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O farol do coração...

O farol do coração...
Publicado dia 4/8/2020 11:35:23 AM em Espiritualidade

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Parece que nos sentimos seguros quando temos coisas que podemos contar como certas.
Podemos pensar que fica mais fácil quando sabemos do que gostamos, o que queremos, e nossa vida parece correr bem controladinha.
Mas será que é isso mesmo?

Dúvidas parece que nos dão um certo desconforto... Quem é geminiana sabe bem o que isso... até demais.
Como já penei com as dúvidas se ia ou não ia, se gosto ou se não gosto... escolher entre duas coisas já era difícil, agora, se a escolha era entre mais de duas era um suplício...
E todo mundo falando como se fosse algo ruim... e eu acreditando que era mesmo.
Mas uma coisa eu nunca tive dúvida, entre açaí e sorvete sempre preferi o açaí desde que tomei pela segunda vez. Na primeira me pareceu meio estranho mas, a partir da segunda, já amei e vi que gostava mais do que sorvete... congelei essa opção mais do que o próprio açaí porque nunca mais tive problemas para escolher. Quando tinha as duas coisas disponíveis sem nem pensar já ia no açaí... E para quem sempre está em dúvida uma certeza pode parecer algo precioso.
Mas será que é mesmo?

Foi isso que descobri em um dia em que minha sobrinha me convidou para tomar açaí, mas passamos primeiro em uma sorveteria. Enquanto esperava, resolvi colocar um pouquinho de sorvete de cappuccino com sorvete de limão siciliano, para experimentar e por cima marshmelow, que amo e uma paçoca no final e...
Inacreditavel de tão bom, falando assim, parece que não combina, mas quando o sorvete derreteu e se misturou com tudo, não dá para descrever... Eu amei e pronto... lá se foi por água abaixo uma das minhas únicas certezas, a de que prefiro açaí a sorvete.
Até o dia em que fui repetir a mesma receita do sorvete... fiz tudo igualzinho esperando encontrar de novo aquele sabor que tirou o açaí do primeiro lugar, mas, para minha decepção o sabor não foi o mesmo, tentei até o finzinho e nada, nem parecido...

Mas isso me fez pensar sobre como congelamos as nossas escolhas que foram boas um dia como se elas sempre fossem continuar a ser... Em um mundo onde a única certeza que temos é que tudo é impermanente e muda o tempo todo, congelar certezas pode ser muito arriscado.
Podemos perder todo o resto que está fora das escolhas que congelamos... e principalmente perder o presente.
Se é uma coisa boa como o açaí, não causa tantos estragos, mas se a escolha que congelamos não foi uma do nosso coração... aí é que mora o problema.
Pensamento vai pensamento vem... e me veio um que nunca tinha tido sobre as dúvidas... sobre escolhas congeladas que nos levam sempre a repetir caminhos... e me caiu uma ficha assim como quem não quer nada... que fez sentido.
Será que algumas dúvidas que temos não são por que entre as opções para escolher não tem nenhuma que é realmente o que queremos?

Viajando nesse pensamento, que começou com uma escolha simples entre sorvete e açaí, cheguei a uma muito maior e, aparentemente, definitiva para muita gente...
Por exemplo, se você escolheu um trabalho por qualquer motivo que não fosse o que seu coração pedia, o que você ama fazer, você vai se deparar com muitas escolhas, mas nenhuma diz respeito ao que realmente importa para sua alma.
Talvez entre o cardápio de opções que se encontrem disponíveis, a partir daí, não está a opção correta... as que vierem a seguir não terão coração.
O Universo pode estar lhe pedindo para colocar mais uma opção nesse cardápio. A de mudar tudo, se for o caso, e escolher com o coração.
Se você escolheu esse trabalho por motivos como... poder, dinheiro, fama, ou para agradar a família e não por ser o que você ama fazer, pode ser que sua alma esteja o chamando de volta para uma escolha maior. Só que nosso ego evita a todo custo colocar esta escolha entre as possíveis. Seria assim como se você tivesse escolhido ir para uma cidade por ser a mais famosa, a mais importante, e a que sua família mora.. etc... e abriu mão de ir para uma cidade que você ama.
Mesmo que seu coração lhe indicasse a que ama, a sua razão o fez escolher a outra....

E a partir daí tem sempre muitas dúvidas para escolher uma casa, escolhe uma e não gosta, escolhe outra se muda e não gosta, e assim sucessivamente. E você acredita que a única escolha que tem é entre mudar de casa... No seu cardápio mental de escolhas não está a que seu coração quer... que é mudar de cidade.
Como trocar o aparentemente certo pelo incerto? Ou será trocar a infelicidade pela busca da felicidade?
Ali você tem todo conforto, segurança, reconhecimento, fama, sucesso, mas não tem felicidade... Você conquistou símbolos da felicidade mas não está feliz com eles
Quem ousaria escolher largar certezas infelizes pela incerteza da felicidade?
Mas por quanto tempo aguentamos sustentar símbolos de felicidade fazendo de conta que temos tudo, quando na verdade não temos nada... só uma vida de faz de conta?

É preciso muita coragem para ser feliz, ou pelo menos para tentar... e seguir o coração verdadeiramente requer desapego do passado.
Muitas vezes preferimos repetir as escolhas congeladas entre as poucas opções que nossa razão coloca, a ter que escolher entre as infinitas possibilidades do presente, porque isso implica em abrir mão de muitas coisas que nos dão uma falsa ilusão de segurança.
Primeiro, seria bom abrir mão dos muitos conceitos e símbolos de felicidade que acumulamos e acreditar que ela pode estar em coisas totalmente inesperadas...

A boa notícia é que, não importa os caminhos que trilhamos afastados das escolhas do coração, nem quanto tempo persistimos neles, sempre podemos escolher com o coração a cada momento. O presente está o tempo todo acenando com infinitas possibilidades e você sempre pode começar do ponto onde está, não precisa voltar ao passado e recomeçar do ponto onde escolheu diferente do seu coração.
A cada momento, nem você nem as situações são iguais para poder afirmar que tem certeza de algo... Ser feliz é estar no fluxo do presente navegando nas águas livres da incerteza onde o único farol é o coração...

Adentrar no desconhecido e experimentar coisas que nossas certezas nos impediriam de sequer olhar para elas, pode ser arriscado para o nosso ego, mas é assim que o Mistério se revela em inesperados momentos mágicos que alimentam a Alma.

por Rubia A. Dantés

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Sobre o autor
rubia
Rubia A. Dantés é Designer, cria mandalas e ilustrações em conexão...
Trabalhos individuais e em grupo, com o Sagrado Feminino, o Dom e o Perdão...
Email: [email protected]
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