Os Símbolos que fazem pensar: o Kursk, Titanic dos submersíveis…
Devem existir perdas humanas para que a opinião publica dedique suas manchetes
e suas energias. Se somente a maquina tivesse se perdido no fundo do mar, em pouco
tempo as noticias a respeito teriam sumido dos jornais.
Mas, mais uma vez, reunidos pelo destino, muitos seres humanos estavam prontos
para partir, talvez para chamar com destaque a atenção sobre esse
símbolo de destruição, construído quando a guerra
fria já tinha acabado e a Rússia seguramente teria feito muito melhor
se tivesse se dedicado a outras prioridades que não a da suprema maquina
de ataque submarina. Pesando 13.900 toneladas, com dois reatores nucleares de
98.000 H.P, com 24 mísseis de médio alcance com ogivas nucleares
e um numero enorme de torpedos de ultima geração: "inteligentes".
Torpedos inteligentes demais… talvez a serviço da paz! Tanto que a
catástrofe está sendo atribuída à explosão
de um deles por alguma "falha humana" (se tudo é construído
pelo homem, só pode ser isso!).
O Kursk se auto-afundou. Demonstrou que o tiro pode sair pela culatra e que somos,
mesmo em 2.000, sujeitos às velhas leis da natureza e da vida. O orgulho
nacional, a vã supremacia de uma nação sobre outra nação,
a vaidade pessoal de certos lideres poderosos garantiram mais um espetáculo
desastrado para a humanidade.
Prioridades pífias das assim chamadas "superpotências",
quando o mundo está carente em todas as áreas, continuam mantendo
grande parcela da humanidade em desespero e ignorância.
O orçamento anual do Pentágono (O Ministério da Defesa dos
EUA) supera o PIB Brasileiro (A riqueza toda produzida anualmente no Pais).
O fracasso no resgate do submarino evidenciou também que se tratava mesmo
de uma "canoa furada". Um enorme caixão de aço, predisposto
sobretudo para destruir (os outros ou a si mesmo?) e com praticamente quase nenhum
respeito pela vida humana (amiga e inimiga).
De fato, em pleno terceiro milênio vimos um monstro de guerra enorme repleto
de tecnologia de destruição se auto-eliminar, sem ao menos permitir
que em 10 dias algo efetivamente eficaz fosse feito para salvar seus marinheiros.
Uma maquina tão complexa não dispunha de um dispositivo de comunicação
de emergência que permitisse falar de apenas 108 metros de profundidade.
As desesperadas marteladas no casco, em código morse, indicam que salvar
vidas nunca tinha sido prioridade 1. O foco era destruir o inimigo e ninguém
pensou que com pouco esforço criativo poderiam ter sido previstas capsulas
de pressão contendo telefones com fio que se soltariam rapidamente do casco
em situações de emergência para boiar na superfície,
bem como tomadas de ar de engate rápido (similares aos dispositivos de
abastecimento dos carros de formula 1) espalhadas pelo casco e que pudessem ser
acopladas a mangueiras de alta pressão vindo dos navios de apoio, para
suprir de ar os marinheiros presos no seu interior. Afinal a profundidade de 108
metros era irrisória se pensarmos que os modernos dispositivos tripulados
descem hoje a mais de 8.000 metros. (O Titanic está hoje para passeio turístico
no fundo do mar na profundidade de 4.000 metros).
Percebem o absurdo?
Pelo link de um Jornal Italiano consegui entrar no site oficial do governo russo,
para expressar minha tristeza com essa perda de vidas preciosas, mas após
clicar sobre uma bandeira inglesa, passei para uma pagina totalmente em idioma
Cirilico e aí tive de voltar.
Mas a Rússia não será a mesma após esta tragédia.
Pela primeira vez a raiva dos familiares superou a dor e as posturas arcaicas
começaram a tremer nas bases. O governo se viu humilhado, tendo que pedir
ajuda aos Noruegueses que em 24 horas, sem conhecer o submarino e tendo que fabricar
ferramentas especiais conseguiram abrir as escotilhas do Kursk somente para verificar
que todos já tinham falecido. Que bom será o dia (e não está
muito longe) em que por lá as prioridades mudarão e conseguiremos
comunicar efetivamente com nossos maravilhosos irmãos russos, trocando
finalmente mensagens de paz, alegria, felicidade e amor.