VIVER E EXISTIR

por Ayrton Pereira Amorim

Numa cena de um filme que assistí na TV, veio uma inspiração de escrever sobre um tema muito interessante.
O fato se passava em um lugar remoto da Ásia, onde a vida é bastante árdua e difícil para quem vive lá. Na cena estava um senhor estrangeiro que estava sendo conduzido em taxi local por uma estrada, cujas paisagens desérticas parecem muito com o nosso nordeste agreste onde a vida também é feita de sacrifícios.
Louve-se essa gente que tempera seus corpos castigados pelo sol ardente e ainda tem tempo de sorrir amigavelmente aos forasteiros, que curiosos ainda não entendem.
Em dado momento, o estrangeiro perguntou ao taxista: “Diga-me, com suas palavras, como vivem as pessoas aqui? “ Como se tivesse a resposta decorada, não hesitou e respondeu:
“As pessoas aqui não vivem, apenas existem.”
Esta frase, entrou em minha mente como um raio e imediatamente me ocorreu que o próprio autor não percebeu a seriedade e a contundência dessa frase que me deixou pasmo.
Aqui e agora, fico a imaginar quantas pessoas nesse nosso Brasil, ou no mundo inteiro não vivem, apenas existem. Que cina, ou que carma tem essa gente que veio a esse mundo para cumprir com uma missão de apenas existir.
Pode-se perfeitamente entender porque certas pessoas não dão a mínima importância para o que é a vida ou a morte, que faz parte da vida. Para elas a vida não tem o menor sentido. Enquanto nós aqui ficamos discutindo o sexo dos anjos, falando disso e daquilo, coisas que ninguém nos ouve, ou dão importância.
Na verdade, todos querem falar e ninguém quer ouvir e no final das contas por mais que se alerte, por mais que se fale, comente ou divulgue, ninguém está preocupado, como se a surdez e a incompreensão fossem as donas da situação e a normalidade aprovasse esses terríveis dilemas que é viver.
Vamos supor que nós apenas existíssemos, certamente teríamos que fazer tudo por simples instinto, como um animal. Correr, quando sentisse o perigo ou matar para se defender. A sobrevivência estaria em nosso instinto como a realidade. Eu pergunto: ‘Isso é novidade?” Por um acaso, isso já não acontece por toda parte?
Em parte sim e em parte não. Somos divididos em nossos instintos, com a diferença que alguns de nós raciocinam. Isso prova que deve haver uma barreira, que não nos permite de redimirmos de nossos erros e travar o nosso conhecimento da realidade. Há certamente uma evolução para aqueles que vivem e para aqueles que existem. Existir é a condição que nos impôs o nosso Criador e que sabiamente nos deu uma inteligência e através do it, que é a chave entre a intuição e o propósito de evoluir, geraríamos as condições necessárias para tornarmos seres humanos. Para nos tornarmos seres humanos racionalmente perfeitos estamos apenas começando, apesar de a maioria pensar que já somos donos de si e que podemos viver como se deve e parar de existir.
A quem vamos culpar? O sistema, o Criador, nós mesmos? Sim, nós mesmos que estamos fadados a encontrar um caminho que se chama evolução. A chave deve ser a disciplina, através de ensinamentos que passam a nossa porta e simplesmente a ignoramos.
Como se não bastasse, a nossa porta também estão a espera, aqueles que apenas existem. Mas a inteligência impar que possuímos não está capacitada para darmos uma mãozinha ao ignorante, ao errante, ao primata, ou adjetivo que for.
O poder não está apto para observar ou perder tempo com mesquinharia, já que está com a agenda lotada de politicismos ou parecer grande ao grande, que ele não é.
Como a estória do guerreiro pigmeu que para escapar do ataque da hiena, levantou um galho de árvore sobre sua cabeça para parecer grande, confundindo os instintos da fera que o deixou em paz.
Assim somos nós, brasileiros, que sempre damos um jeitinho tanto para parecer grande como, despistar que estamos vivendo, quando estamos apenas existindo aos olhos dos que nos tem sob controle, através de impostos e regras que só favorecem um lado.
O lado dos pensam que sabem viver. Para mim eles também apenas existem.

Ayrton.