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Psicologia
Fake until you make it
por Paulo Tavarez
Em várias tradições (budismo, taoismo, hermetismo), há a ideia de que o
desejo intenso cria resistência.
Quando você quer algo com muita força, você está, ao mesmo tempo,
confirmando a ausência daquilo. O universo (ou sua psique) responde à vibração dominante — e se a vibração é de “falta”, a falta se perpetua. Quando você solta, desapega,
você passa a vibrar em “presença” e confiança”, e o fluxo natural das coisas retorna.
Por isso os mestres dizem: “Deseja, mas não te prenda ao desejo”. No momento em que você soltar o arco, a flexa encontrará o alvo desejado.
Quando você desejar algo, imagine-se possuidor daquilo. Fake until you make it (finja até conseguir)!
“
Finja até conseguir” significa:
comporte-se como se já fosse a pessoa que deseja ser, até que isso se torne real.
Por exemplo:
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Você quer ter confiança? Aja como alguém confiante — mesmo que ainda sinta medo.
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Quer ser disciplinado? Comporte-se como alguém que é — mesmo que no início pareça artificial.
A psicologia chama isso de
autoindução comportamental: o
comportamento pode mudar o sentimento. Ou seja,
agir vem antes de sentir.
Há respaldo científico nisso. A teoria da
cognição incorporada mostra que
a mente é moldada pelo corpo e pela ação.
-
Postura corporal pode influenciar autopercepção (quem sorri tende a se sentir levemente mais feliz).
-
Assumir papéis pode ativar padrões mentais associados a eles.
Ou seja, o “fingimento” aqui não é mentira — é
ensaio comportamental para criar novas conexões neurais.
O problema começa quando o “fake” vira literal: uma
personagem disfarçada para impressionar ou esconder fragilidade. Aí surge dissonância: o “eu externo” não conversa com o “eu interno”. Isso gera:
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Cansaço emocional
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Sensação de impostor
-
Perda de autenticidade
Então o segredo é não “fingir ser outro”, e sim
agir como quem você quer se tornar, mas
sem trair o que você sente.
É como ensaiar um papel até que ele se torne natural, não um disfarce.
Quando o
comportamento começa a gerar resultados reais, a mente se ajusta: o “fake” vira “make”. A confiança deixa de ser imitação e passa a ser
competência adquirida. É o mesmo processo de qualquer aprendizado — primeiro é encenação, depois é natureza. “Fake it till you make it” funciona
quando é usado como prática, não como máscara. Funciona como uma ferramenta de crescimento —
não como fuga da própria verdade.
Texto Revisado
Atualizado em 11/12/2025
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