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As aparências enganam!

Atualizado dia 1/14/2013 11:37:17 AM em Vidas Passadas
por Flávio Bastos


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Desde tempos remotos, por uma questão de desequilíbrio psíquico-espiritual, karma, abandono ou livre-arbítrio, muitas pessoas escolhem viver na pobreza e no anonimato dos centros urbanos. Entre estes indivíduos, alguns são oriundos da alta sociedade e de famílias tradicionais, mas que se desvincularam da riqueza material para viver entre os pobres e miseráveis.

Um pintor mendigo que perambula pelas ruas da zona sul do Rio de Janeiro, carregando o seu carrinho de telas acabadas e inacabadas, é uma destas pessoas de origem nobre e de família abastada.

Espanhol de nascimento, mas de descendência aristocrática franco-belga, o pintor de rua já viajou por mais de trinta países e vários estados do Brasil até fixar-se no Rio de Janeiro, quando chegou há dois anos.

A sua história de vida é longa e marcada por acontecimentos que começam na riqueza e acabam no abandono e na pobreza material, como contou-me, sentado num banco de praça, após chamar-me a atenção ao dizer que já teve uma cão da raça yorkshire, semelhante ao que eu conduzia pela guia.

A partir deste momento, o pintor morador de rua, de forma lúcida e objetiva, relatou-me algumas passagens de sua vida, a começar pela sua infância na Europa e após a mudança da família para a Venezuela, quando o seu pai, que era diplomata, assumiu a embaixada de seu país em Caracas.

À propósito de sua vivência em Caracas quando ainda era uma criança, ele relatou-me uma experiência curiosa ocorrida com a sua família, a qual passo a descrever conforme as suas palavras: "Certa vez, apareceu na embaixada um jovem argentino que identificou-se como médico à procura de emprego. O seu pai ofereceu-lhe uma função na secretaria da embaixada, que foi prontamente aceita pelo jovem. Passado algum tempo, ao tentar conseguir visto para entrar nos Estados Unidos, o argentino foi surpreendido pela súbita paixão da embaixatriz norte-americana por ele. No entanto, resistente às sedutoras investidas da diplomata, não recuou de seu propósito e, mesmo sem o visto da embaixada, viajou aos Estados Unidos quando foi barrado e obrigado a retornar à Caracas, pois a embaixatriz havia informado às autoridades de seu país que o jovem médico era um comunista. Seu nome? Ernesto Guevara, mais conhecido mundialmente por Che Guevara". Após o seu retorno, o jovem argentino desapareceu e não foi mais visto pela família do pintor. Passados alguns anos, o personagem do relato foi identificado e associado à revolução cubana.

Geralmente, como todo morador de rua comunicativo, intelectual, culto e com "ares aristocráticos" é taxado de maluco pela sociedade, após este contato com o pintor mendigo fui pesquisar na internet em busca de informações que combinassem com alguns aspectos de seu relato. Não foi fácil, mas encontrei um site que, entre outras informações pertinentes ao âmbito diplomático venezuelano, informava que no ano de 1951, ingressava no corpo diplomático da cidade de Caracas, o diplomata "fulano de tal" e sua esposa, senhora "ciclana de tal". O que prova, que pelo menos em parte, a história contada pelo pintor é verdadeira, pois os seus sobrenomes são os mesmos sobrenomes do embaixador e sua esposa, que seriam os seus pais. Quanto à passagem de Ernesto Guevara por Caracas, não encontrei nenhum registro, embora não tenha me aprofundado na pesquisa virtual.

No segundo contato com o pintor morador de rua, comprei uma tela de sua autoria,  cuja imagem é intensa, de estilo impressionista. Nesta oportunidade ele relatou-me outro episódio ocorrido recentemente em Ipanema, quando ele vendeu umas telas para um cliente rico. Conforme suas palavras, este senhor, ao receber as telas, simplesmente disse-lhe: "Agora vou esperar a sua morte". Embora tal afirmação possa parecer um tanto sórdida ou chocante, a verdade é que cerca de 97% dos pintores mundialmente famosos tiveram as suas obras reconhecidas ou valorizadas após as suas mortes.

Esta não foi a minha primeira experiência de contato ocasional com moradores de rua cultos, lúcidos e com alma de artista. O aprendizado destas experiências passou-me a certeza de que o culto às aparências é um milenar engano da civilização dos homens inserido nas sociedades pela cultura dominante.

Neste sentido, o culto às aparências vem na esteira do excessivo apego aos valores da materialidade, que tem na riqueza material a sua referência máxima, assim como a discriminação e o abandono social dos "fracos e pobres" é uma consequência do poder e da dominação dos "fortes e abastados".

Por esta razão, o paradoxo do mendigo culto, inteligente e lúcido, obriga o homem moderno a rever os seus conceitos a respeito de si mesmo inserido em um contexto universal, cujas aparências não têm a mínima importância ou significado.

Jesus Cristo, que vivia entre os pobres, enfermos, injustiçados e foras-da-lei, e era procurado também pelos ricos em suas pregações, é um exemplo que revela a existência deste paradoxo criado pela visão distorcida do próprio homem em relação a si mesmo, ou seja, de que as aparências podem enganar ao dissimularem a verdade encoberta.



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Conteúdo desenvolvido por: Flávio Bastos   
Flavio Bastos é criador intuitivo da Psicoterapia Interdimensional (PI) e psicanalista clínico. Outros cursos: Terapia Regressiva Evolutiva (TRE), Psicoterapia Reencarnacionista e Terapia de Regressão, Capacitação em Dependência Química, Hipnose e Auto-hipnose, e Dimensão Espiritual na Psicologia e Psicoterapia.
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