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Sábado de Sol

Atualizado dia 1/24/2009 1:08:13 PM em Almas Gêmeas
por Isabela Bisconcini


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Tem uma música dos Paralamas do Sucesso que se chama Sábado e que é uma música importante na minha vida. Em 1992, tinha 25 anos e tive uma doença súbita e inexplicável, que foi uma experiência forte e que mesmo 17 anos depois, gostaria de comentar. Por conta da doença que os médicos diagnosticaram como leptospirose hemorrágica (como assim??), mas que os exames não positivaram, tive septicemia. Ou talvez a doença tenha sido septicemia, o que quer dizer infecção generalizada pelo corpo (estômago, fígado, intestinos, rins e pulmão) com hemorragia interna, da qual poucas pessoas sobrevivem. Não estou contando para causar efeito ou impressionar com uma história forte e pesada... mas para que, compartilhando experiências, possamos acordar e, cada vez mais, despertar do sono da ignorância.

Vivemos mesmo apoiados sobre a crença de que a vida é estável e fixa, na medida em que vivemos dentro do nosso mundo conhecido e da segurança que isso propicia. Mas, cada vez mais, estamos tendo o tapete desta crença puxado. Se você olhar ao seu redor vai descobrir uma história chocante e surpreendente que desmascara esta crença. Um amigo que adoeceu de um jeito inesperado, alguém querido que partiu desta vida... um relacionamento que acabou... Enfim, surpresas e choques paralisantes, que, nos tirando do conhecido, nos obrigam a repensar a maneira como víamos o mundo.

Mas por que essa situação me veio à mente agora? Voltando de uma situação que me tirou da zona de conforto - o contato com uma amiga que teve um desses golpes do destino - me emocionei e voltei à sensação de que estamos sempre por um fio, sempre nos enganando a respeito do que nos acontece, sempre achando que a vida é a segurança dos nossos passos e do nosso espaço conhecidos. Então, toda a situação da doença vivida no passado me voltou à mente... Porque de alguma maneira, mesmo que de raspão, senti o que esta amiga vem passando. São situações em que não sabemos o que está acontecendo e o que acontecerá em nossas vidas a partir dali. Só sabemos que nada será como antes...

Estas situações têm, a despeito do enorme sofrimento que provocam em todos que participam do evento, o benéfico poder de despertar-nos do sono da nossa (patética) crença de estabilidade. A vida não é reta, não é explicável pela lógica das nossas certezas e não é a segurança dos nossos passos premeditados. NÃO ESTAMOS MESMO NO CONTROLE. No fundo, tudo se resume em conseguirmos responder positivamente ao que se nos apresenta (como responderemos ao choque), sabendo que sairemos daquela experiência profundamente transformados.

O I Ching a este respeito diz no Hexagrama 51 – O Incitar (Comoção, Trovão):
“O choque vem: oh! oh!
Expressões de riso: ha, ha!
O choque gera pavor num raio de cem milhas
E ele não deixa cair a colher do cerimonial
De sacrifício, nem o cálice”.

“Quando um homem chega, em seu interior, à compreensão do que significa o temor e o tremor, ele está a salvo de qualquer medo provocado por condições externas. (...) O homem superior permanece reverente diante da manifestação de Deus, corrige sua vida e examina seu coração, para que não abrigue qualquer secreta oposição à vontade de Deus. Assim a reverência é o fundamento da verdadeira cultura.”

Porque o choque desestabiliza o ego e a lógica com que pensávamos a vida como um todo e nos põe naquele lugar do qual nunca deveríamos sair, que é o despertar para o fato de que não estamos no controle, não somos nós que comandamos o show... Sendo assim, tudo é mesmo precioso, cada coisa que nos acontece não é óbvia, e ela passará... como uma música que acaba. E tudo que fazemos é mesmo importante, mesmo o mais insignificante dos gestos e, a cada momento, andando pela estrada da vida, muitas coisas aparecem na nossa frente, e podemos virar ou seguir, mas tudo significará uma interação da nossa mente com a dos outros neste conglomerado de possibilidades...

Parece tão óbvio, mas simplesmente não vivemos despertos desta maneira e, dormindo nos esquecemos disso todo o tempo, e nos damos ao luxo de ficar mau-humorados e reclamar... mas estava tudo bem e não sabíamos. Só vamos ver quando acontece algo bombástico!... e daí lamentamos e choramos de saudade da vida que tínhamos antes e era tão comum, mas só depois veríamos que era tão boa... Então fica o aprendizado de que as coisas mínimas são preciosas e elas passam a ter um sabor raro.

Que, por favor, possamos aprender que a vida é frágil e preciosa sem ter que passar pelo choque para descobrir... E que possamos desfrutá-la!

Lembro-me, quando já estava “boa” da septicemia (e que bom que sobrevivi para contar a história!!) que um dia pude andar de bicicleta após um longo período de cama e convalescendo... Era um sábado de manhã, estava sol e eu passeava lépida, felizona pela cidade! Como uma fênix renascida (frágil e viva!). Ouvia um walkman enquanto pedalava por uma rua larga, arborizada e sentindo o vento no rosto. Era um prazer e uma alegria infinitos. Uma delícia! Sempre me emociona esta lembrança... Então tocou no walkman:

SÁBADO

Gotas de amor
Sobre as feridas
Como um bálsamo

Ondas de amor
Pelas cortinas
Como um sábado de sol

Eu só queria te dizer
Que aquela dor já passou

Fingir que não, passar por cima
Nunca me ajudou
Onda de amor me contamina
Como um sábado de sol

Eu só queria te dizer
Que aquela dor já passou

Confira a música neste link.

Que, por favor, possamos aprender que a vida é frágil e preciosa sem ter que passar pelo choque para descobrir...

Com infinita humildade e gratidão à vida por ter me dado o ensinamento do que é renascer e por ter me permitido renascer sem seqüelas.

Com infinita consideração, admiração e profundo amor e reconhecimento pela minha amiga, que nos ensina o desafio de seguir adiante a despeito de tudo, com sua enorme doçura e coragem. Sempre. Muito obrigada.


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Conteúdo desenvolvido por: Isabela Bisconcini   
Isabela Bisconcini é Psicóloga Clínica e Consteladora Sistêmica. Terapeuta EMDR. Terapeuta Floral, Reiki II, NgalSo Chagwang Reiki, AURA-SOMA. Deeksha Giver. Dedicou-se por 25 anos ao estudo da psicologia budista e prática do Budismo Tibetano. Participou do Centro de Dharma da Paz desde 1988, quando Lama Gangchen Rinpoche o fundou.
E-mail: [email protected] | Mais artigos.

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