A vaidade da própria sabedoria

Autor Rodolfo Fonseca
Assunto AutoconhecimentoAtualizado em 14/08/2025 08:10:29
O aumento do conhecimento traz lucidez. E a lucidez, por sua vez, nos obriga a olhar de frente para o absurdo, para o sofrimento e para os limites da existência. Quem sabe mais, sofre mais, não necessariamente porque a vida lhe agride mais, mas porque enxerga as dores que muitos ignoram.
O ignorante muitas vezes vive na bolha confortável da ilusão. Já o sábio, por mais que busque equilíbrio, não consegue se esconder da percepção de que tudo passa, de que o sucesso é volátil e de que até mesmo a busca por sentido pode ser... vaidade.
Esse paradoxo cruel de que até a busca pela sabedoria pode se tornar vaidade nos leva a pensar que quando o conhecimento serve apenas para se diferenciar dos outros, ou quando vira um pedestal para alimentar o próprio ego, ele perde sua essência.
O verdadeiro sábio não ostenta saber. Ele compreende, silenciosamente, que há mais valor em viver bem o presente, com responsabilidade e humildade, do que em acumular discursos ou fórmulas para a vida. Sua sabedoria se manifesta mais no silêncio das ações do que nas palavras.
No mundo atual, o sucesso costuma ser medido por dinheiro, prestígio, seguidores ou status... mas o sábio acredita que aquele que alcança o topo, mas perde sua humildade, torna-se refém da própria vaidade.
Por outro lado, é justamente quando alguém conquista sucesso que a virtude da humildade é verdadeiramente testada. Quando nada se tem, é fácil parecer humilde. O desafio real surge quando você tem tudo aquilo que o mundo considera valioso. É nesse embate que a virtude se revela ou se perde.
Se tudo é vaidade, então qual é o caminho? Eclesiastes 3:12-13 talvez possa responder: "Descobri que não há nada melhor para o homem do que se alegrar e fazer o bem enquanto vive. E também que todo homem coma, beba e desfrute do bem de todo o seu trabalho; isso é dom de Deus."
Olha eu citando a bíblia... ;-)
Ou seja, o sentido não está na busca desenfreada por respostas definitivas, nem na obsessão pelo controle ou pela segurança total. Está na simplicidade de viver, na beleza do cotidiano, no desfrutar moderado dos frutos do trabalho e na consciência humilde de que tudo passa.