém consegue respirar.

E colocar limites não é se afastar do outro por raiva, é se aproximar de si com respeito, é entender que amor saudável não machuca, não humilha, não prende. Amor saudável tem espaço para a individualidade, para a escuta, para o desacordo que não destrói.

Sair de um relacionamento tóxico não é simples, e não deve ser romantizado como se bastasse "querer" para conseguir. Muitas vezes, é preciso um longo processo interno para que a pessoa reconheça o que está vivendo, encontre força para buscar ajuda e, principalmente, se reconecte com quem ela é, para além daquela relação.

A terapia pode ser um espaço valioso nesse percurso. Ali, sem julgamentos, a pessoa vai se dando conta das suas histórias, das suas feridas, dos seus padrões. Vai entendendo que amar não precisa ser sofrer. Vai reconstruindo, passo a passo, sua autoestima, sua autonomia, sua capacidade de escolher, inclusive de escolher ficar sozinha, se for preciso, até que apareça alguém que saiba somar, e não subtrair.

Se você se viu em alguma parte deste texto, talvez seja a hora de se perguntar: o que eu tenho chamado de amor? O que estou suportando em nome do medo? O que ainda me prende a um lugar que me adoece?

Não há respostas prontas nem caminhos fáceis. Mas há sempre a possibilidade de mudança. Mesmo que devagar, mesmo com medo, é possível construir relações mais leves, mais respeitosas e mais verdadeiras. Começando, antes de tudo, por você.

O amor que cura começa dentro.

Paz e Luz.


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Autor Valter Cichini Junior   
Atendimento em Psicanálise
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