O legado de poder em O Poderoso Chefão

Publicado por Rodolfo Fonseca em Autoconhecimento

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"Se você segura uma arma e eu seguro uma arma, podemos falar sobre a lei.
Se você segura uma faca e eu seguro uma faca, podemos falar sobre regras.
Se você vem de mãos vazias e eu venho de mãos vazias, podemos falar sobre razão.
Mas se você segura uma arma e eu só tenho uma faca, então a verdade está nas suas mãos.

Agora, se você tem uma arma e eu não tenho nada, então o que você segura nas mãos é a minha vida."

Baseado no romance de Mario Puzo e magistralmente adaptado por Francis Ford Coppola, O Poderoso Chefão (1972) e suas continuações se tornaram ícones cinematográficos. Combinando violência, honra, lealdade e corrupção, a trilogia revela como poder e família entrelaçam-se numa dança letal.

No primeiro filme, Michael (Al Pacino) surge como o filho ideal, distante dos negócios da família. Mas, ao enfrentar a violência - especialmente na cena tensa do assassinato de Sollozzo e do Capitão McCluskey, ele se transforma no novo patriarca da máfia.
Essa transição é simbolizada em uma montagem arrepiante: enquanto Michael participa do batizado do sobrinho, quatro chefes mafiosos são executados simultaneamente - a razão se impõe sobre a emoção.

A cena icônica do casamento de Connie estabelece imediatamente os pilares da narrativa: família, poder e honra. Don Vito Corleone (Marlon Brando) é reverenciado nos corredores da festa, insistindo em favores em troca de proteção.
A famosa tirada de Clemenza "Leave the gun. Take the cannoli." (Deixa a arma, pega os cannoli) - mistura humor e frieza, mostrando que no submundo, a pragmática sobrevivência preside os rituais da violência.

No segundo episódio, "O Poderoso Chefão Parte II" (1974), a narrativa se desdobra em duas linhas temporais paralelas. Uma explora a ascensão de Vito Corleone (interpretado por Robert De Niro em sua juventude) desde sua fuga da Sicília até se tornar o respeitado Don de Nova York, construindo seu império com astúcia e brutalidade. A outra segue Michael Corleone nos anos seguintes aos eventos do primeiro filme, enquanto ele tenta expandir e legitimar os negócios da família para Las Vegas e Havana.

A relação de amor e rivalidade entre Michael e seu irmão Fredo (John Cazale) atinge seu ápice neste filme. Michael, cada vez mais paranoico e implacável em sua busca por poder e segurança, lida com traições internas e externas. A cena do "beijo da morte" e a posterior solidão de Michael reforçam a mensagem: quem alcança o topo carrega um peso solitário e cruel. Ele enfrenta uma investigação do Senado e a gradual desintegração de seu casamento com Kay, sacrificando sua humanidade em nome da família, mas ironicamente, perdendo-a no processo.
Sua decisão final de eliminar Fredo, após a traição, sela seu destino de isolamento e tormento moral.

"Finanças são a arma e política é saber quando puxar o gatilho."

Em "O Poderoso Chefão III" (1990), Don Lucchesi define magistralmente: "Finance is a gun. Politics is knowing when to pull the trigger." Esta frase encapsula a essência da saga: nos negócios, o controle financeiro é uma arma e a política é saber quando usá-la. O poder econômico e o poder político caminham lado a lado, moldando destinos.
Neste filme, Michael Corleone, já envelhecido e atormentado por seus pecados, busca redenção e tenta legitimar completamente a família, desvinculando-se do crime organizado. Ele inicia um grande investimento com o Vaticano, visando adquirir o controle da Internazionale Immobiliare, uma vasta empresa imobiliária europeia. No entanto, Michael se vê enredado em uma complexa rede de corrupção dentro da própria Igreja Católica e do mundo financeiro italiano.

A trama é marcada por uma série de conspirações lideradas pelo ambicioso Arcebispo Gilday, Frederick Keinszig e Don Lucchesi, que tentam fraudar Michael e impedir o acordo. Um dos pontos mais dramáticos e controversos do filme é a morte do Papa. O Cardeal Lamberto, uma figura honesta e íntegra que se torna o Papa João Paulo I, está prestes a ratificar o acordo de Michael com o Vaticano. No entanto, para evitar que a corrupção seja exposta e que o negócio se concretize, o Arcebispo Gilday envenena o recém-eleito Papa. Essa cena, embora ficcionalizada, ecoa teorias da conspiração reais sobre a morte de João Paulo I e o escândalo do Banco Ambrosiano, adicionando uma camada de intriga e crítica social à narrativa.

Em diversas cenas, vemos que a lei e a moralidade são privilégios daqueles com armas. Resultados podem ser comprados, palavras podem ser silenciadas. A verdade tem força apenas na medida em que a igualdade é real entre os envolvidos. Dinheiro é poder e pode ser uma arma letal. Política é a arte de pressionar o gatilho certo, na hora certa. Sem paridade, lei, regras e moral perdem valor; resta somente quem detém o poder.

O clímax do filme ocorre durante a apresentação da ópera "Cavalleria Rusticana" em Palermo, onde Michael orquestra uma série de assassinatos contra seus inimigos, mas, em um trágico desfecho, sua filha Mary é morta por uma bala destinada a ele. Este evento é o preço final de sua busca por poder e sua tentativa falha de limpar o nome da família, deixando Michael em total desolação.

Esse universo brutal espelha o mundo real: Os conceitos de lei, regras e moralidade só têm sentido se forem baseados na igualdade. A dura verdade deste mundo é que, quando o dinheiro fala, a verdade se cala e quando o poder fala, até o dinheiro recua três passos. Os mestres do jogo competem ferozmente por recursos, enquanto os fracos permanecem sentados, esperando que lhes deem uma parte.

No fim, O Poderoso Chefão permanece atual: em contextos sociais, políticos ou corporativos, descobrimos que finanças são a arma, e política, a decisão sob fogo. O jogo nunca termina.


Sobre o autor
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Rodolfo Fonseca é co-fundador do Site Somos Todos UM
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