Podemos tomar o RELACIONAMENTO como um dos âmbitos em que o indivíduo
moderno pode desenvolver CONSCIÊNCIA de si mesmo, relativIzando sua personalidade,
suas idiossincrasias, suas peculiaridades funcionais; aprendendo a todo momento
com a natureza sempre criativa e inventiva do mundo, das situações,
do OUTRO vivido como NÃO-EU (ações do Inconsciente: ARQUÉTIPOS,
dentre eles a Sombra, impulsos, instintos não reconhecidos ou aceitos no
âmbito do Ego).
A base da Terapia de Polaridades é o retorno gradual a uma situação
de abertura para o novo, para o diferente, para O OUTRO que também vive
dentro de nós e que se encontra tanto REPRESENTADO no mundo objetivo, pelas
inúmeras formas que podem adquirir pessoas, situações e objetos,
quanto nos sonhos e manifestações inconscientes de modo geral. Ainda
mais quando consideramos que, com freqüência, estas constituem manifestações
de Polaridades Opostas àquelas com que NOS IDENTIFICAMOS (contra as quais,
via de regra nos antagonizamos, especialmente quando nos negamos a aceitar a existência
de uma SOMBRA PESSOAL). qualquer um de nós pode aprender mecanismos para
lidar com tais conflitos em seu âmbito de relacionamento, pois assim os
resultados são mais facilmente atingíveis do que se tentarmos lidar
com dimensões maiores de nossa existência (sociedade ampla, Estados,
Sistemas de crenças coletivizados). Não há um campo de visão,
de concepção ou de valor que não possa ser modificado e não
há adaptação que não se possa fazer. Todos temos a
flexibilidade necessária para introduzir em nossas visões, e concepções
de nós mesmos ou dos outros, as modificações que se façam
necessárias Pode ter ocorrido o fato de termos perdido esta flexibilidade
e adaptabilidade através dos anos de nosso "amadurecimento",
dos anos e anos em que nos reduzimos e nos enrijecemos, estreitando nosso universo
existencial, a um só tempo, para nos adaptarmos a uma "realidade"
já previamente compartimentada (como é a humana ) e, por outro lado,
para negociar com esta "realidade socialmente estabelecida" uma adaptação
(ou rendição) aos seus termos.
Neste combate e confronto de forças, quase sempre vence o ponto-de-vista
convencional, a visão coletiva. Com o tempo nos tornamos "seres robóticos",
estandardizados, previsíveis, conformados, repetitivos, cansamo-nos de
nós mesmos e também submetemos os outros às nossas próprias
e assumidas limitações e dificuldades de adaptação
a situações novas. Nossa vida perde o senso de aventura, perde o
viço, perde o elã de ser o que é: viva, vital, movimentada,
um contínuo aprendizado, um desenvolvimento e um crescimento.
Na prática, robôs só aprendem e dominam áreas especializadas
(e sempre as mesmas), não têm criatividade, espontaneidade, não
têm soltura ou elasticidade perante situações novas e se limitam
a cumprir uma programação aborrecida, repetitiva e mecânica.
Em algumas fases da vida muitos pessoas vivem, por assim dizer, "no automático"
Julgamos, a partir de nossas predisposições pessoais, que amamos
e odiamos, que acreditamos e desacreditamos, "sabemos" e "desconhecemos"...
Acreditamos que existe um Mal absoluto e um Bem igualmente absoluto, que existe
de NOSSO LADO a Verdade e do OUTRO LADO a Mentira e, assim, podemos dormir tranqüilos
pois tudo está em ordem (o caos está projetado e parece só
existir na figura dos OUTROS...). Alguns de nós lamentam, de modo ao mesmo
tempo irônico e trágico, por não ter conseguido obrigar o
Universo a submeter-se aos modos peculiares que GRUPOS ESPECÍFICOS DE SERES
HUMANOS criam para organizá-lo em concepções e crenças
"locais" (ou mesmo Deus, que teria então cometido inúmeros
erros na Criação). Este tipo de "esforço comunitário"
consome boa parte da vida útil de todos os envolvidos, contudo isso não
impede que, neste exato momento, inteiras coletividades se dediquem a rituais,
hábitos e sistemas de vida que são, AOS OLHOS das concepções
que nutrimos sobre ela, de todo inconcebíveis e inaceitáveis.
Estamos, hoje em dia, mais para uma briga e confronto entre os pequenos deuses
em que nos tornamos e a "Divina Providência". Esta é possivelmente
uma das maiores razões para o sofrimento humano de qualquer tipo, para
as neuroses, para a desarmonia, para as brigas e guerras entre pessoas, Estados
e sistemas.
A Terapia de Polaridades é uma forma de atacar de frente o problema de
nos tornarmos mais completos, mais flexíveis, mais abertos ao novo, ao
OUTRO, que é diferente de NÓS, ao DESCONHECIDO e à vida de
modo geral. Este propósito é atingido a partir de uma maior integração
do campo consciente ( ego - vigília ) com a dinâmica inconsciente.
O exercício deste vínculo constitui a CONSCIÊNCIA propriamente
dita. Esta dinâmica tem mais de um sentido ou direção: é
multifacetada, congregando símbolos e significados complexos. Nossa CONSCIÊNCIA
se desenvolve a partir do aumento da capacidade de interpretação
e de vivência de seus significados, aproximando estes dois reinos e criando
a possibilidade de uma integração.
Um dos objetivos do presente esforço é o de criar oportunidades
de percepção e de compreensão da ação dos PARES
DE OPOSTOS , assim como das POLARIDADES PSÍQUICAS, dando aos visitantes
do vidanova os elementos necessários à compreensão / explicação
da ação dos Arquétipos (e suas manifestações
práticas) tanto no âmbito introvertido das relações
com o próprio Inconsciente, quanto no âmbito extrovertido das relações
interpessoais mais significativas.
Veremos que nossa existência prática é basicamente o resultado
da complexa ação de um MECANISMO DE TROCAS com o OUTRO (o Inconsciente,
o Mundo exterior) e que esta dinâmica resulta em conseqüências
observáveis e compreensíveis em todo e qualquer âmbito de
nossas vidas.
por Luís Vasconcellos
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Sobre o autor
Luís Vasconcellos é Psicólogo e atende
em seu consultório em São Paulo.