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Dúvidas do cotidiano - Parte 2

Dúvidas do cotidiano - Parte 2
Publicado dia 7/8/2009 3:17:24 PM em Psicologia

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Costumamos ouvir que as pessoas mais estouradas e que reagem com violência quando são contrariadas são as de “gênio forte”, as de natureza mais firme e determinada. É fato que elas são as mais fortes?
Resposta: É curioso que pensemos dessa maneira, já que a verdade é exatamente o contrário: as pessoas que estouram por qualquer contrariedade são como as crianças pequenas que ainda não aprenderam a tolerar as contrariedades e frustrações que a vida forçosamente nos irá impor. Parecem aquelas crianças muito mimadas e superprotegidas que reagem com violência a tudo que as incomoda. Na realidade, elas são mesmo é fracas, pois não lidam bem com as dores. O forte é aquele que suporta os sofrimentos, especialmente aqueles que não podem ser evitados – não se trata, é claro, de ir atrás de sofrimento só para se sentir poderoso. A consequência mais grave desse engano é que não agimos de modo firme com as crianças mais intolerantes, de modo que não as ajudamos a crescer e a se tornarem adultos mais fortes. Assim, continuamos a gerar dois tipos de pessoas: os mais estourados – e que são os fracos – e os mais tolerantes e calmos – os que são mais fortes.

Porque é que a obesidade está aumentando tanto a ponto de se tornar o problema de saúde número 1 em certos países? Não dispomos de melhores informações a respeito do modo “certo” de comer? Isso não deveria ajudar as pessoas a manter o peso desejado? Afinal de contas, as dietas para emagrecer funcionam ou não?
Resposta: Tudo leva a crer que elas não funcionam, já que quase todas as pessoas que fazem dietas continuam gordas – isso quando não ficam cada vez mais pesadas. A preocupação exagerada, presente em nossa sociedade, relativa às formas do corpo tem levado um número crescente de pessoas a se preocupar muito com o que comem. O resultado disso é que cresceu demais o número de pessoas com distúrbios alimentares, especialmente bulimia – comer muito e depois provocar o vômito – e anorexia – criar um pavor de engordar a ponto de não conseguir comer nem o mínimo necessário. E mais, o número de obesos só tem crescido. É como se todos estivéssemos proibidos de nos alimentar de forma espontânea e natural. Aí existem dois problemas graves: tudo o que é proibido é mais desejado (não é assim também com o sexo?); além disso, nosso organismo “detesta” quando nos intrometemos em seu funcionamento natural: se pensarmos que temos que adormecer logo porque amanhã temos que acordar muito cedo, aí é que não dormimos; no que diz respeito à função sexual então... não adianta querermos mandar em nada. Se o mesmo raciocínio vale para o modo como nos alimentamos, só podemos concluir que as dietas para emagrecer engordam!

Como é que se explicam certos casamentos nos quais é mais que evidente a enorme diferença de valor entre os cônjuges? Como é que mulheres inteligentes, independentes e atraentes se casam como homens ignorantes, feios e pouco competentes para a vida prática? Como homens bem postos social e culturalmente se casam com mulheres que não têm nada a ver com eles?
Resposta: A questão é interessante e muito importante. A primeira observação a ser feita é de que é muito mais comum o casamento de homens cheios de virtudes com mulheres bastante mais simples do que eles, do que aqueles entre mulheres muito mais bem dotadas do que seus maridos. Em muitos casos, um dos fatores relevantes da escolha é de natureza sexual: mulheres atraentes podem ofuscar a lucidez e o bom senso de certos homens! Ainda assim, essa não costuma ser a única razão, já que a maioria dos casais convive intimamente antes do casamento, de modo a atenuar o peso do fator erótico na decisão. A impressão que tenho é que escolhemos nossos pares de acordo com a idéia que fazemos de nós, de acordo com nossa auto-estima. Assim, escolhas muito discrepantes indicam baixa auto-estima. Seria mais ou menos assim: diga-me com quem estás casado que te direi o juízo que fazes de ti! Esses casamentos tendem a ser tumultuados e não são gratificantes também para aqueles que, à primeira vista, foram beneficiados pela diferença. Eles vivem na corda bamba, com a sensação de que estão no posto por engano e que podem ser “demitidos” a qualquer momento; costumam ficar mais inseguros do que eram e se tornam muito ciumentos e controladores.

Sinto-me inseguro em inúmeras situações. Nunca tenho certeza absoluta de que estou agindo de modo adequado. Sinto-me ameaçado em muitos momentos do cotidiano, com medo de perder o emprego, de ser rejeitado pelos amigos, de não ser bem aceito em um ambiente novo, e assim por diante. Observo as pessoas e tenho a impressão de que a maior parte delas é tão mais segura e autoconfiante do que eu. O que posso fazer para me sentir como elas?
Resposta: A idéia que fazemos a respeito das outras pessoas, ao observá-las de fora, é que elas são muito mais firmes e determinadas do que nós. Elas nos parecem muito mais seguras, parecem não se abalar com os perigos da vida. Muitas pessoas se empenham em parecer dessa forma, de modo que nos sobra a sensação de que só nós temos insegurança. As pessoas acabam classificando aqueles que conhecem em seguros e inseguros, sendo que elas próprias são as rainhas da insegurança. A grande verdade é que, nesse particular, a vida intima das pessoas é bem mais parecida do que elas manifestam externamente. Assim sendo, só existem mesmo dois tipos humanos: os inseguros e os mentirosos! Como nos sentirmos seguros se vivemos sem nenhum tipo de garantia acerca de nosso futuro, sem sequer sabemos exatamente ao certo de onde viemos e para onde vamos? Nos dividimos, de fato, em duas categorias: aqueles que aceitam mais docilmente a insegurança da nossa condição – e não se empenham em esconder nada daquilo que estão sentindo – e os que, não aceitando as limitações que nos são próprias, gostam de passar por super-heróis e tratam de fingir e demonstrar um estado que não é o que sentem.Muitos casais que, quando jovens, viviam às turras, tendem a se dar melhor à medida que começam a envelhecer – depois dos 60, 65 anos de idade. O que isso significa? Será que, com o passar dos anos, conseguiram a evolução emocional necessária para tolerarem melhor as diferenças de modo de ser e de pensar? A idade traz consigo, forçosamente, um certo grau de crescimento interior?
Resposta: Bem que eu gostaria de acreditar que o passar dos anos corresponde a um santo remédio, capaz de trazer a sonhada serenidade e tolerância a frustrações, contrariedades e diferenças de opinião (As diferenças de opinião são grande fonte de irritação para as pessoas mais imaturas, especialmente quando acontecem entre marido e mulher). Talvez uma das razões para a melhora do relacionamento conjugal entre aqueles que vão envelhecendo se deva ao aumento da dependência recíproca; ou seja, cada um vai se sentindo mais ameaçado por doenças e dores de todo o tipo, de modo a poder necessitar da ajuda prática do cônjuge; nessas condições, não convém brigar por motivos fúteis! Penso que a principal razão para a melhora do relacionamento tem a ver com a diminuição da inveja, especialmente da inveja masculina: os homens admiram e valorizam muito as mulheres pela sua aparência física, isso em decorrência do desejo que elas lhes provocam. Porque as desejam mais do que se sentem desejados, se sentem por baixo, inferiorizados, irritados e invejosos. O machismo, ou seja, a tendência dos homens de depreciar e viver criticando as mulheres, deriva dessa inveja masculina, quase sempre inconsciente. À medida que os anos passam e as mulheres perdem o viço da mocidade, se tornam menos atraentes sexualmente e ao mesmo tempo menos invejadas. Como a inveja é a razão maior para a hostilidade gratuita, essa tende a diminuir e a qualidade do relacionamento tende a melhorar. As mulheres, por seu lado, talvez por se sentirem menos poderosas, também tendem a se tornar mais dóceis e dedicadas.


por Flávio Gikovate

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Sobre o autor
flavio
Flávio Gikovate é um eterno amigo e colaborador do STUM.
Foi médico psicoterapeuta, pioneiro da terapia sexual no Brasil.
Conheça o Instituto de Psicoterapia de São Paulo.
Faleceu em 13 de outubro de 2016, aos 73 anos em SP.
Email: [email protected]
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