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Meditando sobre o aborto

Publicado por Bel Cesar em Espiritualidade

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Escrever sobre o aborto me parece mais difícil do que escrever sobre a morte! Afinal, estamos nos referindo à questão de uma morte vivida às escondidas, cheia de culpas, medos e muita tristeza.
São muitos os efeitos colaterais negativos gerados por um aborto: a queda da auto-estima, a perda do desejo sexual seguida de aversão ao parceiro e a terrível culpa diante do instinto materno. São muitas as mulheres que vivem depressões causadas pela ausência de um processo de luto no qual elas tenham encontrado apoio, espaço e significado para elaborar tal dor.

Durante vários anos, dediquei-me a realizar grupos de meditação para mulheres que traziam consigo a dor silenciosa de ter vivenciado um aborto, voluntário ou não. Espero em 2006 voltar a realizar esta meditação chamada “Abrindo o Coração do Útero”, inspirada no trabalho dos terapeutas norte-americanos Ondrea e Steve Levine.
Hoje, quero compartilhar com vocês o texto Algumas considerações sobre o aborto, de Lama Gangchen Rimpoche, extraído do seu livro “Autocura Tântrica III” (Ed Gaia):

“Todas as religiões contêm inúmeras regras sobre o que devemos e o que não devemos fazer. Hoje em dia, as pessoas sentem que essas regras são pesadas e restringem seu espaço pessoal. Por isso, precisamos examinar com mais profundidade o que foi dito neste livro sobre o aborto: que praticá-lo é um ato que traz sofrimento. Isso não quer dizer que alguma divindade externa ou algum juiz virá nos punir, mas simplesmente que quando praticamos uma ação grave, ela é automaticamente registrada em nosso disco do espaço interno e, algum tempo depois, esse programa será ativado em nosso computador mental. Quando isso acontecer, sentiremos sofrimento e uma energia pesada por ter matado um outro ser vivo”.

Muitas gerações de cientistas do mundo interno, em suas investigações da continuidade da consciência, chegaram à conclusão de que uma criança nasce no momento da concepção, da fusão entre o esperma, o óvulo e a consciência do ser que está no Bardo*. A energia mental é disforme e imaterial e, por isso, não pode se desenvolver a partir de puras causas físicas como o DNA, cromossomos, proteínas, etc. Mesmo usar uma ‘pílula do dia seguinte’ é matar um ser humano.
Quando uma criança morre por aborto, isso se deve à ação dos pais ou da mãe, e também a ações anteriores da própria criança. A mente muito sutil da criança voltará a entrar no bardo, o estado entre a morte e o próximo renascimento, até que, dentro de no máximo quarenta e nove dias, encontre uma nova possibilidade de renascimento.

O aborto é uma questão que devemos decidir individualmente, com sabedoria e compaixão e não com preconceito e raiva. Se o nascimento da criança for criar uma situação muito difícil para a mãe e para os que estão à sua volta, eu pessoalmente não poderia criticá-la por esse ato.

Culpa e depressão são experiências comuns para as mulheres que fizeram abortos e nós podemos fazer alguma coisa para ajudar tanto a mãe quanto a criança. Por exemplo, podemos lhes dedicar a energia dos mantras da Autocura e da companhia espiritual e meditar na remoção de sua dor emocional usando a prática do Lodjong.

Podemos também pedir a um Lama Curador para fazer um ‘powa’ ou transferência da consciência da criança, para ajudá-la a atravessar o bardo em direção a uma vida mais feliz. Se por qualquer razão você estiver determinada a fazer um aborto, por favor, não tenha pensamentos negativos e raivosos em relação à criança que está residindo temporariamente em seu útero. Esse pequeno hóspede é muito sensível aos pensamentos e emoções. Por favor, seja gentil com ele, dirija-lhe pensamentos gentis. Uma boa coisa que se pode fazer nessa hora é falar com a criança, explicando-lhe as dificuldades de sua situação atual e dizendo-lhe que ela terá uma vida melhor em uma situação diferente. Peça-lhe para partir tranqüilamente. Depois do aborto, você pode continuar rezando e dedicando sua energia à consciência da criança enquanto ela atravessa o bardo em direção à sua nova encarnação. Esta oração é especialmente boa para ajudá-la:

**OM MANI PEME HUM HRI
OM MANI PEME HUM HRI
TCHOM DEN GUIALWA SHIDRO LA TSOK
KIEN BARDO DJIKPE TRAN LE DREL DU SOL
https://www.kunpen.it

Ó assembléias de gloriosas e vitoriosas divindades, pacíficas e iradas, por favor, ouçam-me: libertem - o nome da criança, meu filho, ou o nome dos pais - da assustadora e estreita passagem do bardo.
(Podemos também usar essa oração para libertar a consciência de nossa comida, se for uma ave, animal, inseto ou peixe).
Visualize a energia curativa do mantra OM Mani Peme Hum fechando as portas dos seis reinos e conduzindo a consciência da criança para uma terra pura ou, ao menos, para uma vida humana feliz, com condições perfeitas para a Autocura Ngelso. Se você se sentir culpada ou deprimida, tente praticar a Autocura Tântrica para desenvolver sua luz e paz interior”.

*A palavra Bardo (espaço entre as vidas) é formada pelas palavras tibetanas bar que significa entre e do que significa ilha ou pedra milhar
**Om invoca a energia pura como cristal do corpo, da palavra e da mente do Buda desde o mundo de paz e alegria internas e externas em nossa vida.
Mani em sânscrito significa Jóia e expressa a energia masculina que, se purificada em beatitude, nos ajuda a atingir o Corpo Ilusório e por fim o Corpo da Forma de um Buda.
Pema em sânscrito significa lótus e expressa a energia feminina que, se purificada em paz, nos ajuda a atingir a clara luz por fim o Corpo de Verdade de um Buda.
Om mani peme hum significa então que é necessário integrar e unir nossa energia masculina e feminina para atingir o estado de iluminação expresso pelo Om.


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Sobre o autor
bel
Bel Cesar é psicóloga, pratica a psicoterapia sob a perspectiva do Budismo Tibetano desde 1990. Dedica-se ao tratamento do estresse traumático com os métodos de S.E.® - Somatic Experiencing (Experiência Somática) e de EMDR (Dessensibilização e Reprocessamento através de Movimentos Oculares). Desde 1991, dedica-se ao acompanhamento daqueles que enfrentam a morte. É também autora dos livros `Viagem Interior ao Tibete´ e `Morrer não se improvisa´, `O livro das Emoções´, `Mania de Sofrer´, `O sutil desequilíbrio do estresse´ em parceria com o psiquiatra Dr. Sergio Klepacz e `O Grande Amor - um objetivo de vida´ em parceria com Lama Michel Rinpoche. Todos editados pela Editora Gaia.
Email: [email protected]
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