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Respeito na Era dos Descartáveis. Como ficamos?

Atualizado dia 11/12/2015 9:28:52 AM em Psicologia
por Estrela da Manhã


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Durante muito tempo vivemos a cultura do descartável de forma muito intensa, quase absoluta.

Recentemente conversava com a acompanhante de uma paciente no consultório a esse respeito. Divagávamos sobre a necessidade das fraldas descartáveis e como elas foram introduzidas em nossas vidas. Eu pontuava que com o nascimento da minha filha mais velha, em 1985, essas fraldas eram muito caras e por esse motivo só as utilizávamos para sair, para ir ao médico, em locais onde não seria possível uma troca de fraldas de tecido. Já na gestação dos gêmeos, em 1989, o custo era menor e pela praticidade, passei a usá-las para que eles dormissem melhor e favorecessem o meu repouso à noite.

Assim vimos surgir copos, pratos, talheres descartáveis. E a indústria passou a oferecer vários objetos de uso pessoal, móveis, peças de máquinas, produzidas a partir de materiais sintéticos, que diminuíam o custo do equipamento, mas também reduziam a sua vida útil.

Baratear o custo de produção foi e é importantíssimo, reduzir sua vida útil traz como necessidade a recuperação e muitas vezes a substituição. Ao comércio e à indústria, não interessa muito a recuperação. Adquirir um produto novo e descartar aquele que teve uma avaria, muitas vezes é mais prático do que recuperar e fomos estimulados por propagandas a comprar um novo.
Com o crescimento dos equipamentos eletrônicos e da informática, somos apresentados cotidianamente a equipamentos com mais recursos e rapidamente, aquele que possuímos e que nos serviu satisfatoriamente até ontem, hoje se torna obsoleto e necessita ser substituído. Torna-se descartável.

Aprendemos e introjetamos que o bom é o novo. O velho é descartável.

De certa forma, vamos trazendo isso para as nossas relações. Inicialmente esse envelhecimento, essa redução de capacidade aparece nas relações de trabalho. No consultório, tenho, cada vez mais, atendido pacientes lesionados com LER/DORT, que referem sofrer discriminação por parte dos colegas e dos superiores em ambiente de trabalho.

Aquele paciente, para a empresa, é uma peça danificada que pode ser descartada, substituída. Olhando a necessidade da continuidade do trabalho, nada mais justo. Mas, se olharmos a necessidade do funcionário, ou melhor, do ser humano que é o funcionário? Como nos sentimos ao perceber que não temos mais aquela função, aquela capacidade? Será que nos sentiríamos bem em sermos considerados descartáveis?

Os pacientes referem algumas sensações e sentimentos. Alguns dizem que as pessoas sentem pena deles, que os olham como coitadinhos, outros informam que são literalmente rejeitados e percebem olhares de repulsa e acusação de estarem recebendo salário com menos esforço.
Claro que a construção do emocional/psicológico/mental de cada um é individual e surge a partir das vivencias e da história de cada um, mas aquela orientação antiga de se colocar no lugar do outro é muito válida e serve de suporte para estruturarmos nossos sentimentos, nossa avaliação.

Entretanto, exercício de colocar-se no lugar do outro, também é construído nas nossas vivencias, ao longo da nossa vida. Colocar-se no lugar do outro, sentir com o coração do outro é uma das tarefas mais difíceis e delicadas que uma pessoa pode exercer.
Esse comportamento merece e necessita ser trabalhado rotineiramente no seio da família, pois é aí que se forma a sensibilidade das pessoas.

O respeito pelo ser humano precisa ser formado com exemplos e reflexões. O respeito pelo mais velho, não a obediência cega, submissa, sem direito a questionamento, mas o respeito pela vivencia do mais velho. O respeito pela experiência e pelo sentimento que não temos como avaliar, pois só sabe quem viveu, quem passou. Uma reverencia que os povos de outras culturas têm pelos ancestrais. Uma gratidão pelo conhecimento que contribuiu para que aquele povo, aquela cultura chegasse até aquele momento.

É diferente de olharmos o idoso como o velhinho bonitinho e frágil. É reconhecermos nele a sabedoria que nos conduziu até aqui. É entender que a sua limitação física, orgânica, mental, faz parte do processo natural de envelhecimento e deve ser reverenciada.

Quando aprendermos a respeitar os nossos anciões com reverência, que é um sentimento muito maior do que a compaixão pela velhice, então, passaremos a ter orgulho dos nossos idosos e verdadeiramente respeitaremos as limitações das pessoas. Essas limitações não passam de um envelhecimento focal, localizado, muitas vezes originárias de esforços extras e dedicação intensa.
Se o mundo grita e clama que precisamos rever o descarte de produtos e utensílios, usemos o nosso coração, a nossa alma, para não tornarmos descartadores de pessoas.

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Musicoterapeuta, Arteterapeuta. Atendimento também com Reiki e Florais. Fone- 71-99411-0107 Contato [email protected]
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