Atualizado dia 7/17/2013 9:19:09 PM em Psicologia
por SPAÇO NATUREZA & TERAPIAS
Por Silvio Farranha Filho, psicanalista
Um fato me chamou a atenção em um noticiário sobre o comercio da região da Rua 25 de Março, no centro da capital paulista, no final de 2008, informando a freqüência de um milhão de consumidores por dia, que geraram a receita de 17, 6 bilhões de reais. Outra notícia foi a preocupação da polícia militar em melhorar a segurança pública, tendo em vista que no ano anterior as operações policiais abordaram 1.269 batedores de carteiras na região.
Façamos um cálculo grosseiro, consideremos que esses malfeitores assaltaram 10 pessoas cada um e cada vítima tivessem 100 reais. Como resultado, teremos 12.690 pessoas agredidas representando 0, 01269% do total de pessoas/dia. Perderam R$1.269.000,00 que representa 0, 000....% de 17 bi. Por mais que os malfeitores vitimassem pessoas, os prejuízos não chegaram a arranhar o faturamento total. Então, quem são estas pessoas vitimadas? Por que exatamente elas?
Porque estas pessoas trazem dentro de si o estigma para o assalto, ou seja, elas trazem internamente uma marca que gera a necessidade de aprenderem através desta experiência. Os larápios existem por conta destas marcas e para elas, eles são atraídos e somente a elas é que podem e devem assaltar. Larápios e vítimas ligados por conta de suas escolhas e de suas verdades, de suas marcas internas, muitas vezes trazidas de outras vidas. Do total restante, os outros novecentos e tantos mil, dentre eles, quantas outras pessoas desavisadas dos critérios de segurança, até abusaram dos descuidos, expuseram-se a riscos desnecessários, ainda assim nada aconteceu? As pessoas vitimadas, de alguma forma, fazem o mesmo contra elas próprias.
Assaltam sejam de si mesmas ou de outras pessoas o tempo, a energia, a emoção, a amizade, a criatividade, a vitalidade física, a alegria, o apoio dos amigos, o dinheiro. Praticam pequenos delitos diante dos impostos ou ficam com o troco dado a mais, omitem a despesa cobrada a menos, mantém falas internas de que neste país não se deve ser pessoa honesta, barganham valores acima do necessário, minam a energia dos parceiros, impõem condições às pessoas próximas, vampirizam energias, fazem apropriações indébitas, etc.
Aparentam ser pessoas normais, politicamente corretas e aceitas na sociedade. Então, os assaltantes fazem com elas o mesmo que elas fazem a si próprias.
Se você já foi vítima de assalto, quais foram as lições de vida que você aprendeu com a experiência? Aprendeu na primeira ou precisou de repetições? Mesmo assim aprendeu? Você poderia ter aprendido de uma outra forma? Prestou atenção aos sinais? Psicologicamente, roubo está associado à falta, necessidade, julgamento. Questione-se: o que tenho medo de não poder ter ou de não merecer, ou o que eu tenho medo de perder? Faça uma avaliação honesta: como você está "batendo" a própria carteira? Nada acontece por acaso, pois só acontece a quem tem que acontecer.