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Ira, Medo e a Sobrevivência

Publicado dia 4/21/2003 11:42:26 AM em Psicologia

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Existem dois sentimentos básicos que movem o ser humano: a Ira e o Medo. Eles têm suas raízes na necessidade da sobrevivência.
A Ira é um sentimento que fomenta energia e coragem de lutar pelo que se quer, e leva à exposição e à ação.
O Medo é um sentimento que gera senso de proteção e recolhimento. Leva a comportamentos tais como: fugir, parar ou recuar.

São dois sentimentos necessários e importantes para a sobrevivência do ser humano que, desde os primórdios, sempre precisou descobrir através dos instintos o momento de lutar e o momento de recuar diante dos perigos que a vida lhe impunha.
Partindo desses dois sentimentos básicos, teremos dois padrões, também básicos, de comportamento, que são a agressividade e a passividade, ou seja, o posicionar-se ativa ou passivamente diante das situações e das pessoas.

Da agressividade à passividade existe um leque extenso de gradação, que vai desde o caso patológico, onde a Ira aplicada num pólo extremo leva a pessoa a passar feito “trator” sobre qualquer um, sem levar em conta sentimentos e necessidades de ninguém - o tipo psicopata ou sociopata (e chegando a casos mais brandos encontramos o egoísta),
até o pólo extremo onde com o Medo presente descobrimos a depressão e a síndrome de pânico e indo mais longe ainda nesta ponta encontraremos o ser psicótico.

Quero deixar bem claro que tais sentimentos – Ira e Medo – da maneira que descrevo, são vivenciados de forma inconsciente, pois são frutos do próprio processo de sobrevivência do ser humano no planeta Terra.
E é claro que Ira e Medo estão dentro de todos nós atuando concomitantemente e dentro de gradações específicas, de acordo com as características de personalidade e valores pessoais de cada um.

A agressividade, como conseqüência da Ira, coloca-nos na linha de frente da batalha da vida, nos colocando ativamente na direção do que queremos e estabelecemos como meta de vida; desenvolvendo a coragem como traço predominante de personalidade, lutando ou contornando os obstáculos que a vida se nos apresenta para atingir tais metas.

Com a passividade, como produto do Medo, batemos em retirada, até mesmo desertamos da “guerra”; há um “quê” de desistência da vida e dos direitos que lhe dizem respeito enquanto ser humano.
A Ira tem seu lado negativo e seu lado positivo.
O lado negativo da Ira é a destrutividade. É a agressividade utilizada com fins destrutivos. É a capacidade de destruir o objeto, pessoa ou situação “sentida” como ameaçadora. Não se levam em consideração os sentimentos e necessidades de ninguém e, por incrível que pareça, às vezes, nem os próprios sentimentos, pois seu pensamento e ação estão dirigidos para seu foco que é “ganhar”, ou seja, sobreviver a qualquer custo. Neste lado não se cogitam questões que envolvam sentimentos e emoções: é puro instinto de sobrevivência.

Temos vários exemplos sobre este traço extremo da agressividade brutal na história da humanidade, como Hitler e, mais recentemente, o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush.
O lado positivo da Ira é a construtividade. É a energia dinâmica dirigida em prol de melhorar ou aperfeiçoar algo. É a capacidade de ser assertivo e construtivo frente a uma situação ou pessoa. Neste caso está presente o senso de consciência de quem se é e do que se quer, com seu real direito adquirido. Mais do que agressiva a pessoa é ativa e tem habilidade para a ação adequada dentro do que a situação pede para a manutenção positiva da mesma. Como, por exemplo, num relacionamento quando você atua ativamente dentro dos seus direitos sem invadir os direitos do outro, estará usando a capacidade agressiva de forma positiva, pois, ao se colocar na posição que é sua por direito o outro também estará na posição que é dele por direito e então, todos estarão em seus devidos lugares dentro da relação, promovendo, assim, um relacionamento equilibrado e harmônico.

Da mesma forma, o medo também tem dois lado: o negativo e o positivo.
O lado negativo extremo do Medo leva a pessoa a fugir ou se anular frente às pessoas ou situações. Fica totalmente passiva e inerte. Vitimiza-se!
Podemos usar o mesmo exemplo acima, sobre os direitos e deveres dentro de uma relação. Quando, por qualquer razão, você não se coloca, não se apresenta com sua individualidade, com o seu querer e seus direitos e deveres, haverá um desequilíbrio onde um fica com os direitos e o outro com os deveres. Um fica com tudo e outro com o nada. E aquele que fica com o nada sente-se um nada, vitimizando-se. Mas é importante perceber que aquele que se colocou como um nada está, na verdade, atuando sob o Medo e está será a conseqüência natural.

O lado positivo do medo é aquela “luzinha” que de vez em quando acende dentro de nós nos dando o alerta de “perigo” pelo caminho que estamos seguindo, levando-nos a recuar ou desviar estrategicamente do “perigo”.

Eu nem chamaria este lado positivo do medo de “medo”; eu diria que é viver consciente de que a vida está sempre nos apresentando situações que podem exigir que nos defendamos ou recuemos estrategicamente, pois não ter esta “luzinha” de alerta é como nos colocar numa posição de vulnerabilidade diante das situações e pessoas em nossa vida.

Por isto é tão importante a autoconsciência, pois teremos esta “luzinha” de alerta dentro de nós sempre em funcionamento e saberemos quando agir e quando recuar.
É importante saber que a vida é feita de momentos: momento de agir e momento de esperar; que a vida é feita de escolhas, sejam elas feitas de forma passiva ou ativa - o que também é uma escolha.

Como aquele brinquedo infantil, a gangorra, tem duas pontas – você e o outro (ou uma situação) – e um eixo. Aquele que está embaixo precisa agir, impulsionando-se para cima, e aquele que está em cima tem que esperar que aquele que está embaixo aja para que, no momento adequado, também possa agir e, assim, dinamizar a brincadeira. O eixo do brinquedo é o ponto onde há o equilíbrio para o subir e o descer, e ao mesmo tempo o dinamiza.

Nunca devemos nos esquecer que, como a gangorra, com seu sobe e desce, a vida é dinâmica, exigindo-nos comportamentos de atividade e passividade; também como na gangorra que tem um eixo mantendo a dinâmica da brincadeira no sobe e desce, nós também temos um eixo e esse eixo, na nossa própria vida, somos nós mesmos.
Esta é a dinâmica da vida: atividade e passividade. Comportamentos interdependentes presentes o tempo todo num ritmo continuo da própria vida, mas que tem um suporte: o nosso Eu.

Nós “herdamos” de nossos ancestrais a necessidade da sobrevivência, e é o desenvolvimento da autoconsciência que dará o equilíbrio necessário – centrados no nosso eixo – para não pendermos nem para a Ira destrutiva (ou autodestrutiva) nem para o Medo paralisante e sim, para que possamos usar, conscientemente, os pólos positivos da Ira e do Medo e desta forma estabelecer com a nossa própria vida uma “brincadeira” amorosa, harmoniosa e divertida.

por Maria Aparecida Diniz Bressani

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Sobre o autor
maria
Maria Aparecida Diniz Bressani é psicóloga e psicoterapeuta Junguiana,
especializada em atendimento individual de jovens e adultos,
em seu consultório em São Paulo.

Email: [email protected]
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