Menu

As alegrias da entrega

As alegrias da entrega
Publicado dia 6/30/2003 11:44:48 AM em Espiritualidade

Compartilhe

Facebook   E-mail   Whatsapp

Quando lanço os olhos da mente sobre o passado, a sucessão de fatos que marcaram minha biografia, e que, assim ou assado fizeram de mim a pessoa que sou no momento presente, não tenho dúvida alguma de que o aprendizado da entrega foi o mais difícil e também o mais precioso.

Render-se parece fácil, mas talvez seja uma das mais árduas provas que encontramos no caminho do autoconhecimento.

Se para os espíritos combativos, a atitude de rendição pode ser freqüentemente interpretada como derrota, a idéia de entregar-se costuma suscitar nas naturezas mais frágeis, estranhas dúvidas a respeito de sua capacidade de avaliação.

Raramente estamos dispostos a entregar o controle de nossas vidas na mão de outra pessoa, mesmo que ela seja, ou, muito menos se ela for, um ser invisível, ou sobrenatural.

Mas será que temos algum controle sobre nossas vidas? Somos senhores de nosso destino?

A resposta é sim, porque, como partes integrantes do universo e manifestações da divina consciência, conhecemos, desde sempre, o propósito de cada uma de nossas existências.

A resposta é não, porque, como toda consciência manifestada na matéria, não temos acesso a esse propósito, a menos que façamos dessa busca nosso máximo motivo de realização.

Esse é o paradoxo que nos paralisa quando nos defrontamos com a proposta que a divindade constantemente nos faz.

Quando iniciei o meu caminho de busca, eu me sentia bastante dona do meu nariz. A idéia de que eu era parte da divindade, senhora absoluta do meu próprio mundo, e, de que nele eu manifestaria aquelas virtudes e qualidades que eu considerava mais apropriadas, me parecia muito fácil de aceitar. Com base nessa idéia eu selecionei as atitudes e práticas com as quais eu tinha afinidade, nelas encontrando a satisfação e a proteção de que tanto precisava.

Tudo corria muito bem, até que o meu castelo começou a desmoronar. Acontecimentos dolorosos e pungentes viraram meu mundo pelo avesso, trazendo-me a sensação de que nem mesmo sentada no próprio colo de Deus eu estaria a salvo dos duros revezes da sorte.

Sem nenhuma perspectiva, e com muito desespero, travei uma longa batalha contra as contingências da dura realidade. E vi que não havia saída.

A coisa toda parecia muito maior que eu, e, de repente, tudo que me restava era constatar que eu era pequena demais, fraca demais, ignorante demais, inexperiente demais para me contrapor sozinha e vencer.

Como o Romeu de Shakespeare, eu me sentia um joguete nas mãos do destino.

Bem no meio dessa tormenta, depois de ter procurado a ajuda de todos os seres mortais que me cercavam e não tendo encontrado neles a força de que precisava, decidi parar de procurar ajuda fora de mim.

Percebi que só podia contar comigo mesma, e que esse ser que eu era, só tinha forças para viver um dia de cada vez.

A partir dessa tomada de decisão, o milagre começou a acontecer. Eu me levantava e dizia a mim mesma que iria tentar resolver apenas os problemas daquele dia, e dormia me sentindo grata a mim mesma e à divindade, por ter tido coragem de encarar os desafios que aquele dia me apresentara.

Com o tempo fui percebendo que eu não estava sozinha. A ajuda crucial, indispensável, chegada muitas vezes no último minuto, era prova incontestável de que, agora sim, eu estava sentada no colo de Deus.

Um Deus que se compraz em nos ver arregaçar as mangas e combater o bom combate, sem expectativa e sem temor.

Deixei de fazer planos, investir em poupança ou perguntar o que será do amanhã.

Descobri que os anos são feitos de meses, os meses feitos dias e os dias de horas. E que cada hora é um cântaro, que deve ser preenchido com o que temos de melhor.

Não o melhor que idealizamos ser num futuro que ainda não existe. Mas o melhor que somos em cada minuto presente, em cada aqui e agora de que a vida é feita, em cada pulsar.

Passei a aceitar o inesperado, ao invés de querer controlar tudo.
Notei que era melhor pedir desculpas do que justificar os erros.
Descobri que dizer “não sei” era muito mais divertido do que aparentar saber todas as coisas.

Viver um dia de cada vez exigiu de mim muito mais coragem do que planejar minha carreira, ou uma reforma em minha casa.

Preencher o cântaro de cada hora com o que há de melhor em mim, significa distinguir a cada minuto, em meio a uma tonelada de conceitos impostos, a simplicidade da lei, inscrita em meu coração.
Implica em responder a todas as perguntas com nada mais, nada menos, do que a verdade. Exige revestir essa verdade com toda a ternura do que sou capaz. Requer prontidão para conter um gesto agressivo, coragem para reconsiderar julgamentos, ousadia para transformar um esgar em sorriso, hesitação em confiança, gestos contidos em francos apertos de mão.

Quando nos concentramos em preencher o cântaro de cada hora com o que há de melhor, nosso futuro sobre a terra se restringe a essa única hora, sem que percamos a reconfortante perspectiva da eternidade.

Render-se à evidência de que a eternidade está contida inteira em um único pulsar de seu próprio coração, talvez seja a mais dura constatação de que um ser humano pode ser capaz.

Aceitar que não temos nenhum controle sobre nossas vidas justamente porque somos senhores de nosso destino, não é um paradoxo. È uma lei.

Como partes integrantes do universo e expressões individualizadas da divina consciência, conhecemos, desde sempre, o propósito de nossas existências, mas a partir do momento em que nos manifestamos na matéria, deixamos de ter acesso a esse propósito, sem que percamos a noção de seu valor.

Render-se é reconhecer a divina consciência em nós como única senhora de nosso destino. Entregar-se é confiar que seja qual for o propósito de nossas existências ele será cumprido.
Mesmo que a nossa colaboração consciente, seja, a cada hora, um cântaro totalmente vazio.


por Maria Guida

Consulte grátis
Mapa Astral   Tarot   horoscopo



Gostou?   Sim   Não  
starstarstarstarstar Avaliação: 5 | Votos: 1


Sobre o autor
guida
Maria Guida é
colaboradora do Site
desde 2002.

Email: [email protected]
Visite o Site do Autor



Siga-nos:
                 




publicidade










Receba o SomosTodosUM
em primeira mão!
 
 
Ao se cadastrar, você receberá sempre em primeira mão, o mais variado conteúdo de Autoconhecimento, Astrologia, Numerologia, Horóscopo, e muito mais...

As opiniões expressas no artigo são de responsabilidade do autor. O Site não se responsabiliza por quaisquer prestações de serviços de terceiros.


 


Siga-nos:
                 


© Copyright 2000-2024 SomosTodosUM - O SEU SITE DE AUTOCONHECIMENTO. Todos os direitos reservados. Política de Privacidade - Site Parceiro do UOL Universa