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Pequena História da Astrologia - Parte 3

por Graziella Marraccini em Astrologia
Atualizado em 19/07/2000 11:31:16


Antes que fosse efetuada uma ruptura incisiva entre as diferentes disciplinas científicas, nos anos quinhentos e em parte dos anos seiscentos, o conceito de homem integral não era nenhuma exceção, mas era mesmo bastante freqüente. A matemática e a filosofia, a física e a medicina, a astronomia e a astrologia, eram ensinadas de forma estritamente integradas uma com a outra e muitos cientistas ostentavam conhecimentos igualmente profundos em todas estas ciências. Um matemático, por exemplo, podia possuir profundos conhecimentos na área medicas e conhecer astronomia e astrologia, utilizando então de toda a sua potencialidade em várias áreas científicas.

A astrologia precisou, mesmo neste período, levar em conta a evolução do pensamento religioso, filosófico e científico. No entanto, o sistema astronômico de Copérnico, que demostrava a estrutura heliocêntrica do universo, não prejudicou diretamente a astrologia, como afirmavam alguns. Já na época de Pitágoras, se falava do mundo como tendo ‘um fogo central’ e mesmo nos anos trezentos, Nicolas d’Oresme havia exposto sua teoria sobre o movimento diurno da terra.

Antes de mais nada, as constatações de Copérnico, e de Kepler mais tarde, provocaram dúvidas sobre aqueles que se dedicavam de forma séria aos estudos astrológicos. Porém, estas dúvidas já estavam sendo levantadas há mais de dois séculos, e nenhum astrólogo se sentiu coberto de ridículo porque precisaria modificar suas teorias, mudando o seu ponto de vista. Este era de fato uma simples mudança do ponto de observação, que não invalidava um método antes baseado nas Leis de Correspondência do que sobre a influência direta dos próprios astros.

No que diz respeito às reações provocadas sobre os seus contemporâneos pelas revelações de Copérnico e Kepler, elas não ocorreram na realidade de forma imediata, pois a Igreja impediu a sua imediata difusão e aceitação por mais de três séculos.

A substituição do sistema geocêntrico com aquele heliocêntrico mostraram que as novas concepções astronômicas não poderiam cancelar do espírito humano o nome da astrologia e reduzi-la a um mero exercício de logaritmos e trigonometria ou fórmulas algébricas, onde ela recairia num simples determinismo. O próprio Kepler em seu tratado "De harmonia mundi" (Da harmonia do universo) expõe idéias cosmológicas que acabaram ajudando a astrologia a conservar a sua estrutura de ciência e arte.

Por isso os astrólogos sérios, usavam amplamente seus conhecimentos astronômicos, de cálculos e fórmulas matemáticas, para erguer as cartas individuais. John Muller (chamado Regiomontano – 1436-1476), Varese da Rosate (que previu a morte do Papa Inocêncio VIII - 1492), Gerólamo Cardano (1501-1571) e Tichone de Brahe (1546-1601), e o próprio Galileo Galilei estudaram com precisão os princípios astronômicos para aplicá-los à astrologia. A astrologia sempre se desenvolveu como uma ciência destinada a oferecer ao homem as premissas e os meios indispensáveis à compreensão de todos os fenômenos de sua existência.

Podemos notar que, nestes séculos, nunca a astrologia foi questionada, mas era sim amplamente utilizada por papas, réis e homens de estado. As previsões astrológicas influenciavam as decisões e dominavam a imaginação das massas populares.

Entre os expoentes das novas teorias, devemos lembrar o colaborador intimo de Lutéro, Felipe Schwartzhherd ‘o Melatonte’ (1487-1560). Homem de ampla cultura, eclético no melhor sentido da palavra, Melatone não somente foi o legislador da "Reforma" (já que juntamente com Jácomo Liebhard ‘o Camerarius’ havia redigido o texto da ‘Confissão de Augusta’), mas sem dúvida o maior representante das nascentes ciências naturais que influenciaram profundamente as mentes de todos aqueles que abraçaram a causa de Lutero. (Mesmo se este último, privado de sensibilidade suficiente para apreciar o valor da tradição cosmológica e incapaz de manter uma linha coerente de conduta em relação àqueles que se esforçavam de conciliá-la com o espírito de suas idéias religiosas, não tenha conseguido assimilar as idéias de Melatone e parece mesmo ter sido um verdadeiro antípodo espiritual)

Na obra ‘Initia doctrinae physicae’, que contém as lições que ele ministrava na Universidade de Wittemberg, Melatone afirma que a vontade suprema do Criador que determina todas as coisas, se expressa no ser humano de duas formas: primeiramente na forma direta e com a intervenção das forças espirituais que agem sob a vontade direta de Deus; e secundariamente através das forças da natureza. Ele coloca os astros como sendo instrumentos de espécie inferior utilizados pelos anjos. Em resumo: a substância espiritual dos seres humanos está sujeita diretamente a Deus, e as forças da natureza, entre eles os astros, agem sobre os órgãos dos sentidos, determinando o temperamento e as inclinações e constituindo assim o complexo da própria existência humana, que Melatone chama de ‘fatum physicus’. Isto significa em outras palavras que os astros são fatores destinados a plasmar a qualidade da constituição corporal do homem composto pelos mesmos quatro elementos fundamentais que representam a parte integrante da natureza.

Este conceito é muito similar àquele de Tomás de Aquino, que admite que as forças da natureza, e portanto os influxos astrais, em algumas condições, têm um equivalente sobre a alma e sobre os pensamentos do homem, no sentido que favorecem as emoções, os estados psíquicos, etc. Ao fatum physicus se sobrepõe porém a ação da Divina Providência, que reina soberana sobre a existência espiritual do homem. Desta forma o ser humano pode exercer o que nós chamamos de ‘livre arbítrio’ através de sua unificação com Deus onde a individualidade e a personalidade funcionam em relação estreita com os princípios opostos que por esta misteriosa lei da vida tendem à se equilibrar.

Sob esta ótica, Melatone pode ser considerado irmão espiritual de Leonardo da Vinci, e seus discípulos ajudaram na evolução da teologia protestante, sempre incluindo em suas obras os tratados de astrologia e as concepções cosmológicas, baseadas nas Sagradas Escrituras.

Nesta época, na Itália, surge Giordano Bruno, 1548-1600, católico e na Alemanha, surge Jacom Bö hme (1575-1624), protestante. Ambos acreditam profundamente de não serem rebeldes contra a sua própria fé, mas o primeiro será acusado de heresia e perecerá na fogueira, e o outro será perseguido pelos pastores protestantes até a sua morte. Para esta afinidade de destino existe também uma afinidade de pensamento: na filosofia dos dois homens, mesmo se de forma distinta, a lei do universo e da existência humana era definida com a formula idêntica dos princípios opostos que se opõem continuamente mas que de forma implacável se completam. Ambos eram filhos de uma época que não conseguiu compreender nem um nem o outro, por causa da íntima contradição de pensamento que era uma característica dos anos quinhentos.

Lembremos que neste período surgiram várias sociedades secretas e filosóficas, ou mesmo sociedades ideais, como aquelas que expõe Campanella (1623) em sua "Cidade do Sol’, ou Giovanni Valentino Andrea em sua ‘Cristianópolis’ (1619). Isto aconteceu num século que já abria espaço ao mais completo determinismo.



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Graziella Marraccini é astróloga, taróloga, cabalista e estudiosa de ciências ocultas e dirige a Sirius Astrology. Conheça meus serviços on-line
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