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Espiritualidade
Eu-Tu: A Revolução Franciscana das Relações Humanas e da Paz Interior
por Paulo Roberto Savaris
Vivemos num mundo onde muitos se apoiam na ideia de que “cada um é por si”. Essa mentalidade — marcada pela autossuficiência e pela necessidade de controlar o outro — desgasta as relações humanas e fere a alma. No entanto, há um caminho mais suave, mais humano e profundamente espiritual: o caminho da
espiritualidade franciscana, que nos convida a reconhecer no outro não um objeto, mas um Tu sagrado.
Quando abrimos espaço para escutar verdadeiramente, não perdemos o controle — ganhamos consciência. Quando entregamos um pouco de quem somos, não nos diminuímos — nos ampliamos. É assim que nasce a
presença verdadeira, aquela que sustenta vínculos autênticos e fortalece a
paz interior.
Francisco de Assis: a simplicidade que acolhe
Francisco caminhou entre as dores do mundo sem impor-se, sem buscar moldar ninguém. Não desejou possuir o outro — escolheu ser irmão. Sua
espiritualidade não era teórica: era vida encarnada na humildade, na igualdade, na simplicidade que devolve dignidade.
Ser Francisco hoje pode parecer utópico. Mas, em um mundo saturado de vaidade, aparência e ruído, talvez seja justamente isso que nos salva: voltar ao essencial.
Martin Buber: Eu e Tu — o encontro que transforma
Em
Eu e Tu, Martin Buber nos lembra que:
“O verdadeiro Eu só existe na relação com um Tu”.
Não há
espiritualidade sem encontro. Não há Eu pleno sem um Tu reverenciado.
É nessa relação — sem máscaras, sem interesse, sem apropriação — que descobrimos quem somos de verdade.
O combate espiritual da alma que deseja ser mais
Suzane Giuseppi Testut, em
Combate Espiritual, ensina que:
“A alma cresce quando renuncia às defesas e dialoga com Deus na humildade”.
Essa batalha não é contra o mundo, mas contra nossas sombras internas: orgulho, pressa, ilusões, apegos e a necessidade constante de aprovação. Vencer esse combate é reencontrar a leveza.
A simplicidade que liberta
Fincar raízes na
espiritualidade franciscana não é abraçar o radicalismo — é abraçar o real.
É usar os talentos que Deus nos deu como serviço, e não como vanglória.
É caminhar com esperança num mundo ferido pela desinformação e pelo desamor.
É confiar que a fé rompe até as correntes que não enxergamos — como aconteceu com Zacarias, o escravo libertado diante de Nossa Senhora Aparecida. Ele entrou na igreja acorrentado, mas sua fé humilde fez cair os grilhões. Assim também conosco: há correntes que não vemos, mas Deus as vê — e as quebra quando abrimos espaço para o simples.
A presença de Deus no irmão
Para Francisco, tudo é
com: com Deus, com o outro, com a criação.
Ninguém se realiza sozinho.
A presença de Deus se manifesta no encontro — e é por meio do outro que reencontramos nosso verdadeiro Eu.
Paz interior: quando o Eu se depura e o Tu floresce
Às vezes basta muito pouco:
parar, respirar, orar, silenciar.
É nesses pequenos gestos que Deus purifica o olhar e devolve à alma a leveza que o mundo tirou. A paz interior não é um destino, mas um estado de entrega. E ela se revela quando permitimos que o Eu se depure para que o Tu floresça.
Prática Espiritual do Dia: Exercício “Eu–Tu” (5 minutos)
Para viver a
espiritualidade franciscana no cotidiano:
-
Pare por um instante.
-
Escolha uma pessoa que encontrará hoje.
-
Interiormente, diga:
“Este ser é único. Eu não o possuo. Eu o acolho”.
-
Faça um gesto de presença: um sorriso, uma escuta, uma palavra tranquila.
-
Ao final do dia, agradeça:
“Hoje fui Eu diante de um Tu”.
Essa pequena prática transforma o coração e cura o mundo ao redor.
Qual pessoa em sua vida hoje mais lhe pede esse olhar de presença — de Eu para Tu?
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Um Sonhador, Caminhando com Francisco
Paulo Roberto Savaris – Autor dos eBooks Série,
Descubra Caminhando com Francisco e
O Eremita Digital – Silêncio no Caos Moderno. Reflexões sobre espiritualidade, fé, natureza e simplicidade.
https://www.caminhandocomfrancisco.com/
Texto Revisado
Atualizado em 11/15/2025
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